Apesar de soar contraditório, a manutenção de carros elétricos e híbridos é mais simples, mesmo que os procedimentos sejam mais complexos do que em carros a combustão. Isso porque, em tese, o veículo com motor elétrico conta com um número menor de componentes, o que permite uma revisão veicular menos trabalhosa.
Por outro lado, esse tipo de motorização requer mais atenção e um nível mais alto de especialização do profissional responsável. A explicação para isso é que os carros elétricos costumam sair mais caros das concessionárias, e a maior parte desse custo se deve à bateria.
Caso você não saiba, esse tipo de automóvel é movido por um motor alimentado por uma bateria elétrica, fabricada com íon de lítio, majoritariamente, e componentes de cobalto e manganês, compostos com custo relativamente caro.
Por esses motivos, os preços de reposição dos itens são mais altos. Em compensação, a composição do carro em si é mais simples, o que deixa o serviço de manutenção mais barato e requer menos frequência.
Além disso, o motor elétrico é síncrono, de imã permanente, e não requer uma manutenção específica. O único componente que demanda verificação é o líquido de arrefecimento, que precisa ser trocado com certa periodicidade, definida pelo fabricante.
Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa-ES), Diego Receputi, a manutenção do veículo elétrico é, em média, 35% mais barato do que o veículo comum. “Enquanto o modelo a combustão possui cerca de 400 componentes, o modelo a bateria possui apenas 50. O que muda é que o carro elétrico precisa de uma mão de obra mais especializada para ser reparado”, explica.
Já o head comercial do Grupo Águia Branca, que representa a BYD no ES, Leonardo Simões, lembra que o motor elétrico também requer a troca de óleo das engrenagens, que costumam ser realizadas a cada 20 quilômetros.
“Geralmente, o intervalo de revisões do motor elétrico são a cada 10 mil quilômetros, quando são verificados níveis de arrefecimento e óleo da redução. Isso porque a vida útil desse tipo de motor se mostra ser maior, visto que esses dispositivos não trabalham em atrito como o a combustão; enquanto os sistemas auxiliares, como direção e ar-condicionado, não estão ligados ao funcionamento do motor”, aponta.
Se um motor já é sinônimo de problema, os dois motores de um carro híbrido dão problema em dobro, certo? Errado! O motor elétrico dos híbridos raramente demanda manutenção preventiva, visto que a peça tem função de assistência ao motor a combustão, o que provoca menos desgaste do que no carro 100% elétrico.
A gerente de vendas do Grupo Líder, concessionária da GWM no ES, Juliana de Castro, explica que, como o motor elétrico é mais simples e o carro possui menos componentes soltos para troca, “a necessidade de manutenção é menos frequente e a presença de um segundo motor não encarece o procedimento”.
“Além disso, as fabricantes oferecem uma garantia maior para o motor elétrico, de oito anos ou 300 mil quilômetros rodados, contra os três a cinco anos que são garantidos no motor do carro a combustão”, reforça.
A manutenção requer cuidados específicos, em especial no que diz respeito à intervenção na parte elétrica de alta tensão. Por isso, é necessário uma leitura atenta do manual de uso dos EPIs (equipamentos de proteção individuais) necessários e seguindo as normas de segurança do procedimento de desativação e o procedimento de reparo. Durante a manutenção, a área também deve ser isolada e informada por meio de sinalizações de que existe o risco de alta tensão.
“Devido à complexidade do procedimento, é recomendável que o reparo seja realizado em uma concessionária autorizada, onde as instruções serão seguidas conforme o manual do fabricantes, assim como serão realizados os procedimentos adequados de desenergização”, frisa Juliana.
“Além disso, o local onde o automóvel deve ser desmontado também precisa ser isolado de água e dos demais condutores de energia elétrica”, ressalta ainda.
“Hoje, o ES ainda não conta com uma estrutura robusta para manutenção dos veículos elétricos. Esse tipo de veículo deve ser reparado em redes de concessionárias autorizadas, visto que o risco de morte em caso de erros é grande”, alerta Diego, por fim.
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