Automóvel mais vendido do Brasil nos últimos três anos, a Fiat Strada ganhou na metade de 2023 duas versões com o motor T200 turbo da Stellantis. As duas novas configurações, a Ultra e a Ranch, não são as que mais vendem – esse posto é da Endurance, a porta de entrada da família, com 30% de participação –, mas são as mais potentes e cobiçadas. Elas se diferenciam uma da outra pela cor da faixa sob a grade hexagonal – é cromada na Ranch e vermelha na Ultra – e pelos pneus de uso misto na primeira e para asfalto na segunda. De resto, são iguais, inclusive no preço: R$ 135.990.
Em termos mercadológicos, a picape compacta da Fiat impressiona sempre. No ano passado, foram vendidos 2.179.356 automóveis no Brasil, entre carros de passeio e comerciais leves, sendo 120.600 da Strada, ou 5,53%. No primeiro trimestre deste ano, a picape produzida em Betim (MG) manteve quase o mesmo “market share” de 2023.
O modelo avaliado da Strada Ultra estava “vestido” com o flamejante Vermelho Montecarlo. Sob o capô, com dois vincos que apontam em direção aos dois ângulos superiores da nova grade hexagonal, está alojada a atração principal da versão: o motor 1.0 turbo T200 de três cilindros bicombustível, de 130 cavalos de potência abastecido com etanol e 125 cavalos com gasolina e torque de 200 Nm (daí, o nome do motor) ou 20,4 kgfm. O propulsor trabalha em sintonia com a transmissão automática do tipo CVT com 7 marchas simuladas, com opção de trocas sequenciais ao comando do motorista em “paddles shifters” atrás do volante.
Já presente em outros modelos da Stellantis – os SUVs Fiat Pulse e Fastback, o hatch compacto Peugeot 208 e o crossover Citroën Aircross –, o T200 segue a tendência mundial de motores “downsizing”, menores e mais leves, porém, com potência adequada aos carros de pequeno porte. O motor acrescenta uma válvula de alívio eletrônica, injeção direta e sistema MultiAir III, que faz o controle das válvulas de admissão eletronicamente, para colaborar com o desempenho e a economia de combustível.
A Strada Ultra tem novo para-choque dianteiro integrado, faróis afilados circundados por luzes de circulação diurna (DRL), novos auxiliares de neblina em leds incrustrados nas extremidades do para-choque em cavidades pretas, estágio inferior da grade também hexagonal só que bem mais baixo e “skidplate” (protetor do para-choque) cromado. No interior, a variante turbinada recebeu uma dose de conforto a mais com bancos com revestimento que imita couro, material igualmente colocado nos painéis das portas. O volante multifuncional com base achatada traz no centro a “Fiat Script” (atual logo da marca) e botão vermelho do modo “Sport”, que pode ser acionado com o polegar da mão direita sem o motorista tirar as mãos da direção.
A Ultra é equipada com recursos como controle eletrônico de estabilidade e sistema Hill Holder, que mantém o freio acionado automaticamente por cerca de dois segundos nas partidas em ladeiras e em manobras a ré, e TC+ (Traction Control Plus). Em termos de conectividade, a picape tem o sistema de multimídia Uconnect 7, com espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, enquanto o ar-condicionado é digital automático, acompanhado de um carregador sem fio. Como trata-se de uma picape, a Strada se destaca ainda pela capacidade de carga. A Ultra, com cabine dupla e quatro portas, oferece 650 quilos e 844 litros, com capacidade de reboque de 400 quilos. A altura mínima em relação ao solo é de 18,5 centímetros, enquanto o ângulo de entrada (o da frente) é de 23 graus e o de saída (o de trás), 29 graus.
O interior da Strada Ultra tem tons escurecidos, com forração de bancos e painéis das portas com material que imita couro com costuras pespontadas em vermelho em todos os bancos (os dianteiros têm o nome “Ultra” nos encostos), no volante, nas portas e na forração da manopla de câmbio, regulagem de altura no banco do motorista, volante multifuncional com base achatada e tecla de acionamento do modo “Sport” vermelha no lado direito e um prático porta-objetos aberto acima do porta-luvas.
