O mês de setembro trouxe mais resultados positivos para a indústria automotiva, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em coletiva na última semana. Segundo a entidade, este é o oitavo mês consecutivo de crescimento no número de emplacamentos, que ultrapassou a média diária de vendas de 9,2 mil veículos.
Como comparação, no mesmo período do ano passado, a média por dia foi de 7,4 mil automóveis emplacados. Setembro também foi o quinto mês seguido em que o resultado de emplacamentos é superior à média diária de 2021, de 8,4 mil veículos.
“Apesar de toda a dificuldade relacionada a insumos e redução da produção, conseguimos atingir um resultado satisfatório. Este terceiro trimestre teve o melhor desempenho de vendas, continuando a curva ascendente que começou no segundo trimestre por conta do aumento da produção”, esclarece o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Por outro lado, a situação de fornecimento de semicondutores parece longe de se normalizar e a entidade ainda vê isso como um problema que deve se arrastar ainda em 2023, mas na expectativa de que diminua até o segundo semestre.
A mesma posição foi reforçada pelo CEO da Stellantis, Carlos Tavares, em uma entrevista, alguns dias antes, ao jornal francês Le Parisien. O mercado mundial ainda calcula que a crise de fornecimento de semicondutores para a indústria automotiva, que vem causando problemas para o setor desde 2020, deva prevalecer durante todo o ano de 2023, podendo se normalizar somente em 2024.
Durante a coletiva da Anfavea, o presidente da entidade afirmou que estão sendo realizadas conversas com os governos do Japão e Tawain para formar parcerias de investimento para viabilização de fábricas de semicondutores no Brasil.
“O Brasil importa cerca de US$ 13 bilhões em semicondutores e o setor automotivo nacional representa de 10% a 12% desse mercado. Ficou decidido que o país terá uma fábrica de semicondutores como política de desenvolvimento industrial e em breve o governo federal deve publicar uma medida provisória com incentivos fiscais para facilitar a instalação dessas empresas no Brasil”, conta.
Segundo Leite, já existem locais com infraestrutura para receber esse tipo de indústria no país, que pode antecipar a instalação. “Os semicondutores ainda são a maior limitação da produção, que teve um bom crescimento em agosto e se manteve em setembro”, avalia.
Na soma dos meses de julho, agosto e setembro, a produção de veículos foi de 665 mil unidades, 11,6% a mais que no trimestre anterior. Com relação ao mês de agosto, foram produzidos 207,8 mil automóveis (12,7% menor em função dos feriados).
Já os emplacamentos recuaram 7% (totalizando 194 mil) e as exportações de 28,5 mil caíram 39%. As recentes restrições impostas pela Argentina, o esgotamento da cota de isenção para a Colômbia e problemas logísticos foram os principais motivos apontados pela entidade para essa queda. Porém, quando comparados a setembro de 2021, todos os índices mostram alta: 19,3% de alta na produção, 25,1% nas vendas e 19,3% nas exportações.
No acumulado do ano, houve aumento de 6,3% na produção e 31,2% nas exportações. Mas os emplacamentos tiveram um recuo de 4,7%. O segmento com recuperação mais consistente é o de ônibus, com alta acumulada no ano de 63,6% na produção, 8,8% nos licenciamentos e 39% nos embarques para outros países.
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