O Kicks foi o primeiro produto inspirado e criado pela Nissan para toda a região da América Latina. Foi lançado em 2016 e estreou como carro oficial das Olimpíadas do Rio. Começou a ser vendido no Brasil ainda durante o evento esportivo, inicialmente, importado do México.
A partir de abril de 2017, começou a ser fabricado no Complexo Industrial Nissan de Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é o único modelo produzido naquela fábrica, que abastece o mercado brasileiro e a América do Sul – mais de 330 mil unidades saíram da linha de montagem desde o seu lançamento.
Há dois meses, o presidente e CEO global da Nissan, Makoto Uchida, veio ao Brasil para revelar que a segunda geração do Kicks será um dos dois novos SUVs a serem produzidos em Resende, a partir de 2025.
Até lá, para ajudar a criar alguma novidade para a geração atual, a Nissan tem adotado a estratégia de lançar séries especiais do Kicks. A mais recente é a XPlay, relançada em novembro do ano passado. Segundo a Nissan, são mil exemplares para o Brasil e 360 para exportação.
Destinada ao público que gosta de exclusividade, a edição limitada do utilitário esportivo compacto, apresentada anteriormente em 2021 e 2022, voltou às concessionárias. Toma como base o acabamento Advance e custa R$ 140.490.
A gama do Kicks parte da versão de entrada Active, com preço de R$ 112.990, e segue pelas variantes Active + Multimídia (R$ 114.990), Sense (R$ 118.290), Advance (R$ 132.990), Advance + Pack Plus (R$ 135.190), Exclusive (R$ 146.790) e Exclusive + Pack Tech (R$ 148.790).
O Kicks XPlay é equipado com motor 1.6 aspirado de 16 válvulas – o mesmo de toda a família, também feito em Resende – com 113 cavalos de potência e 15,3 kgfm de torque quando abastecido com etanol. Como no restante da linha, o motor é sempre associado à transmissão tipo CVT com 6 marchas simuladas com função “Sport”.
Resultado de uma colaboração global entre equipes dos centros de design da Nissan no Japão, da Nissan Design America (NDA) e da Nissan Design Latin America, no Brasil, o design do Kicks é basicamente o mesmo desde o lançamento – houve um “facelift” em 2021.
Por fora, o Kicks XPlay 2024 vem com pintura exclusiva em dois tons – carroceria preta com teto Vermelho Malbec. O tom rubro também aparece no acabamento inferior do para-choque dianteiro, nas laterais e na capa dos retrovisores. Como na primeira edição, a assinatura do nome “XPlay” está nas soleiras das portas, acima da placa na tampa do porta-malas e nos bancos dianteiros.
No teto, para reforçar o visual diferenciado, há novamente o aerofólio esportivo preto desenhado especificamente para a versão. As rodas de liga leve de 17 polegadas são em preto brilhante.
O estilo da traseira é complementado com adesivos vermelhos na parte superior das colunas “C” (as de trás). Como a marca oriental costuma fazer em suas edições limitadas, a numeração da unidade fica indicada na grade dianteira, em uma área na cor vermelha.
No interior, vários detalhes de acabamento em vermelho, em lugares como as saídas de ar, a base do volante e as costuras duplas do painel, do apoio de braço e dos bancos com acabamento sintético em preto e cinza.
A segunda edição do Kicks XPlay vem de série com carregador sem fio para celular, rodas aro 17 com acabamento em preto brilhante, multimídia de 8 polegadas com tela sensível ao toque, Bluetooth e espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay, chave presencial inteligente I-Key, botão de partida do motor e painel de instrumentos com display de 7 polegadas em alta definição de imagens.
O crossover da Nissan conta ainda de fábrica com bancos dianteiros com tecnologia “Gravidade Zero”, abertura e fechamento das portas e dos vidros por controle remoto, acendimento inteligente dos faróis, comandos no volante de áudio, do telefone e do piloto automático, direção elétrica, faróis com sistema Follow me Home, para-sol com espelhos para motorista e passageiro, porta-malas com iluminação interna e retrovisor eletrocrômico.
No quesito segurança e auxílio à condução, o Kicks XPlay traz seis airbags, alerta de cinto de segurança destravado (frontais e traseiros), controles de estabilidade e tração, luzes de condução diurna (DRL), sistema Isofix para fixação de cadeirinhas de criança, freios ABS com controle eletrônico e assistência de frenagem, assistência de partida em rampa e travamento central automático das portas com o veículo em movimento.
Sobre a nova geração do Kicks, prevista para chegar em 2025, sabe-se que terá um inédito motor 1.0 turbo, também a ser produzido em Resende, e que deve ser um pouco maior que o atual Kicks.
