Em 2020, chegou ao Brasil a reestilização do 208, que transferiu sua produção industrial de Porto Real, no Rio de Janeiro, para a Argentina. A repaginação do hatch compacto, apresentando ao mercado local as luzes diurnas que remetem a “dentes de sabre”, era mais do que necessária e agradou ao público brasileiro.
Mas faltava um algo a mais ao carro-chefe da marca do leão. Em julho do ano passado, a linha 2024 do 208 teve discretas alterações estéticas e apenas nas versões Like, Style, Active e Roadtrip – todas equipadas com o veterano motor aspirado 1.6. O reforço necessário veio apenas em setembro, quando chegaram às concessionárias três configurações do 208 – Allure, Style e Griffe – movidas pelo motor turbo T200 da Stellantis.
As configurações do 208 com o T200 – que foi lançado no utilitário esportivo Fiat Pulse e é adotado na picape Fiat Strada e nos SUVs Fiat Fastback e Citroën C3 Aircross – têm até 130 cavalos de potência e 20,5 kgfm de torque disponível a 1.750 rpm. Segundo a Peugeot, o pico de força surge em rotação mais baixa do que o registrado pelos concorrentes.
O 208 é o modelo mais leve da Stellantis a receber o motor T200 produzido em Betim (MG). Nas versões com turbo, veio outra novidade: pela primeira vez no Brasil, um carro de passeio da Peugeot passava a ser equipado com o câmbio automático tipo CVT, tendo sua programação a cargo da Aisin – simulando 7 marchas e oferecendo o modo “Sport”, com trocas sequenciais feitas na alavanca.
De acordo com a Peugeot, a suspensão dianteira recebeu ajuste exclusivo para as variantes turbinadas, com o comportamento dinâmico ficando mais equilibrado, com maior controle de rolagem.
As variantes do 208 com motor T200 têm preços de R$ 99.900 na Allure, de R$ 109.990 na Style (do carro testado) e de R$ 114.990 na Griffe.
A Allure conta com todos os itens de série da Active 1.6, como central multimídia Peugeot Connect 10,3 polegadas com conexão wireless para Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado automático e digital, direção com assistência elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, volante Sport Drive com comandos de som, sensor de estacionamento, câmera de ré, controles de tração e de estabilidade, DRL em leds, luzes de circulação diurna nos “dentes de sabre” e novas rodas Kanobi aro 16 com acabamento Black Diamond.
A versão pode receber teto panorâmico, carregador por indução, revestimento em couro para volante e painel de porta e bancos e apoio de braço para o motorista com o pacote opcional Excellence, adicionando o Peugeot Entry n’ Go, que possibilita travamento e abertura do veículo por aproximação e partida e parada do motor com acionamento pelo botão Start/Stop.
Das três configurações turbinadas, a que tem o melhor custo-benefício é a Style, tendo tudo da Allure e mais, de série, o pacote Excellence, o Visiopark 180 graus, ponteira cromada e novas rodas Bronx aro 17 com acabamento Dark Grey Diamond com raios entrelaçados.
Acrescenta ainda faróis full-led e teto panorâmico, bancos “Style” em tecido, couro e alcântara, interior escurecido, soleira com a inscrição “Peugeot”, pedais esportivos em alumínio e tapetes bordados.
O pacote tecnológico inclui o i-Cockpit 3D. A família do 208 turbo se completa com a Griffe, com o acréscimo de seis airbags, sensor de chuva e luminosidade e o Peugeot Drive Assist, com auxílios à condução com alerta de colisão, frenagem de emergência automática, auxílio de farol alto, reconhecimento automático de sinalização de velocidade, detector de fadiga e alerta e correção de permanência em faixa.
Com o lançamento da linha 2024 e a posterior introdução do motor turbo, a família 208 aumentou em cerca de 50% suas vendas no Brasil – saiu da média mensal de 1.924 unidades no primeiro semestre de 2023 para a atual média de quase 3 mil exemplares mensais da linha 2024.
