Desde 2014 – quando o Gol perdeu a liderança nacional das vendas de automóveis, que sustentava há 27 anos, para o Fiat Palio –, a Volkswagen tentava voltar ao topo do ranking do mercado brasileiro. Em 2022, o modelo escolhido para executar a tarefa foi o Polo.
Apresentado no Brasil em 2002 como um compacto requintado derivado do médio Golf, duas décadas depois, o Polo havia se tornado um hatch do qual pouca gente se lembrava – terminou aquele ano em quinquagésimo segundo lugar no ranking nacional, com 8.182 unidades, uma média de 682 emplacamentos mensais.
Mas o posicionamento do Polo mudou radicalmente com a estreia da linha 2023, apresentada no final de 2022. Simplificado para ganhar competitividade, o modelo viu suas vendas crescerem rapidamente a partir de dezembro de 2022, quando chegou às concessionárias a versão Track 1.0 MPI, a mais barata da linha.
No final de 2023, o compacto produzido na cidade paulista de Taubaté totalizou 111.242 unidades vendidas, sendo superado somente pela picape Fiat Strada, com 120.602 emplacamentos no ano.
A retomada da liderança foi um grande feito, muito comemorado pela marca alemã – e parte das comemorações fica por conta do lançamento do Polo Rock in Rio, que chegou às concessionárias em junho.
Não é a primeira vez que a Volkswagen patrocina o festival de música carioca (que este ano ompleta 40 anos) e aproveita o evento para lançar edições especiais – Gol, Fox e Saveiro já tiveram “versões roqueiras” adesivadas com o logo do evento. O Polo Rock in Rio é oferecido por R$ 92.990 (R$ 94.640 com pintura metálica) – R$ 3.700 a mais que a versão Track, da qual utiliza a base.
Renovado há dois anos, o desenho do Polo é indisfarçavelmente Volkswagen, com linhas geométricas e vincos marcados. Na variante mais básica do hatch e na edição especial Rock in Rio, faróis halógenos tomam o lugar do conjunto óptico das configurações mais caras do carro – composto por farol alto, baixo, sinalização diurna e luz de posição e direcional totalmente em leds.
A edição especial acrescenta adereços como pintura em Preto Ninja no teto e na faixa larga que cruza a tampa traseira. Maçanetas, retrovisores e calotas das rodas também ganham pintura em preto. Emblemas “Rock in Rio” aparecem na parte frontal do capô, na tampa traseira e nas faixas decorativas laterais – são visíveis por qualquer ângulo que se olhe o carro. Há três cores disponíveis para a carroceria: Branco Puro, Cinza Platinum e Vermelho Sunset (a do modelo testado).
Dentro, a marca do festival surge no console frontal e seu nome aparece na trama em relevo do tecido nos apoios de cabeça frontais. Para não se restringir aos enfeites, o Polo Rock in Rio incorpora a central multimídia VW Play, que não é oferecida na Track, com tela de 10 polegadas, conexão Apple CarPlay e Android Auto sem fio e seis alto-falantes.
A versão agrega também os equipamentos que são de série em toda a linha Polo, como airbags laterais, bloqueio eletrônico do diferencial, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos, direção elétrica, travas elétricas e chave com controle remoto. O porta-malas leva 300 litros.
Sob o capô, o Polo Rock in Rio traz o motor 1.0 MPI flex aspirado de três cilindros. O propulsor da família EA211, também “herdado” do Polo Track, entrega 77 cavalos com gasolina e 84 com etanol, com 9,6 (gasolina)/10,3 (etanol) kgfm de torque.
Trabalha acoplado ao câmbio manual de 5 marchas, que move as rodas dianteiras. De acordo com o Inmetro, o Polo com motor MPI e câmbio manual entrega médias de 9,4/10,8 km/l na cidade/estrada com etanol e 13,7/15,2 km/l com gasolina.
