O caminho do e-2008 – a versão 100% elétrica do utilitário esportivo compacto da Peugeot – até chegar ao mercado brasileiro foi muito longo. Produzido em Trnava, na Eslováquia, o e-2008 foi lançado na Europa em 2019 e só desembarcou no Brasil, em versão única, a GT, em novembro do ano passado, com preço de R$ 259.990.
Desde lá, o elétrico passou por campanhas promocionais, sendo que a maior ocorreu em julho, com descontos chegando a R$ 50 mil. Atualmente, o preço do e-2008 tem variado bastante dentro dos planos de cada concessionária – chega a ser oferecido pelo preço de R$ 199.990.
Longe de ser um veículo barato, trata-se de um valor competitivo dentro do segmento – recentemente invadido por compactos chineses com preços bastante competitivos –, por se tratar de um modelo moderno, bem equipado e com um design bem resolvido.
Com 4,30 metros de comprimento, 1,77 metro de largura, 1,55 metro de altura e 2,60 metros de distância de entre-eixos, o e-2008 GT segue o estilo europeu de seu “irmão” a combustão interna. Reinterpreta a inconfundível dianteira felina, destacando os faróis full-leds com os “dentes de sabre” como DRL. A grade preta – sem efeito funcional, apenas visual – vem com apliques na cor da carroceria.
No modelo testado, esses detalhes – bem chamativos, por sinal – são em azul. As lanternas, também em leds, estão dentro de uma faixa preta que atravessa a traseira, colada à base do vidro, com três linhas vermelhas – de cada lado – imitando as garras de um leão.
O teto é em preto, independentemente da cor escolhida para o carro. O monograma com a letra “e”, em minúsculo e sempre em azul, acompanha a nomenclatura “2008” e está presente na frente, atrás e junto aos dois retrovisores externos, aí, sem o nome do modelo.
O e-2008 é equipado com um motor acoplado ao eixo dianteiro com 136 cavalos (100 kW) de potência e 26,5 kgfm de torque instantâneo. Conforme a Peugeot, o crossover acelera de zero a 100 km/h em 9,9 segundos e pode chegar a 150 km/h. O elétrico tem três modos de condução – o “Sport”, o “Normal” e o “Eco”. A escolha é feita a partir de um toque em um botão.
Há ainda outro modo específico para o trânsito urbano, o “B Mode”, conhecido popularmente como “one pedal”, tudo acionado no novo seletor de condução, o e-Toggle. Com 50 kWh de capacidade, a bateria de alta performance – localizada sob o assoalho do veículo – oferece uma autonomia de 345 quilômetros pelo ciclo WLTP e de 250 quilômetros pelo Inmetro.
O veículo pode ser carregado em tomadas convencionais do tipo residenciais ou em carregadores rápidos por meio de um plug, posicionado no mesmo local que seria o de abastecimento em um veículo a combustão – na lateral esquerda entre a coluna “C” e a roda de trás. O sistema é composto por um plug tipo 2 – para corrente alternada (AC) – e tipo CCS-2 – para corrente contínua (CC).
O usuário pode acompanhar o status a partir de luzes indicativas de recarga. Para soltar o plug, basta destravar as portas. O e-2008 pode ter 80% da bateria carregada em 30 minutos se for utilizada uma estação ultrarrápida de 100 kW. O carregamento completo em uma tomada doméstica é feito em vinte e cinco horas.
O Peugeot e-2008 GT oferece uma vida confortável, prática e intuitiva dentro da cabine, tudo comandado pelo i-Cockpit 3D. Fazem parte desse conjunto o volante esportivo com base e parte de cima retas, a central multimídia com tela de 10 polegadas voltada para o condutor, o cluster e a navegação GPS – ambos em 3D – e a série de botões de controle batizada de “toggles switches”.
Os bancos de couro com formato esportivo – os dois da frente perfurados para aquecimento ou refrigeração – e o teto solar panorâmico completam o pacote visual do interior, que tem uma ambientação com oito opções de cores de iluminação.
Detalhes com apliques simulando fibra de carbono conferem sofisticação e esportividade na parte central do painel e na forração das portas dianteiras. Uma linha fina azul iluminada percorre o painel de ponta a ponta, sendo visível, naturalmente, à noite.
