Embora tenha ocorrido uma melhora nos números em março, a produção acumulada no primeiro trimestre ainda está, em média, 50 mil unidades abaixo dos níveis pré-pandemia, o que anda preocupando o mercado, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Esse foi um dos dados sobre o desempenho do segmento automotivo nos três primeiros meses de 2023 que foram divulgados em coletiva de imprensa que aconteceu nesta segunda-feira (10).
Esse fenômeno foi atribuído à paralisação das fábricas de automóveis no país, visto que, de janeiro a março, foram produzidos 538 mil automóveis, somente 8% a mais do que no início do ano passado, quando a crise dos semicondutores estava no auge. Para o mês de abril, novas paralisações já foram anunciadas.
Segundo o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o baixo volume de produção de veículos é uma discussão que está preocupando o ramo. “Essa questão é relevante para todos nós, porque traduz em investimentos, empregos e riquezas para o país”, observa.
Em relação aos veículos pesados, houve redução de cerca de 30% no volume de produção.
O carro verde de entrada – que emite quantidades menores de poluentes – e medidas para reaquecimento do setor também foram considerados por Leite as questões mais urgentes e desafiadoras do mercado automotivo brasileiro até dezembro de 2023.
A entidade ainda abordou outros assuntos considerados como pautas prioritárias, como a necessidades de melhoria das condições de crédito e de financiamento; maior infraestrutura para eletrificação e novas tecnologias; renovação da frota de leves (carros de passeio); reindustrialização da cadeia; convergência regulatória e financiamento na exportação; e encarecimento do custo de produção e esfriamento da demanda de veículos pesados.
No que diz respeito às vendas acumuladas de automóveis no trimestre, houve uma aumento leve, com 472 mil unidades. O crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado poderia indicar sinais de recuperação, mas, na verdade, Leite complementou que a base de 2022 foi muito baixa, já que faltavam carros nas concessionárias.
Em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem é superior a 20%. “A fotografia do momento seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março, 28% do total. Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar os volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado”, afirma Leite.
Ainda de acordo com a Anfavea, a participação das importações no total de vendas atingiu 13,8% no primeiro trimestre do ano de 2023. Já as exportações em março tiveram aumento leve de 3,9% em relação ao mesmo período no ano passado, bem como mantiveram a média diária de 1.900 unidades de fevereiro, o que indicou o cumprimento de contratos com os principais destinos, mas sem grande crescimento de volumes.
Na semana passada, em nota, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) informou que as 11 marcas filiadas à associação anunciaram o licenciamento de 11.145 unidades, das quais 7.625 importadas e 3.520 veículos de produção nacional. Isso significou que, no primeiro trimestre do ano, houve queda nas vendas de 21,9% comparado ao mesmo período de 2022, quando foram comercializadas 14.271 unidades.
Na importação, as 7.625 unidades vendidas significaram alta de 95,3% contra as 3.905 unidades do primeiro trimestre de 2022.
Na produção nacional, por outro lado, com 3.520 unidades, registrou queda de vendas de 66% frente às 10.366 unidades dos três primeiros meses do ano passado.
Ainda no levantamento da Abeifa, considerando o desempenho de vendas do mês de março, veículos importados – com licenciamento de 3.149 unidades – absorveram alta de 50% comparado a fevereiro do ano passado e de 116,9% em relação ao mês de março de 2022.
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