O governo federal decretou a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% para a maioria dos produtos em decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. No entanto, para automóveis a margem de redução das alíquotas será de 18,5%. O Decreto 10.979 favorece a busca por automóveis mais baratos, representando um alívio para o mercado, que no último mês, apesar da alta das vendas, teve um resultado abaixo do mesmo período do ano passado.
Segundo o Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincondives), em fevereiro foram vendidos 4.967 veículos de todos os segmentos, no Espírito Santo, contra 3.972 unidades vendidas em janeiro, apresentando um crescimento de 25,05%. Mas comparados com fevereiro de 2021 foram 1,43% acima das 4.897 unidades comercializadas no ano anterior.
Para o diretor executivo do Sincodives, José Francisco Costa, a redução do IPI, mesmo que não represente uma redução significativa, pode beneficiar o mercado. “Para o setor, ela é benéfica e vai trazer melhoria nas vendas por causa dos descontos. Inclusive, será bom até para o mercado de usados, já que este é abastecido com a venda dos carros zero km”, explica.
Por outro lado, a indústria como um todo, não apenas a automotiva, passa por uma crise de fornecimento de matéria-prima, o que causa desabastecimento de alguns modelos nos pátios das montadoras. Outros fatores que podem contribuir para um novo aumento de preços, apesar da queda do IPI, são a inflação, os juros altos e ainda a guerra na Ucrânia, o que deixa o mercado bastante apreensivo, principalmente por conta do abastecimento de certos insumos.
“Portanto, este é um bom momento para quem pensa em comprar um carro zero, já que nos próximos meses há a incerteza com relação a como ficarão os preços dos automóveis daqui em diante, mesmo com a redução do IPI”, afirma Costa.
Em algumas concessionárias, o fluxo de vendas já teve um aumento significativo, segundo afirma o diretor comercial da Kurumá, Osaka e Kyoto, Phelipe Zacché. Nas concessionárias do grupo, o fluxo de clientes cresceu em 23% nas lojas físicas e digitais.
“Com certeza, vai crescer mais no decorrer do mês, quando o público em geral começará a perceber os descontos consideráveis que os veículos tiveram. Os descontos variam conforme cada modelo, mas temos veículos Toyota com descontos de até R$ 15 mil. Além disso, para impulsionar as vendas, também estamos com condição de taxa zero”, conta.
Zacché também afirma não ser possível definir o que será do mercado nos próximos meses com a redução do IPI mantida, se há o risco de novos reajustes ou de desabastecimento da indústria, pois tudo ainda está muito dentro do campo da especulação, mas afirma que o momento é propício para quem está em busca de um carro zero km.
“É uma super oportunidade para quem estava em dúvida sobre a compra do carro novo e com certeza as vendas vão aumentar, principalmente neste mês de março, considerando que temos a previsão de maior volume de carros dos últimos meses e a redução nos valores do carro zero km”, diz.
Da mesma opinião é a gerente de vendas da Vessa, Wanusa Nunes, que vê com positividade a queda da alíquota na venda de automóveis zero km. “Isso vai ajudar a alavancar as vendas, estamos com boa expectativa com relação a isso. Os descontos chegam a R$ 5 mil, dependendo do modelo. Por outro lado, não sabemos como vai ficar o mercado nos próximos meses, portanto, o ideal é aproveitar o momento”, avalia.
Com mais pessoas comprando veículos zero km, o mercado de usados e seminovos também é abastecido. No entanto, como avalia o consultor automotivo Gabriel de Oliveira, o mercado de carros zero km tem registrado uma queda nas vendas desde o final do ano passado.
“Mas isso era esperado, pois temos uma escassez de produtos por conta da pandemia e ao mesmo tempo houve um grande aumento de procura por carros no ano passado. Foi natural acontecer essa queda no volume de vendas, mas isso não se dá no mercado de seminovos e usados por conta do aumento na venda do zero km, porque essa realidade não está existindo”, avalia.
Além disso, situações agravantes como a instabilidade da economia, a continuidade da pandemia, a guerra na Ucrânia, além de ser um ano eleitoral, geram incertezas sobre como ficará o mercado de novos e usados, aponta Gabriel. “Inclusive, o preço do combustível subiu drasticamente e isso tudo impacta no volume de vendas. O governo está tentando reaquecer o mercado, mas na prática isso pode não fazer tanta diferença por conta de todos esses agravantes”, pondera.
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