Além de ser a marca de automóveis oficial do Rock in Rio pela quinta vez, a Volkswagen é co-patrocinadora da Rota 85, a área temática no festival. Na edição especial de 40 anos do evento, serão seis dias de show (13, 14, 15, 19, 20 e 21 de setembro) na “Cidade do Rock”, construída para receber o público dentro do Parque Olímpico, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O Polo Rock in Rio, do mesmo modo que o Polo Track, oferece espaço digno para quatro pessoas – um quinto passageiro gera um ambiente um tanto opressivo no banco traseiro. O entre-eixos de 2,56 metros, bom para um compacto, proporciona espaços adequados para cabeças e pernas.
Os bancos frontais da versão, com decoração “Rock in Rio” em relevo no apoio da cabeça, contam com ajuste de altura e seguram bem o corpo. Outro detalhe que ajuda a valorizar a edição é o logo do festival de música no console frontal, em frente ao passageiro. Já o volante multifuncional é o mesmo da versão Track e conta somente com regulagem de altura. A suspensão bem ajustada, o com isolamento acústico e a ergonomia eficiente reeditam o bom padrão da linha Polo.
De resto, exceto pelo revestimento em preto brilhante no console frontal e nas maçanetas das portas, o acabamento do Polo Rock in Rio segue o padrão despojado do Track, com predominância de plásticos rígidos. Não há sofisticação nos revestimentos, mas os encaixes são precisos.
Embora traga somente os recursos essenciais, como ar-condicionado, direção elétrica, travas e vidros elétricos dianteiros – os espelhos e os vidros traseiros têm comandos manuais –, os comandos estão nos lugares certos e os instrumentos têm leitura facilitada.
A central multimídia VW Play com tela de 10 polegadas vem de série na edição Rock in Rio e é um acréscimo importante em relação à Track. O sistema oferece espelhamento sem fio (via Bluetooth) com celulares – no entanto, poderia ter uma interface com o usuário mais intuitiva.
No Polo Rock in Rio, o propulsor tricilíndrico 1.0 MPI aspirado, o mesmo que move a versão Track do compacto da Volkswagen, entrega 84 cavalos e 10,3 kgfm com etanol. Os números de potência e torque não chegam a ser dos mais impressionantes, contudo, o 1.0 MPI pode ter sua força bem rentabilizada pelo câmbio manual de 5 marchas, que tem relações muito bem acertadas.
Desde que o motorista não seja do tipo que tem preguiça de trocar as marchas, o conjunto dá conta de empurrar com destreza os 1.056 quilos da variante roqueira do hatch compacto. A precisão dos engates curtos do câmbio mecânico, por sinal, é um dos pontos altos do modelo e evoca uma das boas tradições dos carros da Volkswagen.
A harmonia do conjunto motor/câmbio não deixa que o modelo transmita a sensação de morosidade encontrada em outros hatches com motorização 1.0 aspirada. Segundo a Volkswagen, o Polo Track e o Rock in Rio aceleram de zero a 100 km/h em 13,4 segundos com etanol e em 13,8 segundos com gasolina.
A velocidade máxima fica em 169 km/h com etanol e em 166 km/h com gasolina. No trânsito urbano, nunca falta força ao conjunto. Na estrada, o motor se torna mais rumoroso apenas nos giros mais elevados, quando é instigado a entregar velocidade rapidamente.
O Polo Track e sua “versão roqueira” preservam algumas das tradições “herdadas” do bom e velho Golf que lhe deu origem. Sempre foi um carro “bom de curva” e continua a entregar bons resultados nos trechos sinuosos. Nas mais de duas décadas de mercado brasileiro, sua suspensão já foi mais do que adaptada às condições das ruas e estradas locais.
E o aspecto de robustez que caracterizava o velho Gol parece ter sido reeditada no Polo Track – e na edição Rock in Rio. Ambos conjugam a estabilidade oferecida pela plataforma MQB e uma suspensão que proporciona um correto controle dos movimentos de carroceria nas curvas.
A direção elétrica, que torna-se mais rígida conforme o carro ganha velocidade, ajuda as manobras mais agradáveis. Mas a câmera de ré e os sensores de estacionamento, ambos ausentes no Polo Rock in Rio, são recursos que fazem falta – especialmente a quem se acostuma com eles.
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