Refletindo as consequência da paralisação de 13 fábricas automotivas em março e abril, a produção de veículos no Brasil caiu 19,4% nos últimos 30 dias em relação à março, com somente 178,9 mil unidades produzidas. Enquanto isso, o estoque de veículos continua alto, com 206,1 mil unidades paradas nas concessionárias e nas fábricas, em relação às 203,9 mil que estavam no mês passado.
Esses foram alguns dos tópicos abordados no balanço do desempenho do segmento automotivo do primeiro quadrimestre de 2023 apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Os dados foram divulgados em coletiva de imprensa, nesta segunda-feira (8).
O presidente da associação, Márcio de Lima Leite, fez questão de mencionar a importância de entender o contexto dos dados mensais e anuais, visto que abril foi marcado por queda significativa na produção, na venda e na exportação de veículos, enquanto todo o ano passado sofreu com a instabilidade econômica.
“O ano de 2022 foi marcado por uma crise forte da indústria automobilística, principalmente em relação à produção, pela falta de semicondutores, o que refletiu na importação, mercado interno e na produção”, explica. Isso quer dizer, na avaliação dele, que o Brasil tinha um mercado limitado pela oferta, e não pela demanda.
Ainda de acordo com ele, os três feriados nacionais que caíram no mês de abril – Sexta-feira Santa, Páscoa e Tiradentes – também interferiram nesse resultado. Vale lembrar que, no Espírito Santo, a quantidade de dias úteis foram ainda menores, uma vez que também houve o feriado local da padroeira do Estado.
Já o acumulado do mesmo período do ano passado aumentou. Foram produzidas 682 mil unidades no primeiro quadrimestre de 2022; neste mesmo período de tempo este ano, foram fabricadas 714,9 mil unidades. O que corresponde a uma alta de 4,8% sobre o mesmo período de 2022.
Apesar do aumento de vendas em relação ao acumulado do primeiro quadrimestre do ano passado, o levantamento da Anfavea mostrou que ocorreu um decréscimo mensal dos emplacamentos.
Nos quatro primeiros meses de 2023 foram vendidas 633 mil unidades, contra 553 mil unidades durante o mesmo período do ano passado.
Já em abril, isoladamente, foram emplacados 161 mil veículos em comparação ao mês anterior, que registrou 199 mil unidades. Para a entidade, isso é mais um indicativo de que as paralisações das montadoras deram um resultado real no ramo automotivo nacional.
“Embora o mercado tenha apresentado aumento no emplacamento – nada extraordinário –, tivemos um certo aumento da média diária”, garante, ainda, Márcio. A média diária de vendas de veículos em abril foi a melhor do ano, ressalta, com 8,9 mil unidades/dia, mas que boa parte desse crescimento se deve à demanda reprimida das locadoras.
O desempenho da produção e das vendas de leves do quadrimestre também mostrou ser ligeiramente abaixo do projetado. As vendas de caminhões recuaram 16,5% sobre abril de 2022. Para a Anfavea, isso confirma os desafios da introdução da nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que deixou os produtos nacionais em linha com os mais avançados modelos globais, mas com uma elevação de custo.
A produção dos automóveis também registrou queda, como esperado. O decréscimo atingiu 19,4% em relação ao mês anterior, com 178,9 mil veículos fabricados contra 221,8 mil em março. Ainda assim, mostrou aumento de 4,8% em relação ao primeiro quadrimestre de 2022, com 714,9 mil unidades.
Seguindo a mesma toada, as vendas de veículos caíram em 19,2% em abril em relação a março, com 160,7 mil unidades emplacadas neste mês. Comparando ao mesmo período acumulado no ano passado, o aumento conseguiu ser 9,2%.
Já em relação aos veículos com novas tecnologias de propulsão, os carros elétricos e híbridos não fugiram dessa realidade: com queda de 20% em relação a março, com 4,8 mil unidades vendidas.
A exportação também está sendo motivo de preocupação, com uma queda de 23,9%, com 34 mil veículos levados para o mercado externo em abril, contra 44,7 mil em março. Isso indicou também um decrescimento de 24,1% em relação ao mesmo período em 2022, que saiu de 153 mil para 145 mil unidades.
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