Com fábricas paralisando atividades e a produção de certos modelos e a crescente demanda por veículos, o mercado brasileiro tem vivido uma situação bastante atípica, por conta da pandemia do novo coronavírus. Prova disso é que por conta dessa alta demanda, os preços também têm subido e, segundo pesquisa realizada pela Kelley Blue Book Brasil (KBB), já é possível encontrar seminovos mais caros do que carro zero, com uma variação de até 3,37%.
O levantamento analisou os preços praticados pelos 10 veículos mais vendidos do País, de acordo com o ranking da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), para identificar quais deles já apresentam esta tendência de inversão de valorização dos seminovos frente aos 0 Km.
Entre os carros analisados, os que tiveram as maiores variações foram o Fiat Strada modelos 2021, que encabeça a lista, com valores variando de R$ 79.060 a R$ 79.859 para o 0 KM e R$ 77.192 a R$ 81.725 na compra do veículo seminovo, registrando uma variação de 3,37% nesse valor. A picape da Fiat, que foi a mais vendida no mês de janeiro e caiu para o segundo lugar em fevereiro, já tem uma fila de espera de cinco meses, segundo site da Quatro Rodas, em comunicado oficial da própria montadora.
Em segundo lugar está o Volkswagen T-Cross 2021, com variação de R$ 113.241 a R$ 114.385 para o 0 Km e R$ 111.135 a R$ 116.489 para a versão seminova, em uma diferença de 2,87%. Já o Chevrolet Onix Plus 2021, campeão de vendas no ano passado e o mais vendido em fevereiro, tem variado de R$ 77.677 a R$ 78.462 para o 0 Km e R$ 75.113 a R$ 79.565 para a mesma versão seminova, numa diferença de preço de 2,43%.
Segundo o diretor da RT Motors, Thiago Vomoca Cardoso, a alta dos preços tem sido causada pela escassez de veículos zero Km por conta da falta de insumos em toda a indústria automotiva. E por consequência, acaba por desabastecer o estoque de carros usados e seminovos nas revendas.
“Desde julho do ano passado já começaram a faltar alguns modelos de carros usados nas lojas. Muito dessa diferença de valores tem fundamento no aumento dos preços dos carros no ano passado. Toda a indústria passou por reajustes e isso também foi repassado para os usados”, observa.
Com até mesmo os veículos usados e seminovos se tornando uma raridade no mercado, o proprietário que deseja trocar de carro também passou a acompanhar essa alta demanda e na hora de revender o seu, ele busca o maior valor. “O lojista, para não ficar sem o modelo, negocia o preço mais alto e é preciso repassar o valor para o comprador final, o que resulta em preços mais altos”, explica.
Para o consultor automotivo Gabriel de Oliveira, é importante analisar as circunstâncias em que esses carros estão sendo vendidos com essa diferenciação de preços e também saber quais as condições desses veículos seminovos que estão saindo mais caros do que um zero de fábrica.
“É importante frisar que essa variação não é regra e pode sim acontecer em algumas situações, mas é apenas uma projeção e não reflete 100% o que acontece no mercado. Há sim o problema da falta de 0 Km para a entrega, mas o conselho é que analise bem a situação. Ninguém quer pagar um carro usado mais caro do que um 0 Km”, avalia.
Se houver a urgência em adquirir um carro durante o período de escassez, Oliveira aconselha optar por modelos mais antigos e com boa qualidade, ao invés de pagar acima do valor de mercado para um seminovo, com seis meses ou um ano de uso. “Procure sempre um consultor confiável, para orientar com relação à checagem do veículo, documentação, se há algum tipo de restrição e passagem por leilão. Não adquira um carro sem antes se certificar disso”, finaliza.
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