Enquanto a maior parte da indústria automotiva brasileira reclama da falta global de semicondutores e outros componentes que atrapalha a produção, os executivos da Jeep não conseguem tirar o sorriso do rosto. A marca norte-americana terminou o primeiro semestre de 2021 com o Renegade na liderança dos utilitários esportivos compactos (40.610 emplacamentos e quinto modelo mais vendido do país) e o Compass na frente entre os médios (32.559 unidades e décimo modelo mais vendido).
“Alvo” de alguns dos principais lançamentos do ano – Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross –, o Compass teve sua linha 2022 apresentada em maio. A principal novidade foi o motor T270, que entrega os maiores torque e potência entre os propulsores flex produzidos no Brasil.
Compartilhado com a linha 2022 da picape Fiat Toro, o motor 1.3 turbo GSE (sigla para Global Small Engine) bicombustível trabalha acoplado a um câmbio automático de 6 velocidades e é oferecido nas versões Sport (a partir de R$ 143.490), Longitude (R$ 158.990), Limited (R$ 176.990) e Série S (R$ 198.990).
A intermediária Longitude é estratégica na missão de equilibrar preço competitivo com uma oferta atraente de equipamentos. Mais baratas que as versões turbodiesel com tração 4x4, que preservam o motor TD350 com 170 cavalos de potência e 35,5 kgfm de torque, as configurações com motor flex são responsáveis por “puxar” as vendas do Compass.
Com bloco de alumínio e injeção direta de combustível, o novo propulsor representa a terceira geração do MultiAir. Quando abastecido com etanol, gera potência de 185 cavalos a 5.750 rotações por minuto e torque de 270 Nm (que dá nome do motor) ou 27,5 kgfm a 1.750 giros. Segundo a Jeep – que desde o início do ano foi incorporada ao grupo Stellantis, junto com Fiat e Ram (ex-parceiras da FCA), Peugeot e Citroën (vindas da PSA) –, o T270 tem o controle das válvulas ainda mais flexível para oferecer baixo consumo de combustível e reduzido nível de emissões de poluentes.
Contudo, as novidades do Compass 2022 não se restringiram ao motor. A linha também incorporou discretas atualizações na estética. Por fora, ganhou um novo para-choque dianteiro, a entrada de ar recebeu um acabamento preto, novas rodas para todas as versões (18 polegadas na Longitude), lanternas, pintura das partes plásticas, faróis full-led com assinatura em leds e auxiliares de neblina com a mesma tecnologia. De resto, o modelo preserva o design que combina elementos clássicos e modernos.
Na frente, a indefectível grade de sete fendas é ladeada pelos faróis com leds. Já na traseira, as lanternas horizontais, também com leds, tiveram o arranjo interno revisto, mas continuam a invadir a tampa do porta-malas.
Por dentro, foram reestilizados o volante, os painéis de portas, o console central, o painel de instrumentos e os porta-objetos. Porém, o maior destaque interno da linha 2022 é a nova central multimídia com tela de 10,1 polegadas Full-HD com estilo flutuante e os serviços conectados da plataforma Adventure Intelligence, presente em praticamente todas as versões – com exceção da Sport, de entrada. Tem navegação embarcada de série e espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay. Na versão Longitude, o quadro de instrumentos tem 7 polegadas e os retrovisores, rebatimento elétrico.
Outras novidades do Compass 2022 são as assistências à direção, como o controle de velocidade adaptativo, os alertas de colisão com frenagem automática e de mudança de faixa, o Park Assist e o farol alto automático. Além das obrigatórias bolsas de ar frontais para motorista e passageiro, o Compass 2022 traz airbags laterais e de cortina – as versões Limited, Trailhawk e Série S adicionam um para os joelhos do motorista.
Disponível para todas as configurações Turbo Flex da linha 2022 do Compass, o Jeep Traction Control + aplica força de frenagem na roda que está escorregando e transfere, pelo diferencial, a tração para outra roda em contato com o piso. Para habilitar a função, basta pressionar a tecla “Asr Off”.
O Compass Longitude T270 parte de R$ 158.990 em quase todo o Brasil – nos Estados de São Paulo e Paraíba, a diferenciação tributária eleva a conta em cerca de 3%. Mas o preço inicial vale somente para a cor Verde Recon. As metálicas Prata Billet, Cinza Granite, Preto Carbon e Azul Jazz encarecem o modelo em R$ 1.900 e a perolizada Branco Polar eleva a conta em R$ 2.400.
