O C3 Aircross foi desenvolvido pela equipe de engenharia da Stellantis para ser vendido do Brasil e na América do Sul. Chegou às concessionárias brasileiras em dezembro do ano passado, apresentado pela Citroën como “o SUV turbo mais acessível do Brasil”.
As três versões – Feel, a R$ 112.990, Feel Pack, a R$ 119.990, e Shine, a R$ 128.590 – são equipadas com o motor turbo T200 já utilizado pela Fiat e pela Peugeot, marcas pertencentes ao mesmo grupo Stellantis. Em fevereiro deste ano, chegaram as variantes de sete lugares – denominadas Aircross7 –, com a mesma motorização e preços de R$ 120.990 e de R$ 136.590.
Contudo, apesar do óbvio apelo a uma das partes mais sensíveis do consumidor automotivo brasileiro – o bolso –, o Aircross ainda não decolou nas vendas. De janeiro a julho, o modelo teve cerca de 5 mil unidades comercializadas – o Volkswagen T-Cross, SUV mais vendido do Brasil em 2023 e 2024, emplacou mais de 36 mil unidades no mesmo período.
O SUV compacto da Citroën é produzido no Polo Industrial de Porto Real (RJ), com mais de 75% de seus componentes fabricados na região. Com 4,32 metros de comprimento, 1,72 metro de largura e 1,65 metro de altura, o C3 Aircross tem uma distância de entre-eixos de 2,67 metros.
Comparado ao hatch C3, com o qual compartilha a plataforma, é 34 centímetros mais comprido, 13,5 centímetros maior no entre-eixos e nove centímetros mais alto. O estilo é próprio e não parece herdado do “colega de fábrica” hatch. As particularidades do C3 Aircross são percebidas nos para-lamas proeminentes, que ajudam a dar um aspecto robusto, no para-choque ressaltado e nos elementos pintados em preto brilhante.
As luzes de circulação diurna (DRL) de leds de série se ligam às barras cromadas da grade, acompanhada pelo “Duplo Chevron” da marca francesa. O visual “musculoso” se explica porque as bitolas maiores exigiram para-lamas alargados em relação ao C3. Esse jeito “anabolizado” avança pelas laterais, com portas amplas e rodas de 17 polegadas (na versão Shine).
O estilo robusto do carro é reforçado pelos arcos dos para-lamas revestidos, para oferecer uma proteção extra à carroceria. Na traseira, a lanternas são destacadas, com elementos que unem visualmente o para-lama com o porta-malas, com capacidade de 493 litros na configuração de cinco lugares. Já em relação à segurança, além dos itens obrigatórios por lei, o C3 Aircross acrescenta apenas airbags laterais.
Em todas as versões, inclusive nas com sete lugares, o C3 Aircross tem o motor GSE T200 da Stellantis, já usado em outros modelos do grupo, como na picape Fiat Strada e no hatch Peugeot 208. No C3 Aircross, o propulsor rende 130 cavalos com etanol e 125 cavalos com gasolina sempre a 5.750 rotações por minuto, com 200 Nm (daí o seu nome) ou 20,4 kgfm de torque a 1.750 giros presentes em uma ampla faixa de rotação.
O “powertrain” do C3 Aircross é composto pelo câmbio automático tipo CVT com 7 marchas simuladas. São três modos de condução. O padrão é o “Normal”. O “Sport” pode ser acionado quando o motorista necessitar de mais desempenho, com alteração no mapa de trocas de marchas.
E o “Sequencial” permite comandar as mudanças por meio de toques para frente (marchas ascendentes) e para trás (reduções) na alavanca de câmbio – não há “paddles shifters” de trocas no volante. O Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), do Inmetro, aponta consumo urbano de 10,6 km/l (gasolina) e de 7,4 km/l (etanol) e rodoviário de 12 km/l e de 8,6 km/l, respectivamente.
Na configuração de cinco lugares, a “top” Shine é a que ostenta os melhores atributos do C3 Aircross para encarar a concorrência. Em relação à intermediária Feel Pack, acrescenta rodas de liga leve de 17 polegadas e pneus 215/60, faróis de neblina, câmera de ré, bancos e volante com forração premium, controlador de velocidade com limitador integrado, skid plate (“peito de aço”) frontal e traseiro, grade do radiador na cor preto brilhante e acabamento traseiro também em preto brilhante.
