O primeiro bimestre de 2023 registrou a tendência de crescimento de vendas de automóveis no Brasil, mesmo ainda com a restrição da falta de componentes e das altas taxas de juros, limitando o crédito. Ao todo, foram 272,8 mil emplacamentos. Isso significa um aumento de 5,4% de vendas de automóveis em comparação aos primeiro dois meses de 2022.
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (6), o mês de fevereiro foi bastante atípico no crescimento das vendas, já que tradicionalmente, é um mês curto, por conta do carnaval, e houve, ainda as enchentes causadas pelas fortes chuvas no litoral paulista, ou seja, esperava-se um crescimento menor ou manutenção das vendas em relação a janeiro.
A principal aposta de reaquecimento da indústria automotiva continua sendo os carros eletrificados, que registraram 8,8 mil unidades emplacadas, 45% maior comparado ao mesmo período de 2022. Pela evolução do bimestre, a associação aposta em crescimento desse tipo de tecnologia em 40% no ano.
O número de produção de veículos em fevereiro também cresceu: 5,6% em relação a janeiro, com 161,2 mil unidades produzidas. No entanto, esse aumento foi limitado, em virtude da restrição da oferta de suprimentos, que continua a ser uma constante no setor, uma vez que não houve a normalização da fabricação desses componentes. Diante desse cenário, os representantes da associação demonstraram preocupação, mas acreditam na mudança do cenário econômico ao longo do ano.
“Não podemos esperar para promover a reindustrialização e condições para a retomada no mercado, principalmente pelas questões relacionadas a crédito e taxas de juros, IOF, garantia e retomada de bens”, frisa Márcio.
Por conta de fevereiro ser um mês menor, com menos dias de trabalho, as vendas mensais de caíram 9% no período, vendendo somente 129,9 mil unidades, em comparação a 142,9 mil unidades vendidas em janeiro. Os caminhões sofreram uma perda ainda maior: -22,5%, com 8,1 mil vendas. Por outro lado, os ônibus tiveram alta nos emplacamentos: 13% em fevereiro, com 1,9 mil unidades vendidas.
Retomando os fatores que caracterizam o começo do ano um momento sem expressivos aumentos no número de produção e venda no mercado automotivo, o presidente da Anfavea demonstrou otimismo com o reaquecimento da indústria, principalmente no que diz respeito ao processo de descarbonização no país.
Essa é a projeção da associação. Isso, porque, já no primeiro bimestre de 2023, embora a venda de automóveis elétricos e híbridos tenha caído 4,4%, a associação prevê que a tendência do mercado é a recuperação.
Outro destaque são as exportações: por conta do faturamento de caminhão ter um custo maior por unidade, o valor das exportações aumentou em 33%. Contudo, a venda de veículos para fora do país não foi tão acentuada, tendo um aumento leve de 3,8%, passando de 33 mil para 34,3 mil carros vendidos.
Márcio Leite, entretanto, vê o cenário com otimismo: “O último dado que temos é para um crescimento desse mercado em torno de 11%, podendo chegar até 420 mil unidades até o final do ano”, observa, por entender que Brasil e Argentina podem estreitar ainda mais a parceria comercial, assim como com o México, que vem ganhando atratividade na economia internacional.
No encontro virtual, o presidente da associação também trouxe como destaque o marco de 20 anos do lançamento do veículo Flex Fuel no Brasil.
“É o que permite que nosso mercado gire em torno de 30% de álcool/etanol nos postos de gasolina. O que é uma vantagem gigantesca quando falamos de processo de descarbonização”.
Foram 40 milhões de veículos produzidos com essa tecnologia, correspondente a 85% dos automóveis e comerciais leves que circulam no país. O mercado brasileiro também se firmou como a maior frota do mundo com potencial, graças à tecnologia desenvolvida pela engenharia brasileira de baixo custo.
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