A próxima novidade prevista para o 208 – o “facelift” apresentado em julho do ano passado na Europa no e-208 elétrico e que se estendeu à toda a linha do hatch compacto no continente europeu – ainda não tem data definida para chegar ao Brasil.
No atual 208 europeu, a principal evolução estética frontal é o fim das luzes diurnas no estilo “dentes de sabre”, que foram substituídas por filetes triplos paralelos. Para o marketing da Peugeot, eles evocam “marcas de garras”. É provável que a novidade chegue à fábrica da Peugeot na Argentina até 2025 – e, de lá, desembarque no Brasil.
A cabine do 208 Style turbo mantém os acabamentos de bom gosto já conhecidos do modelo da Peugeot, com a vantagem de ser escurecida, dando uma certa aura de aconchego ao motorista e aos demais ocupantes, com seu maior cartão de visita preservado – o volante pequeno.
No novo 208, ele ficou ainda mais atrativo por ter a forma retangular, com os quatro cantos arredondados, saliências para a boa colocação das mãos ao estilo “duas horas e 50 minutos” e a vantagem extra de o motorista poder apoiar a palma das mãos nos cantos quando a direção gira em manobras.
A Style tem o i-Cockpit 3D, tecnologia que dá a sensação de o motorista contar com um duplo painel de instrumentos atrás do volante. E o “truque” é muito bem bolado: as informações são projetadas em uma terceira camada, dando a impressão de flutuarem. O “segredo do mágico” vem à tona com a explicação técnica: são duas telas que se sobrepõem no cluster, formando uma terceira praticamente virtual.
Motorista e passageiros têm a multimídia Peugeot Connect com 10,3 polegadas colocada em destaque bem no centro do painel. E ela assume um “porte avantajado” em comparação ao tamanho do carro, dominando o interior e tendo o acesso a todas as funções de conectividade e conforto, incluindo o acionamento do sistema de ar-condicionado digital automático.
Mais abaixo, no próprio painel ao ar-condicionado, existem teclas físicas de ajustes de direção do fluxo do ar na cabine, de desembaçamento e outras funções. Descendo mais um degrau na parte central do painel, há um compartimento para carregamento de celular via wireless.
O que tem de mais importante na versão Style do 208 turbo é experimentar os “pontos ganhos” com a chegada do propulsor turbinado ao carro-chefe da Peugeot. Os 1.102 quilos do carro dão uma vantagem ao 208 com o 1.0 T200 de até 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm de torque – todos os modelos da Fiat e da Citroën que adotam o mesmo motor são mais pesados.
A boa sincronia com o câmbio automático tipo CVT de 7 marchas simuladas fazem o carro ganhar velocidade com facilidade, com boas respostas e pouco atraso de entrada do turbocompressor, quase imperceptível. Contudo, o 208 turbo sente falta de “paddles shifts” para trocas sequenciais ao comando do motorista, que tem, para isso, se satisfazer com mudanças manuais em toques na alavanca de câmbio.
Com o modo “Sport” – acionado em um interruptor no lado esquerdo do painel de instrumentos –, o carro fica ligeiramente mais esperto, mas nada que lhe confira um comportamento de fato esportivo.
Obviamente, o 208 turbinado dá de “dez a zero” nas versões com motor aspirado. No entanto, a “goleada” vem no desempenho dinâmico do 208 turbo, na sua capacidade de encarar curvas mais rápidas grudado ao chão – graças também à ajuda do acerto da recalibração das suspensões e aos eficientes controles de estabilidade e de tração –, nas reacelerações e na agilidade no trânsito das cidades. A aceleração de zero a 100 km/h – feita em nove segundos – e a velocidade final de 205 km/h nem são tão significativas, pois o hatch da Peugeot não tem a proposta de ser um esportivo de fato.
Porém, é o conjunto no comportamento dinâmico do carro que faz a diferença e dá o carimbo de acerto da marca francesa para finalmente incorporar o motor turbo ao seu principal produto. De acordo com números do Inmetro, o 208 Style turbo tem consumo urbano de 9,6 km/l abastecido com etanol e de 13,6 km/l com gasolina. No rodoviário, é de 11 km/l e de 15,5 km/l, respectivamente.
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