A produção na América do Sul é um elemento-chave da estratégia na região, na qual a empresa japonesa continua a aprofundar o seu plano de produção de veículos e motores. Sobre o segundo SUV a ser produzido em Resende, que adotará o mesmo motor 1.0 turbo, não há informações.
Porém, há indícios de que seja menor e mais barato que o Kicks – talvez algo do porte do Magnite, produzido pela Nissan na Índia. Atualmente, o catálogo brasileiro da marca japonesa conta ainda com os sedãs Versa e Sentra, importados do México, a picape Frontier, da Argentina, e o elétrico Leaf, do Reino Unido.
Com os dois novos modelos, a empresa projeta duplicar sua participação de mercado brasileiro – no ano passado, o “market share” da Nissan no Brasil foi de 3,3%. O Kicks apareceu na décima quinta posição no ranking dos carros de passeio e comerciais leves mais vendidos do país, com 50.778 emplacamentos.
Dentro da versão X Play, como em toda a linha Kicks, os bancos dianteiros com tecnologia “Gravidade Zero” continuam a ser um dos destaques – ajudam a reduzir as cargas na coluna vertebral ao simular a posição relaxada que o corpo humano assume em ambiente sem gravidade.
O multimídia Nissan Connect com tela de 8 polegadas sensível ao toque tem boa visibilidade e comandos intuitivos. Com a chave presencial I-Key combinada ao sistema eletrônico de ignição Push Start, basta apertar um botão para acionar o motor. Por sinal, o “powertrain” com CVT do Kicks continua bastante rumoroso, característica ainda mais perceptível em fortes acelerações.
O estilo do habitáculo preserva o aspecto jovial característico do SUV compacto da Nissan. O acabamento em Vermelho Malbec nas saídas redondas de ar e nas costuras e o nome “XPlay” estampado nas soleiras das portas e nos encostos dos bancos dianteiros ajudam a dar um aspecto mais contemporâneo.
Pena que a XPlay não incorpore a Visão 360 Graus, restrito à versão “top” Exclusive. Composto por quatro câmeras externas instaladas na frente, na traseira e em ambos os retrovisores, que reproduzem uma visão periférica total, o sistema faz o motorista se sentir dentro de um “game” – até por isso, teria tudo a ver com o Kicks XPlay.
Na época do lançamento do Kicks, o criativo marketing da Nissan afirmou que, em inglês, o termo “kicks” (que pode ser traduzido diretamente como “chutes”) também significa “fazer algo por diversão – emoção que dá prazer”. No caso do Kicks, a emoção e a diversão se refletem mais no design – que, apesar de já um tanto “datado”, ainda expressa um estilo jovial, especialmente na série especial XPlay.
Já em termos dinâmicos, o motor flex 1.6 aspirado – que move o modelo desde o lançamento, há quase oito anos – já revela os sinais da passagem do tempo. Entrega 113 cavalos de potência a 5.600 giros e 15,3 kgfm de torque a 4 mil giros quando abastecido com etanol – números que convenciam em 2016, mas que agora são considerados pouco impactantes para o segmento.
Contudo, o conjunto oferece surpreendente agilidade no tráfego urbano, que pode ser parcialmente creditada ao baixo peso do Kicks – a versão Exclusive pesa 1.136 quilos em ordem de marcha. Ou seja, o crossover da Nissan tem peso de hatch – tem somente 23 quilos a mais em comparação ao Chevrolet Onix 1.0 Turbo Premier, que totaliza 1.113 quilos.
É claro que um turbocompressor daria – e, na próxima geração, dará – mais esportividade ao SUV da Nissan, assim como uma opção de acionamento manual de marchas simuladas. Porém, ambos sempre foram descartados no Kicks para não elevar o preço. Se, no uso urbano, o modelo até atende à demanda, na estrada, o torque e a potência limitados se tornam perceptíveis, principalmente nas ultrapassagens com o veículo carregado.
O câmbio CVT tenta driblar as limitações do fôlego do motor ao elevar a rotação. Também é possível recorrer ao botão “Sport” – discretamente instalado na parte frontal da manopla do câmbio. Ele proporciona uma elevação dos giros nas trocas das marchas simuladas, algo mais notável nos ouvidos do que na performance.
Apesar da altura elevada, o Kicks é um SUV compacto razoavelmente equilibrado nas curvas, desde que o motorista não exagere na velocidade. A direção elétrica progressiva é suave nas manobras e ganha firmeza conforme a velocidade aumenta.,
Por Luiz Humberto Monteiro Pereira
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