O C3 Aircross Shine é oferecido nas cores Preto Perla Negra (sem acréscimo no preço), Preto Perla Negra com teto branco (mais R$ 1.400), Branco Banquise (mais R$ 1 mil), Branco Banquise com teto preto (a do modelo testado, mais R$ 3 mil), Cinza Artense (mais R$ 1.600), Cinza Artense com teto preto (mais R$ 3 mil), Cinza Grafito (mais R$ 1.600), Cinza Grafito com teto preto (mais R$ 3 mil), Cinza Grafito com teto branco (mais R$ 3 mil), Vermelho Rubi (mais R$ 1.600), Vermelho Rubi com teto preto (mais R$ 3 mil) e Vermelho Rubi com teto branco (mais R$ 3 mil).
O interior do C3 Aircross Shine é espaçoso para um SUV compacto, e o teto alto reforça a sensação de amplitude. Os bancos são ergonômicos e seguram bem o corpo, mas a espuma um tanto rígida não favorece o conforto. A posição de dirigir é mais alta, no entanto, não há controle de profundidade no volante – apenas de altura.
O acabamento e o isolamento acústico são superiores aos do hatch C3, porém, não chegam a ser pontos fortes do C3 Aircross –, alguns encaixes carecem de um arremate mais caprichado e o ruído do motor adentra o habitáculo sem maiores cerimônias. Com exceção dos bancos e do forro do teto, todos os revestimentos são em plástico duro.
Faltam as saídas de ar-condicionado para a segunda fileira, mas há duas portas USB-A para recarga de smartphones. Os comandos dos vidros elétricos traseiros, que abrem e fecham com um toque, estão atrás do freio de estacionamento. A chave segue o padrão do C3, ou seja, não é sequer do tipo canivete, mesmo no topo de linha Shine.
De série em todas as versões do C3 Aircross, o conhecido multimídia Citroën Connect Touchscreen de 10 polegadas oferece espelhamento para Android Auto e Apple CarPlay sem fio, podendo ser comandado por toque na tela sensível ou por botões no volante. A tela do tipo “flutuante” fica em posição elevada, que facilita a visualização, e os comandos são diretamente na tela.
A câmera de ré oferece boa definição de imagem, com o sensor de estacionamento ajudando na manobra. O painel digital de TFT de 7 polegadas é customizável, oferecendo seis tipos de telas e duas opções de cores para o motorista, selecionáveis no volante.
No painel está também o Ecodriving, que analisa como o veículo está sendo conduzido, conferindo se a eficiência energética está adequada. A informação aparece na tela principal do painel digital, ao redor do velocímetro, e por meio de uma folha de árvore estilizada no canto do quadro de instrumentos, que muda de cor conforme o veículo evoluiu na economia de combustível.
Toda a linha C3 Aircross é movida pelo motor GSE T200, de origem Fiat, a versão turbinada do tricilíndrico Firefly 1.0, com válvulas de admissão controladas pelo sistema eletro-hidráulico Multiair, acoplado a um câmbio tipo CVT. A adoção do conjunto mecânico desenvolvido pela Fiat deve ajudar a reduzir as desconfianças de parte dos consumidores brasileiros com as marcas francesas.
O “powertrain” entrega 125/130 cavalos e 20,4 kgfm. Dá conta de deslocar mais de 1.200 quilos do C3 Aircross com desembaraço, contudo, não chega a oferecer um desempenho empolgante. Consegue acelerar o SUV de zero a 100 km/h em 9,7 e 9,9 segundos, com etanol e gasolina.
As acelerações e retomadas são progressivas, mas o conjunto mecânico é focado na economia e as relações das marchas simuladas do CVT parecem um tanto alongadas. Inicialmente, é perceptível um “turbo lag” assim que o acelerador é pressionado. À medida que o giro sobe e se aproxima das 2 mil rpm, o modelo se mostra ágil.
Tudo bem coerente com o perfil familiar do C3 Aircross. As marchas simuladas podem ser trocadas manualmente por meio da alavanca e são exibidas no quadro de instrumentos. Os freios estão corretamente dimensionados e param o carro com segurança, apesar de a frente abaixar um pouco.
O C3 Aircross é um SUV compacto agradável de se dirigir. A suspensão – tradicionalmente, uma especialidade da marca francesa – não chega a absorver tão bem as imperfeições do solo, entretanto, cumpre com dignidade a tarefa de evitar que a carroceria se incline excessivamente em curvas. Parte das vibrações são absorvidas pelos pneus de perfil alto (215/60 R17).
A assistência elétrica da direção é progressiva e bem calibrada – macia em manobras e endurecida quando a velocidade cresce. A boa distância em relação ao solo (20 centímetros) ajuda a transpor os buracos cotidianos das ruas brasileiras.
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