Em sua 14ª geração, a Ford F-150 é a picape mais vendida do mercado norte-americano há 47 anos e, nos últimos 42, lidera também o ranking geral de vendas de veículos automotivos nos Estados Unidos. Em maio do ano passado, a picape grande foi lançada no Brasil e, há três meses, entrou em pré-venda a versão atualizada, apresentada em junho no mercado norte-americano.
A atualização chega agora às concessionárias e traz aprimoramentos no design, na tecnologia e nos equipamentos. Focado no topo da pirâmide do agronegócio brasileiro, o modelo passou a ser oferecido nas configurações Lariat e Lariat Black, ambas pelo preço de R$ 519.990 – o mesmo cobrado no modelo anterior Platinum.
A Lariat, de perfil mais clássico, vem com acabamentos externos cromados. Já a Lariat Black, como o nome indica, traz as mesmas peças em preto brilhante, com um apelo mais aventureiro. Ambas são topo de linha, com motor V8 e completas, diferenciadas somente no estilo de acabamento. Importada dos Estados Unidos, a F-150 passa a oferecer cinco anos de garantia, sem limite de quilometragem – antes, eram três anos.
Nas duas versões, a F-150 preservou as medidas: 5,88 metros de comprimento – 53 centímetros a mais que a Ranger –, 2,09 metros de largura (2,43 metros com os espelhos), 1,96 metro de altura e 3,69 metros de entre-eixos, com 23,8 centímetros de vão livre em relação ao solo. A caçamba tem 1,70 metro de comprimento e 1,52 metro de largura, com 53 centímetros de profundidade – permite levar até 1.370 litros e 681 quilos.
A nova frente traz faróis com luzes de assinatura em formato de “F” (de Ford) estilizado. A grade com duas barras horizontais tem acabamento cromado na Lariat e em preto brilhante na Lariat Black, um padrão que se repete nos retrovisores, nas maçanetas e nas novas rodas de 20 polegadas. Já os para-choques são cromados na Lariat e na cor da carroceria na Black.
A F-150 é o primeiro modelo a exibir o novo logotipo da Ford, com friso e letras brancas em vez do tradicional cromado. O emblema, aplicado na grade dianteira, tem fundo azul na Lariat e em preto na Black. As novas lanternas seguem o grafismo dos faróis. Outra novidade é a tampa da caçamba Pro Access, que pode ser aberta tanto da forma tradicional quanto lateralmente.
Com um novo degrau embutido no para-choque, ela torna o acesso ao compartimento de carga mais simplificado. A nova F-150 está disponível em seis cores: Vermelho Zadar, Cinza Torres, Cinza Avalanche, Preto Vesúvio, Branco Nur e Azul Mônaco.
Não houve mudanças no “powertrain” – que é o mesmo do cupê Mustang. O motor Coyote 5,0 litros V8 a gasolina, com 405 cavalos e torque de 56,7 kgfm, é sempre associado a uma transmissão automática de 10 marchas com opção de trocas manuais. Segundo a Ford, a F-150 acelera de zero a 100 km/h em 7,1 segundos.
O sistema start-stop desliga o motor nas paradas durante o trânsito e religa automaticamente quando o motorista solta o freio. O modelo oferece trações 4x2, 4x4 Low, 4x4 High e 4x4 automática. São sete modos de condução (“Normal”, “Eco”, “Esportivo”, “Escorregadio”, “Lama/Terra”, “Rocha/Avanço Lento” e “Rebocar/Transportar”).
Com suspensão independente “double wishbone” na dianteira e eixo rígido com feixes de molas na traseira, a F-150 traz de série o pacote off-road FX4, composto por protetores metálicos, suspensão com tunagem especial para fora-de-estrada e tanque estendido de 136 litros para uma autonomia de mais de mil quilômetros.
O engate de reboque, com capacidade de 3.492 quilos, já vem com preparação elétrica, controle de freio e de oscilação e o assistente de reboque Pro Trailer. A nova F-150 pode ser personalizada com uma linha de acessórios originais, composta por itens como santantônio, capota elétrica e de lona, spoiler da cabine, barraca de camping, caixas organizadoras, suporte para bicicletas e adesivos.
A segurança da picape é reforçada pelos oito airbags – frontais, laterais, de cortina e de joelhos para motorista e carona –, piloto automático adaptativo com stop&go, assistente de manutenção e centralização de faixa, assistentes autônomo de frenagem com detecção de pedestres, de manobras evasivas, de descida e de cruzamentos, monitoramento de ponto cego com cobertura de reboque, câmera traseira com detecção de objetos e farol alto automático.
Itatiba/SP - Mais do que gerar faturamento, a F-150 é um produto estratégico na trajetória de resgate da imagem da Ford no Brasil, abalada pela decisão de fechar suas fábricas no país, no início de 2021.
De lá para cá, a marca passou a atender ao mercado brasileiro com a importação de produtos de maior valor agregado, decisão que ajudou a recuperar uma lucratividade inexistente nos tempos em que fabricava os compactos Ka e EcoSport em Camaçari, na Bahia. E a aposta – literalmente – mais vistosa da Ford foi no apetitoso segmento de picapes “full size”.
O teste com a nova F-150 partiu da sede da Ford na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, com destino final na Fazenda Dona Carolina, na cidade de Itatiba, em um percurso com cerca de 150 quilômetros. Circulando entre os entre compactos predominantes nas grandes cidades brasileiras, a F-150 parece um tanto hiperdimensionada.
Os ângulos necessários para se fazer as curvas têm de ser recalculados em meio aos engarrafamentos cotidianos. Achar uma vaga requer paciência, mas o sistema de câmeras e sensores de estacionamento ajudam. Com o auxílio da eletrônica, a “picapona” se revela amigável – e o fato de os outros carros tenderem a abrir espaço para um veículo do porte da F-150 também ajuda a tornar a convivência mais amistosa.
Na estrada, a F-150 fica bem mais à vontade. As respostas do conjunto motor/câmbio são tão elegantes e o nível de trepidação é tão baixo que nem parecem ser de uma picape. Nas ultrapassagens, a potência de 405 cavalos e o torque de 56,7 kgfm mostram a que vieram – basta pisar para V8 da F-150 acelerar de forma quase lépida, apesar dos 2.517 quilos da picape.
Conforme a Ford, a F-150 faz de zero a 100 km/h em 7,1 segundos. O ronco grave do motor V8 reforça a vontade de acelerar. O câmbio permite trocas manuais por botões na alavanca – não há “paddles shifters” no volante, que tornariam a tarefa mais lúdica. Mesmo com a caçamba vazia, a picape se comporta com agilidade e muita estabilidade nos trechos sinuosos.
Além dos modos de condução mais funcionais no asfalto – “Normal”, “Eco”, “Esportivo” e “Escorregadio” – e dos vários sistemas de assistência ao motorista (ADAS), a segurança é reforçada pelos controles de rolagem, de estabilidade, de tração e de descida.
Os freios respondem sempre com eficiência – algo fundamental em um modelo tão forte e pesado. Contudo, apesar das tecnologias, é sempre recomendável reservar um espaço adicional para as frenagens.
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