A ergonomia para pessoas com estatura mais elevada no banco traseiro é bem comprometida, pois não há muito espaço e os encostos são bastante verticalizados. O sistema de multimídia Uconnet de 7 polegadas é um tanto acanhado e vai na contramão das grandes telas – quase tablets – encontrados na maioria dos novos modelos, de qualquer marca. No entanto, o sistema conta com pareamento de smartphones para Android Auto e Apple CarPlay sem fio. A multimídia reproduz bem as imagens da câmera de ré, sempre um auxílio a mais em uma picape com o vidro traseiro baixo e uma barra na horizontal de apoio do santantônio, prejudicando a visão pelo espelho interno.
O painel de instrumentos tem mostradores analógicos, um pequeno conta-giros do lado esquerdo, marcador de nível de combustível na direita e um grande velocímetro no centro, facilitando a leitura. Para verificar informações importantes sobre o funcionamento do carro, como temperatura do motor e pressão do turbo, o motorista tem de se conformar com uma pequena tela digital na parte central, que funciona como computador de bordo. O sistema de ar-condicionado na Ultra é automático, digital e muito eficiente, refrescando rapidamente a cabine nos dias mais quentes.
Porto Alegre/RS – No quesito mais importante na avaliação da Strada Ultra – o desempenho do motor T200 turbo –, a picape compacta da Fiat passou com sobras. Com até 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm de torque a 1.750 rotações por minuto, a Ultra desenvolve muito bem no asfalto. De acordo com a Fiat, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,8 segundos estando abastecida com gasolina e em 9,5 segundos com etanol, podendo chegar a 178 km/h com o combustível fóssil e a 180 km/h com o vegetal.
Quanto ao consumo, o Inmetro atesta 12,1 km/l com gasolina e 8,3 km/l com etanol no ciclo urbano e 13,2 km/l e 9,4 km/l na estrada, respectivamente. Se o motorista quiser ter a picape mais na mão, é interessante comandar as mudanças de marchas de forma sequencial em borboletas atrás do volante ou na manopla do câmbio. Nos “paddles shifters”, fica bem mais instigante. A transmissão automática do tipo CVT com 7 marchas simuladas casa bem com o motor turbo, assim como a direção elétrica progressiva oferece suavidade nas manobras e “endurecimento” necessário quando a velocidade cresce. O modo “Sport” cumpre a função de deixar a picape mais “esperta”.
Porém, a caçamba vazia e a suspensão traseira com feixe de molas não permitem que o motorista sinta estar ao volante de um carro de passeio. Nessas condições, a traseira da Strada teima em “ir embora” em curvas feitas acima da velocidade indicada, apesar do bom funcionamento do controle de estabilidade. E o sistema acaba sendo o salvador nesses momentos. A Ultra agradou bastante em um ponto quase inesperado. Embora não seja equipada com pneus tipo mistos como na “irmã” Ranch, a Ultra se comportou admiravelmente em estradas vicinais, passando confiança para o motorista mesmo em trechos com muito pedregulhos e bastante cascalho. Isso porque o controle eletrônico de tração transfere a força de uma roda não muito apoiada para outra com mais tração do mesmo eixo.
No somatório de todos os panoramas, a Strada Ultra se sai bem, seja no trânsito conturbado das grandes cidades, na desenvoltura no asfalto e na confiança no campo. Outro destaque da versão turbinada da líder de vendas no país é sua beleza externa, um ponto crucial na hora da opção de compra para brasileiros, que valorizam muito esse quesito. É notável que depois de 25 anos de estrada, a picape ainda chame a atenção por onde passa, especialmente pelo seu novo design. Impulsinada pelas duas versões turbo, a Strada é um duro golpe na concorrência.
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