O porta-luvas – sem iluminação – é pequeno e tem um estranho degrau inicial que dificulta um pouco o acesso a sua profundidade. Existem quatro portas USB, sendo duas delas para o pessoal de trás.
Como em um cockpit de avião, o motorista tem todos os comandos ao seu alcance. O carro elétrico requer mais atenção do condutor, não por conta da dirigibilidade, mas pelos recursos do veículo, assim como a preocupação constante com a autonomia. No entanto, nesse quesito, o painel atrás da direção não esconde nada.
Pelo contrário, um dos mais interessantes recursos replica em um gráfico muito fiel o consumo dos oito módulos da bateria e sua regeneração, vinda das frenagens ou do modo “one pedal”.
O carro traz nos itens de série o Visiopark 180 Graus, o piloto automático inteligente, a frenagem automática de emergência, a assistência de farol alto, o alerta de atenção, de fadiga e de correção de permanência em faixa, o reconhecimento de placas de velocidade, o sistema ativo de ponto cego e seis airbags.
O SUV elétrico tem boa altura em relação ao solo, modularidade dos bancos bipartidos e porta-malas de 434 litros de capacidade e dois níveis de organização, sendo que o de baixo é reservado para os cabos de recarregamento.
Em termos de conforto na dirigibilidade, se alguém diz preferir um carro com câmbio manual a um automático é porque, provavelmente, ele nunca tenha conduzido um veículo sem o pedal da embreagem. O mesmo vale para quem afirma que nunca guiará um carro elétrico – só pensa assim quem nunca dirigiu um 100% “verde”.
No caso do Peugeot e-2008 GT, o motorista tem a convicção de que jamais ficará na mão. E só ficará a pé se decidir, conscientemente, não prestar atenção em nenhum dos vários avisos que lhe é passado a todo o momento. O e-2008 é equipado com um motor de 136 cavalos potência e 26,5 kgfm de torque instantâneo.
Especialmente no modo “Sport”, basta pisar que o torque vem imediatamente. O carro conta com itens de segurança como controles de tração e de estabilidade e assistência em rampa. O uso do ar-condicionado – como em um carro comum – diminui a autonomia do elétrico, mas pouco afeta no seu desempenho.
Praticamente não há ruídos do motor – com exceção de um pequeno zunido, se alguém realmente prestar muita atenção –, porém, o motorista logo se acostuma com o som dos pneus no chão, uma “trilha sonora” já bastante familiar.
Para o motorista conhecer um elétrico, é preciso se acostumar a ele. Depois de estar familiarizado à tecnologia, o carro elétrico dá muito prazer e é, ao mesmo tempo, uma diversão permanente.
Partindo do pressuposto que a autonomia é uma preocupação constante para quem conduz um elétrico, o motorista aprende a explorar melhor as três formas de se dirigir o e-2008. A primeira é com o “one pedal”, no caso do carro da Peugeot, o “B Mode”, uma tecla localizada logo abaixo do “D” do seletor de funções.
E o “one pedal” nasceu para andar no trânsito urbano. Também o freio-motor do elétrico, o sistema garante uma direção na cidade se utilizando apenas o acelerador. O freio normal é acionado em paradas repentinas ou emergenciais.
O motorista dirige pressionando o pedal da direita e aliviando o pé, regenerando energia para a bateria instantaneamente. Assim, é possível de se fazer quase todo o percurso urbano do dia a dia sem perder autonomia. Esse modo pode ser somado ao “Eco”, garantindo ainda mais economia de energia.
Tudo isso aparece em um “carrinho” estilizado no painel, em tempo real. A terceira forma de se “pilotar” o elétrico é nos modos “Normal” ou “Sport”, como em um outro carro qualquer.
Em uma semana de uso, o e-2008 GT consumiu toda a autonomia vinda inicialmente (pouco mais de 300 quilômetros) na metade do teste. Então, ele “pernoitou” por cerca de nove horas, carregando em uma tomada de 220V.
Na manhã seguinte, com autonomia de 195 quilômetros, o carro foi levado para um posto de carregamento não ultrarrápido, de um shopping – um serviço oferecido gratuitamente pelo estabelecimento e com mais de dez boxes com carregadores prontos para serem utilizados.
Depois de três horas e meia, o painel registrou “carga completada”. – o e-2008 estava pronto para rodar até o final do teste, com ainda cerca de cem quilômetros de autonomia restante na devolução.
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