Comprar um carro zero é o sonho de muitos brasileiros. Mas adquirir um modelo novo pode ser uma tarefa difícil para boa parte da população. Devido à pandemia da Covid-19, algumas concessionárias precisaram interromper a produção de veículos no ano passado. Sendo assim, o preço dos carros aumentou com a demanda. Por isso, organizar-se financeiramente é o primeiro passo para quem está procurando comprar um automóvel.
No Brasil, o salário mínimo, atualmente, está em torno de R$ 1.100,00. Mesmo com o aumento de 5,3% em relação a 2020, seria preciso economizar, mais ou menos, esse valor 40 vezes para comprar um veículo econômico no país como o Renault Kwid Life 1.0.
“Nesse contexto, os carros zero estão cada vez mais caros devido à pressão cambial e a um choque de ofertas em relação à falta de matéria-prima no mercado. Várias fábricas estão com a produção suspensa e os veículos estão demorando a chegar, por isso a tendência é o preço ficar cada vez mais alto”, comenta o fundador do canal Auto Vídeos e autor do curso “O Código dos Carros”, Liam Mattera.
Sendo assim, a palavra de ordem é: organização. De acordo com a educadora financeira Lorena Milaneze, a dica é juntar o máximo de dinheiro possível para conseguir comprar o carro pagando pouco no financiamento.
“É importante ter consciência de que, como em todo investimento, é preciso realizar um diagnóstico para saber o quanto isso irá mudar no orçamento. Por isso, deve-se fazer uma pesquisa, ir a concessionárias e realizar simulações pela internet a fim de entender qual o melhor carro e forma de pagamento”, comenta Lorena Milaneze.
Além disso, a educadora financeira destaca que esse processo também implica em gastos invisíveis que precisam ser calculados, como Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), seguro, emplacamento, manutenção do veículo e até gasolina.
O gerente de vendas da Contauto Autocenter, Luciano Ribeiro, comenta que hoje o perfil de consumidor mudou. Antes as pesquisas entre veículos eram feitas presencialmente com os clientes visitando diferentes concessionárias, mas hoje a internet tem um peso maior na decisão de compra.
“Ele pesquisa as características do automóvel, a satisfação entre outros clientes e chega à concessionária com alguns modelos em mente. Mas é sempre indicado conhecer o histórico e tradição da agência. Caso aconteça algum problema, a empresa precisa estar disponível para resolver”, recomenda Luciano Ribeiro.
Estude a sua renda para entender o quanto pode comprometer. Depois disso, separe uma quantia fixa mensal e junte o máximo que conseguir para diminuir as prestações do financiamento e os possíveis juros.
Não esqueça que ao tirar um carro da concessionária você também está se comprometendo com seguro, IPVA, emplacamento, manutenção do veículo e etc. São gastos que, inicialmente, parecem pequenos, mas ao colocar na balança, podem chegar a valores bem altos.
Também é importante saber para o que você vai utilizar o veículo e se vai ser apenas para trabalho ou lazer. Assim, é possível analisar o modelo, o design e o motor que mais estarão de acordo com o perfil.
Uma dica importante é fazer um teste drive, porque assim é possível testar o sistema de frenagem, a dirigibilidade e como o motorista fica diante do vidro e painel. Além disso, é sempre importante considerar o tamanho do veículo e da garagem.
Como o valor dos carros zero quilômetro pode não caber no orçamento de algumas pessoas, muitos brasileiros recorrem ao mercado de seminovos. Nesses casos, a organização financeira também precisa estar em dia e a atenção ao estado do veículo precisa ser redobrada.
“Não compre o carro de primeira. Leve o automóvel até um mecânico de confiança para analisar o motor, a suspensão, conferir se tem algum problema na lataria, estepe e se o estado de conservação não está muito arranhado”, indica o gerente da Oficina Beira-Mar, Ricardo Barbosa.
Segundo ele, o veículo seminovo precisa de uma atenção ainda maior porque pode apresentar alguns vícios. Dessa forma, vale a pena ficar de olho no painel e nos indicadores de consumo do ar-condicionado e luzes de anomalia.
Mas, em ambos os casos, deve-se pensar na segurança. Nos carros mais novos é importante observar o controle de estabilidade, enquanto nos veículos antigos é indispensável a presença de airbags.
“Como a realidade no Brasil é desafiadora porque os carros aqui custam caro para comprar e manter, é importante deixar o emocional de lado nesse processo. Então, torne esses pontos como último pilar de decisão, já que alguns itens não são tão prioritários, como uma central multimídia, por exemplo”, finaliza o fundador do canal Auto Vídeos e autor do curso “O Código dos Carros”, Liam Mattera.
No caso de veículos seminovos, a atenção precisa ser redobrada. Por isso, não deixe de levar o automóvel em um mecânico de confiança para verificar o motor, estepe, suspensão, lataria, desgaste do volante e até a pintura.
O padrão de quilometragem ideal é uma média de 10 mil a 12 mil quilômetros rodados por ano. Acima disso, já é um indicativo de que o carro foi muito exposto durante o uso.
Confira se foi comprado dentro da concessionária e quantos donos já teve. Preste atenção ao manual que conta com todas as revisões periódicas e descubra se a manutenção está em dia.
Também não deixe de se informar sobre o local em que está sendo comprado o carro. Verifique o histórico da agência e do responsável pelo automóvel.
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