Enfrentar um problema mecânico no carro pode dar um pouco de dor de cabeça para o motorista, principalmente quando isso se atrela com a falta de peças no mercado. O setor de manutenção de automóveis vem enfrentando dificuldades com a reposição. A situação, que atinge oficinas na Grande Vitória, se intensificou nos últimos meses. O cenário complicado é por conta da pandemia do novo coronavírus, que tem provocado a falta de insumos de diversos produtos.
Fábio Tessarolo Ribeiro é proprietário da oficina Renova, localizada em Jardim Limoeiro, na Serra, e está no mercado de reparação automotiva desde 1985. Ele revela que seu estabelecimento está enfrentando a pior crise de falta de peças em todos esses anos.
“O mercado de reposição de peças genuínas sempre foi problemático no Estado. Essas peças somente são fornecidas pelas concessionárias das montadoras e existe praticamente uma concessionária de cada marca. Ou seja, o mercado de reposição de peças originais, aquelas que são as mesmas aplicadas nos veículos no momento de sua fabricação e homologadas pelas montadoras, sofre uma falta acentuada de todos componentes de reposição em manutenção ou nos reparos por colisão”, diz.
Atualmente, quando uma determinada peça não está disponível no mercado local, a média de tempo para reposição fica em torno de 10 dias úteis, porém, em alguns casos, pode demorar ainda mais, de acordo com Tessarolo. “Falta de tudo, desde uma simples pastilha de freio a um sensor específico. Além de falta de opções de fornecedores em nosso Estado”, destaca.
Ricardo Barbosa, proprietário da oficina Beira-Mar, localizada em Bento Ferreira, em Vitória, segue com as mesmas dificuldades. Segundo ele, quando não é possível encontrar determinadas peças, e dependendo da marca, a espera pode passar de 10 dias para 30 dias, até a chegada do produto.
Rodrigo Rolim Rocon, sócio-proprietário da Refast Serviço Automotivos, conta que a oficina é especializada em veículos premium e faz, em média, 100 atendimentos por mês entre funilaria e pintura. De acordo com ele, no setor de peças para carros importados, é preciso fazer os pedidos nos países de origem dos veículos. Essa circunstância impacta na espera, que pode se estender em até três meses para a entrega dos produtos.
“Muitas fornecedoras alegam escassez de matéria-prima para fabricação das peças e dificuldades com a logística. As revendas não estão fazendo estoque de peças”, ressalta.
De acordo com o diretor-presidente do Procon-ES, Rogério Athayde, os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto, segundo o artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).
O artigo 18 do CDC determina, ainda, o prazo de até 30 dias para reparo do produto com vício de qualidade. Se o produto não for reparado, dentro do prazo estabelecido, o consumidor deverá recorrer ao Procon ou ao Juizado Especial Cível para registrar a reclamação.
O artigo 18 do CDC também prevê que a empresa que presta o serviço de assistência técnica responde solidariamente com o fabricante pelos vícios de qualidade dos produtos e serviços e pode ser punida caso o cliente seja desamparado.
Segundo Ricardo Barbosa, quando faltam peças para o conserto, uma saída tem sido fazer buscas na internet. De acordo com ele, pode-se encontrar produtos disponíveis em diferentes lojas especializadas em peças e acessórios para veículos, o que contribui com clientes que têm urgência na recuperação do carro.
As peças disponíveis nesses sites geralmente são usadas. “Hoje, existem muitos desmanches legalizados pelo Detran e pela Polícia Civil. Essas peças vêm de carros que, por conta de acidentes, tiveram perda total do veículo. Como a seguradora não conserta automóveis nessas condições, vendem as peças que podem ser aproveitadas por um preço mais em conta", explica Barbosa.
Mas antes de adquirir essas peças pela internet, Barbosa destaca que sempre pede a permissão e a aprovação do cliente. “É preciso orientar e pedir permissão para fazer essa compra. O cliente precisa saber as condições de uso da peça. Tendo o acordo do cliente, é uma maneira de fazer o trabalho quando há falta de peças novas no mercado. A empresa indica e a garantia da peça fica por conta do cliente, já que é possível as peças apresentarem defeitos, principalmente quando se trata de algo eletrônico", finaliza Barbosa.
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