Espécie de talismã da Peugeot, o 208 continua agitando a cada novo movimento. Desta vez, o compacto da marca do leão apresenta no Brasil na versão e-208 GT, totalmente elétrica. A nova configuração repete boa parte da estética da versão flex, inclusive os característicos faróis de circulação diurna com assinatura de iluminação full-led que remetem aos “dentes de sabre”, faixas de proteção das janelas em preto brilhante e rodas de 17 polegadas com inserções (as do modelo elétrico são exclusivas).
Enquanto a nova geração, movida por propulsão convencional, é produzida na Argentina, a versão elétrica vem da Europa. Produzido na fábrica de Trnava, na Eslováquia, o Peugeot e-208 GT está no Brasil em condições especiais de lançamento, com preço de R$ 244.990, com os vinte primeiros compradores recebendo uma estação de recarga doméstica da WEQ. O preço final do novo elétrico ficará em R$ 250 mil, com direito a um sistema de recarga das baterias da unidade de potência desenvolvido especificamente para uso em tomadas convencionais.
A performance do e-208 GT é garantida por um motor elétrico que entrega 26,5 kgfm de torque e 136 cavalos de potência, que permitem ao modelo acelerar de zero a 100 km/h em 8,3 segundos e chegar à máxima de 150 km/h. A autonomia é de 340 quilômetros, conforme o ciclo WLTP.
Há três modos de condução disponíveis, e a escolha fica a critério de quem está ao volante, de acordo com a necessidade do momento. O modo “Eco” tem como foco a otimização da autonomia, o “Drive” é indicado para garantir o conforto ideal nos deslocamentos do dia a dia, enquanto o “Sport” prioriza o desempenho, utilizando-se da potência e do torque máximos.
Segundo a Peugeot, em condições totalmente ideais, entrando nessa equação o jeito de dirigir, o modo de condução até temperaturas não muito altas nem baixas, a autonomia do e-208 GT pode chegar a 400 quilômetros. O câmbio tipo joystick dispõe de cinco modos de seleção: “P” (Park – estacionamento), “D” (Drive), “N” (Neutro), “R” (Ré) e “B” Mode. Esse último atua de modo a garantir regeneração da bateria, aumentando a autonomia do veículo. Além de três modos de condução, o elétrico oferece dois modos de frenagem: “Moderado”, para sensações semelhantes às de um veículo a combustão, e “Aumentado”, para uma frenagem proporcionada pela redução na pressão no pedal do acelerador.
Com 50 kWh de capacidade, o Peugeot e-208 GT pode ser carregado em tomadas convencionais residenciais ou em estações rápidas por meio de um plug. O sistema é composto por um plug Type 2, para corrente alternada (AC), e plug CCS-2, para continua (DC). O elétrico pode ter 80% da bateria carregada em menos de trinta minutos, caso o usuário utilize uma estação de recarga de 100 kW. Isso garante cerca de 270 quilômetros de autonomia –, com os dados de utilização e consumo da bateria mostrados no painel. A bateria tem oito anos de garantia ou 160 mil quilômetros.
De acordo com a fabricante, os tempos de recarga são de vinte e quatro horas e cinquenta e seis minutos em 1,8 kW (tomada doméstica), de quatro horas em 11 a 22 kW, de seis horas em 7,4 kW, de cinquenta e três minutos em 50 kW e em meia hora em 100 kW.
O novo 208 marcou a estreia da produção de hatches na plataforma CMP (Common Modular Platform), uma das mais modernas do Groupe PSA, pertencente à Stellantis. Uma das características dessa plataforma é ser multi energia, ou seja, ela pode ser otimizada para versões térmicas e elétricas na mesma linha de produção.
No caso do e-208 GT, ela recebe o nome de eCMP. Graças a isso, mesmo com uma bateria de 220 litros de densidade acoplada abaixo do piso do veículo, a arquitetura da plataforma do e-208 GT permite manter o mesmo volume de porta-malas da versão a combustão (311 litros), espaço frontal e traseiro dos ocupantes idênticos aos da configuração “comum” e a mesma posição de dirigir e aplicação das modernas tecnologias de assistência à condução.
“O e-208 é mais um passo nos duzentos e dez anos da Peugeot, a montadora mais antiga ainda em atividade no mundo. O modelo marca os passos da fabricante cada vez mais dentro do mundo eletrificado, passando da queima dos combustíveis fósseis à eletrificação total”, celebra Antonio Filosa, CEO da Stellantis América Latina.
