Criado em 2016 para ser o carro de entrada da Fiat e voltado para um público jovem e interessado em uma compra racional, o Mobi surgiu como uma resposta direta ao Up e seguiu o caminho de subcompacto da Volkswagen, imitando até a extravagante tampa de vidro do porta-malas existente na versão europeia do concorrente.
Atualmente, o carrinho fabricado em Betim (MG) tem apenas duas variantes, com a mais interessante “vestida” com ares aventureiros para aparentar que pode enfrentar um mínimo de terreno off-road. Se não é de fato adequada para transpor trilhas inóspitas, a versão Trekking mostrou eficiência para embalar as vendas do Mobi no mercado brasileiro.
No ano passado, o subcompacto ficou na quarta posição e em primeiro na Fiat entre os carros de passeio, com 72.756 unidades emplacadas de janeiro a dezembro, atrás, no geral, da companheira de fábrica, a picape compacta Strada (112.456). Já no primeiro trimestre de 2023, o Mobi vendeu 14.666 exemplares – foi ultrapassado pelo “irmão” hatch compacto Argo (14.988) e pela a própria Strada (23.772).
O Mobi não teve mudanças na linha 2023, que chegou às concessionárias em março do ano passado. Com o preço reajustado em fevereiro deste ano, na sua versão mais básica, a Like, passou de R$ 67.490 para R$ 68.990 (no Estado de São Paulo, onde as tributações são mais elevadas, parte de R$ 70.850), enquanto sua variante disfarçada de off-road, a Trekking, subiu de R$ 70.990 para R$ 72.290 (R$ 74.240 em SP).
O posto de carro mais barato do Brasil é do Renault Kwid Zen, que sai por R$ 66.590. O preço inicial do Mobi Trekking corresponde à carroceria em Preto Vulcano.
Nas sólidas Branco Banchisa e Vermelho Montecarlo (a do modelo testado e também a mais chamativa da versão), o valor aumenta em R$ 870. Na perolizada Cinza Strato, sobe em R$ 1.225. Já na metálica Cinza Silverstone, o preço cresce em R$ 1.790. Com exceção da cor Preto Vulcano, nas quatro outras, o carro tem teto preto. Como opcionais no Pack Safety – a R$ 715 –, estão disponíveis para as duas variantes do Mobi os controles de estabilidade e de tração e o assistente de partida em rampa.
O Mobi tem 3,56 metros de comprimento, 1,66 metro de largura, 1,55 metro de altura, 2,30 metros de distância de entre-eixos e pesa apenas 969 quilos, sendo um dos modelos mais leves do mercado brasileiro. Mais “peso pluma”, só o Kwid Zen, com somente 818 quilos.
O subcompacto não teve alterações estilísticas que se percebam nitidamente nos seus quase sete anos de estrada. Contudo, especialmente na configuração Trekking, o “carrinho” da Fiat se mantém razoavelmente atual. A frente traz faróis protuberantes que se ligam à grade em preto brilhante e sua inusitada tampa do porta-malas de vidro preto tornou-se um “cartão de visitas” do modelo.
A versão Trekking do Mobi tem como principais atrações os adereços off-road, como rack de teto e desenhos em preto com detalhes laranja no capô e nas laterais. O pacote Style opcional, por R$ 2.245, permite acrescentar itens como rodas de liga leve de 14 polegadas e retrovisores externos com ajuste elétrico, função “tilt down” (abaixa o espelho da direita para auxiliar nas manobras de estacionamento quando a marcha a ré é engatada) e luzes de seta.
Dentro, a versão aventureira tem volante multifuncional, console de teto com porta-objetos e central multimídia UConnect com tela “touchscreen” de 7 polegadas com espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio, podendo parear até dois smartphones ao mesmo tempo.
Sob o capô, o Mobi Trekking traz um velho conhecido, o motor aspirado 1.0 Fire Evo bicombustível com 74 cavalos de potência abastecido com etanol a 6.250 rotações por minuto e 9,7 kgfm de torque a 3.850 giros, associado ao câmbio manual de 5 marchas.
Não existe qualquer mudança no mapeamento do propulsor para a configuração Trekking em relação à Like, de entrada. De acordo com a Fiat, o subcompacto acelera de zero a 100 km/h em 13,8 segundos e pode chegar a 152 km/h com etanol. Em termos de consumo, o Inmetro aponta 13 km/l com gasolina e de 8,9 km/l com etanol na cidade e 14,1 km/l e de 10,1 km/l na estrada, respectivamente, garantindo a nota A no instituto de aferição.
O que sobra em imaginação e recursos visuais no exterior do Fiat Mobi Trekking, falta dentro da cabine. É um festival de plásticos duros por toda a parte. Como é de se esperar em um subcompacto, o espaço é bastante limitado, tanto na frente mas principalmente para o pessoal de trás. Os passageiros da frente até podem ficar confortáveis se recuarem seus assentos por completo – o que torna a situação ainda mais crítica no banco traseiro.
O compartimento de carga segue o padrão restrito: com apenas 215 litros, não dá ao seu dono nem a chance de ampliação com rebatimento parcial do encosto traseiro – o banco de trás do Mobi não é bipartido. O diminuto espaço interior do Mobi Trekking traz ao menos uma compensação: o ar-condicionado refresca rapidamente o ambiente.
Entre os destaques positivos da versão aventureira do subcompacto da Fiat está a central multimídia UConnect. Com tela tátil de 7 polegadas é a mesma das picapes Toro e Strada. A interatividade do usuário com o veículo é aprimorada por meio das funções de navegação via Waze e Google Maps, streaming com MP3, reconhecimento de voz (Siri/Google Voice), leitura e resposta de mensagem para SMS e WhatsApp e integração com calendário.
Se o Mobi Trekking não chega a animar o motorista em termos de desempenho pelo veterano motor aspirado 1.0 Fire Evo Flex, de 74 cavalos e 9,7 kgfm com etanol no tanque, o subcompacto se comporta admiravelmente no conturbado trânsito das grandes cidades, com uma agilidade digna de nota facilitada pela boa direção hidráulica.
Por ser tão pequeno, o carro não sente a ausência de uma assistência elétrica na direção.
Apesar de ser manual, o câmbio de cinco marchas não tira a paciência nem cansa o motorista, pois tem engates macios e precisos. Os menos de mil quilos do Mobi compensam a falta de potência, com o veículo ganhando o ritmo de cruzeiro na estrada com facilidade, especialmente se estiverem a bordo apenas o motorista e seu acompanhante.
O Mobi tem um bom comportamento suspensivo e é ágil nas manobras evasivas na cidade e na estrada, com pouquíssimo rolamento da carroceria. Esse quesito nem poderia ser diferente, pelo fato de o carro ter tão pouca área para “rolar”.
A suspensão na versão Trekking é levemente endurecida em comparação à versão de entrada, para tentar conferir um comportamento mais arisco na versão aventureira. Mas isso é perceptível apenas para um motorista bem atento.
Todavia, se a intenção do proprietário do Mobi Trekking – talvez entusiasmado com seu jeito de “off-road urbano” – for encarar trilhas ou mesmo estradas de chão batido, é melhor esquecer a ideia e buscar uma rota mais bem pavimentada. O subcompacto da Fiat, mesmo na versão com estilo lameiro, nasceu para rodar no asfalto.
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