O banco de couro Steelgray (R$ 1.600) é o único opcional da versão, entretanto, a lista de acessórios de personalização é ampla e inclui barras transversais de teto, tapetes para porta-malas e assoalho, para-barro traseiro e dianteiro, organizador de cargas no porta-malas e suporte para bicicletas. Quem gosta (e se dispõe a pagar) pode deixar o preço final do modelo próximo dos R$ 200 mil.
O Jeep Compass Longitude T270 proporciona conforto e espaço decente para motorista e quatro passageiros – o espaço atrás é bom para as pernas, mas a largura não recomenda acomodar três adultos. O motorista tem regulagens no banco e de altura e profundidade do volante, que facilitam achar uma boa posição para dirigir.
Em termos de estilo, a cabine do Compass segue o padrão da marca, com uma interessante combinação de rusticidade e requinte. Os característicos detalhes irreverentes de design que tradicionalmente ficam “escondidos” nos modelos da Jeep – os chamados “easter eggs” – são simpáticos e sempre divertem a quem os encontra. A área envidraçada é generosa e amplia a sensação de espaço no habitáculo.
O ar-condicionado é de duas zonas e há tomadas USB-A e USB-C na parte frontal. Quem viaja atrás dispõem de tomadas USB/12V e saída de ar. Equipamentos como chave presencial, tampa traseira elétrica, alerta de obstáculos dianteiros e traseiros, assistente de saída em ladeiras (Hill Holder), alertas de tráfego cruzado e freio de estacionamento eletrônico ajudam a tornar a vida mais confortável.
E o multimídia de 10,1 polegadas fica bem posicionado e tem uso bastante intuitivo, facilitando o acesso às informações. O Compass tem fartura de porta-objetos – incluindo um quase “secreto”, oculto sob o assento do carona. Tão discreto que até alguns proprietários do modelo desconhecem.
Com o motor 1.3 turbo bicombustível T270, o Compass Longitude oferece um rodar que se aproxima mais dos carros de passeio – o novo propulsor trepida menos e é mais silencioso em relação ao antigo. Ao contrário das configurações a diesel e com tração 4x4, que se prestam à utilização off-road inerente aos modelos da Jeep, as versões flex têm tração apenas nas rodas dianteiras e uma proposta mais urbana.
Com seus 180 cavalos (com gasolina) e 185 cavalos (com etanol) e um bom torque de 27,5 kgfm, disponível já em 1.750 giros, o motor é mais disposto que o antigo 2.0 Tigershark de 166 cavalos e 20,5 kgfm, com etanol. A entrada do turbo é perceptível e ocorre de 1.500 a 2 mil giros. O câmbio automático Aisin de 6 marchas ajuda a dar ao veículo um comportamento “esperto”. É possível acionar as marchas manualmente na alavanca do câmbio ou nos “paddles shifts” no volante. A tecla Sport muda as respostas do câmbio – as marchas são trocadas em giros mais altos –, do pedal do acelerador e o peso da direção.
A estabilidade do SUV médio da Jeep se mostra equivalente à dos sedãs. Apesar da carroceria elevada, as inclinações nas curvas são discretas. As suspensões MacPherson na frente e atrás conferem um rodar consistente. Nos trechos sinuosos, é preciso exagerar no pedal do acelerador para que as assistências dinâmicas entrem em ação. Conforme a Jeep, a aceleração de zero a 100 km/h do Longitude 270 é feita em 8,8 segundos com etanol.
Para poupar combustível, o Start-Stop desliga o motor ao parar o veículo no trânsito e religa quando o motorista solta o freio. Aparentemente, a opção da engenharia da Jeep – com a indispensável orientação do marketing – foi priorizar o desempenho, um atributo que o consumidor brasileiro do segmento de SUVs valoriza mais em detrimento da economia de combustível. De acordo com o Inmetro, na cidade, as médias do Compass Longitude 270T 2022 ficam em 10,3 km/l (gasolina) e 7,1 km/l (etanol) no ciclo urbano e 11,9 km/l (gasolina) e 8,6 km/l (etanol) na estrada.
Apesar de não ser um consumo tão otimizado para um motor recém-lançado, representa evolução em relação aos índices do antigo Tigershark 2.0 Flex, que obteve 8,8 km/l (gasolina) e 6,1 km/l (etanol) em ciclo urbano e 10,8 km/l (gasolina) e 7,5 km/l (etanol) na estrada. Tanto que o Compass Longitude flex 2022 evoluiu da nota D para a C no programa geral de etiquetagem, e de C a para A em sua categoria.
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