Mesmo com um recuo da pandemia, os impactos sofridos pelo mercado automotivo ainda continuam afetando o segmento, sendo um dos principais a falta de semicondutores para normalizar a produção de veículos, não apenas no Brasil. Com alguns modelos saindo de linha e outros com fila de até um ano de espera, o setor aguarda um alívio com a abertura de 29 novas indústrias de produção de semicondutores pelo mundo, ainda este ano.
A perspectiva animadora foi divulgada pelo novo presidente eleito da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, durante coletiva que aconteceu de forma virtual, nesta terça-feira (10).
“O alívio virá com as fábricas de semicondutores, já que isso dará um fôlego para a produção. A capacidade de produção hoje é um gargalo, mas temos boas perspectivas para o próximo semestre”, diz.
O gargalo é tão grande que a própria indústria não consegue fazer uma projeção de como anda o volume de vendas.
“Neste momento, o impacto não é tão grande, porque a capacidade de produção é um entrave. Talvez, se tivéssemos uma produção plena, poderíamos medir de forma mais certa com relação ao crédito e à queda de renda do brasileiro. Mas o que podemos ver é um envelhecimento da frota e uma mudança no perfil, com o crescimento das vendas dos SUVs”, avalia.
Uma das consequências imediatas dessa atual situação foi o adiamento, para 2023, do evento São Paulo Motor Experience que aconteceria em agosto deste ano. O evento vem substituir o Salão do Automóvel, trazendo um novo formato, mais dinâmico e mais voltado para o consumidor final.
“Apostamos muito nesse evento, que é muito rico, mas agora, as montadoras têm um foco na produção e, por isso, resolvemos adiar o São Paulo Motor Experience”, conta.
O setor registrou aumento de vendas de 0,4% em abril com relação ao mês anterior: foram 185 mil unidades comercializadas. A média diária também teve uma boa reação, com 7.750 unidades vendidas por dia em abril (a melhor desde dezembro, segundo a entidade), contra as 6.991 unidades/dia de março.
No total, 147,2 mil unidades foram licenciadas em abril, uma alta de 0,3% sobre março e baixa de 15,9% em relação ao mesmo período em 2021. Já na comparação dos quatro primeiros meses do ano, este ano registrou uma queda de 21,4%. Segundo a Anfavea, o cenário tem como responsável a restrição de oferta por conta de semicondutores, algo que não havia acontecido ainda no ano passado, no mesmo período.
Os números mais animadores para a indústria são os de exportações, que já acumulam alta de 17,9% sobre o primeiro trimestre de 2021, com um total de 153 mil unidades embarcadas ao exterior. Foram 44,8 mil em abril, crescimento de 15,2% sobre março e de 32,3% sobre abril do ano anterior. Trata-se do melhor resultado para o quadrimestre desde 2018.
Entre os principais mercados estão o da Argentina, que apesar de estar em recuperação, já é um parceiro tradicional e a Colômbia, que demonstra ser um mercado muito importante para a realidade brasileira, segundo o presidente da Anfavea. Além disso, o Chile também se destaca, que mesmo tendo uma participação expressiva de outros fornecedores de fora da América Latina, começa a despontar como o principal mercado na região em termos de volume.
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