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O que é preciso levar em conta antes de instalar GNV no carro?

O que é preciso levar em conta antes de instalar GNV no carro?

Por exigir frequentes manutenções e vistoria anual, a economia desse tipo de combustível pode não valer tanto a pena para o consumidor comum a médio e longo prazo como as pessoas imaginam à primeira vista

Publicado em 12 de abril de 2023 às 15:59- Atualizado há 2 anos

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Vitória
O GNV é uma alternativa para quem roda muito diariamente com automóvel . (Divulgação)

Para driblar os altos gastos com abastecimento em razão dos frequentes reajustes nos preços da gasolina e do etanol, muitos motoristas ainda optam pela conversão do veículo ao gás natural veicular (GNV ). Os especialistas até concordam que a maior vantagem desse tipo de combustível é ser mais econômico, mas a falta de informação dos condutores pode prejudicar a saúde do automóvel e, no final das contas, essa instalação pode não valer tanto a pena assim.

O GNV é um combustível de origem fóssil, considerado uma alternativa mais limpa por não emitir óxidos de enxofre e chumbo e por possuir menor preço de comercialização.

Para um veículo usar esse tipo de gás como fonte de abastecimento, é preciso realizar, primeiro, um procedimento comumente chamado de conversão — embora aconteça, na realidade, apenas uma adaptação do carro. A instalação desse sistema é capaz de fazer uma mudança no motor para que ele aceite o combustível a gás, e não somente a gasolina ou o etanol liquido.

O processo consiste na adição de uma central eletrônica de controle de injeção do GNV no motor do veículo, por meio de um kit que integra um redutor de pressão, filtro, sensor de pressão, fluxo e temperatura do combustível, além de mangueiras de gás e água, bicos injetores e o próprio cilindro de armazenamento exclusivo para o gás. Contudo, o veículo permanece com o sistema original de combustível líquido funcionando normalmente.

Como funciona:

O processo consiste na adição de uma central eletrônica de controle de injeção do GNV no motor do veículo, por meio de um kit que integra um redutor de pressão, filtro, sensor de pressão, fluxo e temperatura do combustível, além de mangueiras de gás e água, bicos injetores e o próprio cilindro de armazenamento exclusivo para o gás. Contudo, o veículo permanece com o sistema original de combustível líquido funcionando normalmente.

Em média, essa conversão custa entre R$ 3.500 e R$ 9 mil, dependendo do veículo e do kit escolhido. O serviço de instalação dura por volta de cinco a oito horas e as oficinas especializadas precisam de homologação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Fazendo as contas

  • 01

    Gastos

    O que é preciso colocar na ponta do lápis é que, embora o m³ de GNV renda mais de 12 km, acima dos 10 km que rende um litro de gasolina e dos 7 km em um litro de etanol, o custo de manutenção anual pode ser alto e a vistoria precisa ser feita a cada ano após o cadastramento no Inmetro e a obtenção do Certificado de Segurança Veicular (CSV). Portanto, matematicamente, o kit GNV só vale a pena para quem roda muito.

  • 02

    Valorização

    Outro ponto a ser considerado é que, somando todos esses fatores, o carro perde valorização no mercado. “Isso porque, normalmente, as pessoas não querem comprar um automóvel que já teve esse tipo de conversão”, observa o personal car Gabriel de Oliveira.

  • 03

    Manutenção

    Ainda segundo o consultor, quem é taxista, motorista por aplicativo ou que roda a partir de 30 mil quilômetros por ano, a manutenção para reverter a destruição da estrutura mecânica do carro e os custos adicionais com o kit pode compensar financeiramente a médio e longo prazo, mas depende unicamente da escolha de cada um.

Prática brasileira

Gabriel de Oliveira lembra que os carros tradicionais não são projetados para o uso do GNV, portanto, é uma prática mais comum de acontecer, principalmente, no Brasil.

A Fiat, por exemplo, lançou o Grand Siena 1.4 flex, que tinha a opção de sair de fábrica com a predisposição para receber o kit GNV, com custo adicional de R$ 720. Entretanto, acabou não vingando no mercado e foi substituído por outros modelos sem essa versão a gás. Até onde foi possível apurar, não existem modelos novos com essa modalidade que são vendidos no país atualmente.

Grand Siena é o único no mercado a trazer predisposição de instalação do GNV
O Fiat Grand Siena foi o único no mercado a trazer preparação para instalar GNV. (FCA/divulgação)

Uma explicação para a saída da linha pode ser que o desempenho desse sedã com o GNV tenha deixado a desejar. Assim como qualquer utilização desse tipo de combustão tem influência direta na saúde do carro.

“Por isso, a instalação desse tipo de mecanismo pode, mais cedo ou mais tarde, dar problemas mecânicos no funcionamento do veículo, como as bombas de combustível e outras partes mecânicas gerais”, avalia Gabriel.

Cleber Soares, gerente técnico da Clebercar, concorda que o GNV é uma tecnologia que demanda intensos cuidados. “É muito comum ver uma deterioração prematura das peças internas do carro quando o kit é usado. Se o veículo já estiver com desgaste anterior, não recomendo o uso de GNV”, afirma.

Precauções

Caso você decida que, ainda assim, você quer investir nesse tipo de procedimento, saiba que existem uma série de cuidados que devem ser considerados.

  • 01

    A chance de um carro a gás explodir são baixas — mas existe

    O risco de explosão espontânea do carro por si só é insignificante, porém não é tão simples assim. Cleber garante que a probabilidade de acidentes existe: “Caso o carro não tenha uma manutenção devida e, principalmente, se teve uma instalação clandestina, a chance de explodir é plausível, porque o carro não está preparado para receber o combustível”, avalia.

  • 02

    O GNV nem sempre é mais barato

    Observar o valor médio do GNV de cada região Brasil e compará-lo aos preços dos outros combustíveis no momento do abastecimento para saber o que é mais benéfico é a dica de ouro. No entanto, ainda que seja mais econômico, os custos adicionais devem entrar nessa equação.

  • 03

    O combustível líquido permanece no tanque

    Para evitar danos ao sistema de injeção eletrônica de combustível líquido do veículo, é preciso deixar um pouco de gasolina ou etanol no tanque mesmo após a instalação do kit.

  • 04

    O GNV estraga o motor do carro

    A adequação de combustível para o gás natural não é considerada uma total conversão para o GNV. O funcionamento fora do padrão de fábrica pode ocasionar em problemas a médio e longo prazo.

  • 05

    O motor perde potência

    Por não terem essa adaptação de fábrica, os motores convencionais não conseguem aproveitar inteiramente a combustão do GNV. Além disso, tudo que aumenta o peso do veículo compromete o desempenho do motor.

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