A direção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, apresentou quinta-feira (7) os resultados do setor no mês passado. na avaliação geral, os resultados são positivos, em especial o crescimento de 18% na média diária de vendas na comparação com janeiro. Foram vendidos 8,7 mil veículos a cada dia útil no mês passado, a melhor média para fevereiro desde 2020.
Numa comparação entre iguais períodos, pela primeira vez o setor superou uma média registrada antes da pandemia. Os estoques se mantiveram praticamente estáveis no último mês: 217,6 mil veículos, o que cobre 38 dias de venda.
No entanto, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, pediu cautela e disse ser prematuro apontar como uma tendência a volta do ritmo de antes da pandemia. Na esteira do ciclo de queda dos juros, iniciado em agosto, as taxas cobradas nos financiamentos de veículos já caíram de um nível próximo a 30% para 24%, o que, pontuou Leite, tem ajudado.
No entanto, ele ponderou que há também uma espera dos consumidores por mais cortes de juros, fazendo com que a participação dos financiamentos nas vendas totais, ao redor de 30%, não tenha se alterado muito. Conforme o presidente da Anfavea, os efeitos dos juros mais baixos só devem aparecer de forma mais clara no segundo semestre.
Ele observou ainda que o marco de garantias, em processo de implementação, pode contribuir para uma redução adicional de 15% dos juros praticados no mercado, uma vez que reduz o risco dos bancos nas concessões de crédito.
Já as exportações de veículos aumentaram 62,7% em um mês, com 30.652 unidades enviadas ao exterior. Na comparação anual, no entanto, houve queda de 14,1%. “É um crescimento sobre uma base muito baixa, que foi janeiro. Tivemos uma expansão que é importante, mas ainda assim é inferior ao ano de 2023”, diz.
Com isso, as exportações de veículos tiveram queda de 28% no primeiro bimestre, somando no período 49,5 mil veículos brasileiros vendidos ao exterior, tendo México, Argentina, Colômbia e Chile como os principais destinos.
Leite informou que a entidade tem discutido com o governo soluções para melhorar o fluxo comercial. O tema é considerado prioritário e está na pauta das reuniões realizadas praticamente toda semana no ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Ao falar de algumas das propostas colocadas na mesa, o presidente da entidade citou acordos bilaterais, visando, por exemplo, o fim de cotas para as vendas livres de imposto de importação em mercados como a Colômbia, um dos principais destinos no exterior dos carros produzidos no Brasil.
O governo, relatou o presidente da Anfavea, tem se mostrado sensível às dificuldades das montadoras de colocar seus produtos no exterior. Nesse sentido, ele lembrou que já houve uma sinalização, feita pelo vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin, de aumentar a devolução de créditos tributários a empresas exportadoras dentro do programa Reintegra.
Essa medida serviria como uma transição até o IVA - o imposto sobre valor agregado previsto na reforma tributária - acabar com o acúmulo de créditos tributários não compensados antes das exportações.
Ainda segundo o relatório, a produção de veículos automotores no Brasil cresceu 24,3% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, com 189.684 unidades produzidas. Na comparação anual, o aumento foi de 17,4%. “Esse é um bom sinal, a produção é sempre um termômetro muito relevante para o nosso setor”, destaca o presidente da Anfavea.
O resultado leva para 342,2 mil veículos o total produzido no primeiro bimestre, 8,9% a mais do que nos dois primeiros meses do ano passado. A previsão da Anfavea para todo este ano é de crescimento de 6,2% da produção.
O balanço da Anfavea mostra ainda que as montadoras eliminaram 72 vagas de trabalho no mês passado, empregando agora 99,8 mil trabalhadores.
Com informações das Agências Estado e Folha
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