Mesmo com o abrandamento da pandemia, o setor automotivo brasileiro continuou sofrendo com os reflexos da crise econômica durante o ano de 2022. O levantamento anual da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgado nesta sexta-feira (6), apontou que a categoria fechou o ano com uma ligeira queda em novembro e dezembro, mas com um acumulado de 2,37 milhões de carros produzidos, representando um aumento de 5,4% sobre 2021, o que indica uma melhora na cadeia de abastecimento.
Já para 2023, a expectativa é de aumento de 2,2% na produção de autoveículos, com 2,42 milhões de unidades. Em relação às vendas, o crescimento previsto é de 3%, com emplacamento de 2,16 milhões de carros.
O presidente da associação, Márcio de Lima Leite, que conduziu o encontro, afirmou na primeira coletiva de imprensa do ano que, "depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida nos mercados interno e externo".
Mantendo a tradição, dezembro foi o mês de maior volume de vendas no ano, com 216,9 mil unidades licenciadas, superando em 4,8% no mesmo período do ano passado. Já o acumulado de 2022 chegou a 2,1 milhões de unidades, apenas 0,7% abaixo do total de 2021, confirmando o quadro de estabilidade, o que já era previsto pela Anfavea desde a metade do ano.
“Esse número poderia ser maior se não tivéssemos perdido 250 mil veículos pela questão dos semicondutores”, analisou o presidente. Ele destacou também que o próximo ano será marcado por mudanças estruturais, naturalmente causadas pela mudança de gestão dos governos federal e estaduais.
Além disso, foi mencionado na coletiva que a Anfavea está dialogando com o poder público sobre a agenda prioritária, que será colocada em ação em 2023. O plano prevê, entre outros pontos, a reindustrialização e fortalecimento da cadeia de suprimentos; a descarbonização por meio da eletrificação e o incentivo do consumo de biocombustíveis e de gás; renovação da frota e inspeção técnica veicular; investimento em mobilidade e infraestrutura; e, o mais importante para o presidente, a previsibilidade do mercado para investimentos.
A entidade também justificou a expectativa de aumento de 2,2% na produção de autoveículos e o crescimento é de 3% nas vendas. “O primeiro trimestre [de 2022] foi muito ruim para o nosso mercado. Nós não acreditamos que vamos ter um grande crescimento em relação ao que foi ao segundo semestre, mas é natural que o setor recupere, pelo menos, uma normalidade, o que a gente não teve ano passado”, explica o dirigente.
Espera-se também uma alta de 4,2% para automóveis e comerciais leves e queda de 20,4% para caminhões e ônibus. A associação prevê que o segmento de pesados será impactado pela mudança da regra de emissões para o Proconve P8, o Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores, que deve provocar um inevitável reajuste de preços.
Automóveis e ônibus tiveram melhor desempenho que no ano anterior, mas a queda para caminhões e comerciais leves derrubou o resultado geral. Para 2023, a entidade projeta vendas de 2,17 milhões de autoveículos, uma alta de 3% sobre 2021. Mais uma vez, os leves deverão puxar o número, com elevação estimada em 4,1%, contra queda de 11,1% dos veículos pesados.
Nas exportações, os números apontaram um aumento de 22%. Contando apenas os autoveículos, 480,9 mil unidades foram exportadas no ano, representando um crescimento de 27,8% sobre 2021.
O desempenho não deixa de ser surpreendente, dadas as restrições de comércio exterior impostas pela Argentina em crise, maior parceira comercial do Brasil. Em contrapartida, o sensível crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiu um bom resultado no ano.
Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUVs, caminhões e ônibus. Para 2023, a expectativa é de leve queda de 2,9%, ainda puxada pela Argentina. A Anfavea estima exportação total de 467 mil unidades.
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