Embora o e-208 GT trazido para o Brasil seja igual ao modelo vendido na Europa, a equipe de engenharia da marca aplicou um pacote de alterações. Uma delas é para proteção da bateria, com aplicação de chapas metálicas (no lugar das plásticas) em toda a região do assoalho e na área abaixo do capô. As bandejas de suspensão do e-208 GT ganharam reforços, assim como os pneus, que também tiveram as medidas mantidas, mas no Brasil são do tipo run flat (podem continuar trafegando mesmo com um furo).
A chegada do e-208 GT representa a introdução da eletrificação no portfólio e um reposicionamento da Peugeot no país – ainda este ano chegará ao mercado nacional o utilitário comercial e-Expert. Neste primeiro momento, o e-208 será oferecido exclusivamente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. No decorrer do ano, se espalhar para todo o Brasil, se iniciando por Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). A Stellantis – multinacional automotiva que controla a Fiat, a Jeep, a Ram, a Peugeot e a Citroën – planeja expandir pelo Brasil uma estrutura específica para o cliente de elétricos, a fim de marcar um novo estágio na realidade do mercado nacional: a da chegada em definitivo da eletrificação totalmente “verde”.
Por ser produzido na Europa, o e-208 GT segue o padrão de qualidade das unidades feitas por lá. Em relação ao modelo a combustão feito na Argentina, o elétrico tem um acabamento mais requintado. Os bancos têm suportes mais generosos e a central multimídia tem tela “touchscreen” de 10 polegadas, enquanto a versão argentina utiliza uma de 7 polegadas. Em termos de itens de conforto, segurança e assistência ao motorista, o e-208 GT tem o mesmo nível topo de linha do 208 térmico. São bem semelhantes os detalhes elegantes do compartimento dos passageiros, forro do teto preto com pesponto de Adamite, oito opções de cores de iluminação ambiente, bancos esportivos e pedais de alumínio.
Com o Drive Assist, o novo 208 abre um caminho para a direção semiautomática com sua mais recente geração de auxiliares de condução. Destacam-se o Cruise Control adaptável, o Stop&Go com o EAT8 com informações de distância entre veículos, a assistência de posicionamento de pista, o Total Park Assist With Flankguard, em que o sistema gerencia automaticamente a direção, a aceleração e a frenagem ao entrar ou sair de uma vaga de estacionamento, a assistência automática à frenagem de emergência de última geração (detecção de pedestres e ciclistas) e alerta para risco de colisão, a Pista Ativa – mantém ajuda com correção de curso a partir de 65 km/h –, o monitoramento de atenção do motorista, a comutação automática de faróis altos, o reconhecimento e a recomendação de limite de velocidade, o monitoramento de ponto cego ativo e o freio de estacionamento elétrico.
O i-Cockpit 3D do Peugeot 208, presente tanto na versão flex quanto na elétrica GT, é mais do que uma mera firula dos talentosos designers automotivos da marca francesa. O volante pequeno e com a base e o topo achatados, além de permitir uma singular visualização das informações dos instrumentos, tem o dom de sugestionar esportividade. Basta se sentar em frente ao volante para qualquer pacato motorista passar a se sentir como um audaz piloto. As informações apresentadas de forma tridimensional no tablier, como se fossem projetadas em diferentes “profundidades”, reforçam a aparência dinâmica e ainda conferem um aspecto bastante futurista ao ambiente. Quando combinado ao motor 1.6 flex, todo esse ambiente acaba ficando um pouco desconectado do comportamento do carro, que não chega a oferecer uma performance exuberante. Já no caso do e-208 GT, a aparência e a essência do compacto se harmonizam perfeitamente.
O e-208 GT oferece uma experiência dinâmica absolutamente distinta da proporcionada pela versão flex. Nem parece o mesmo carro – e, de fato, não é. Como é característico dos modelos elétricos, seu silencioso motor entrega todo o torque de forma instantânea, resultando em uma capacidade de aceleração fora do normal em relação aos modelos com motores convencionais. Nas manobras rápidas do teste de apresentação, que incluíram vários “slalons”, o compacto elétrico da Peugeot esbanjou disposição e equilíbrio. O bom acerto de suspensão impressiona. A direção eletricamente assistida, disponível também na versão flex, se mostra eficiente e progressiva. O somatório de todos esses atributos faz do e-208 GT um hatch compacto bastante divertido e instigante. Pena que o preço no Brasil (R$ 250 mil) tornará o modelo um prazer para poucos.
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