Com uma história de mais de uma década e meia de e vindas no Brasil, o Volkswagen Tiguan voltou ao mercado nacional há exatamente um ano, em outubro de 2023, depois de dois anos de ausência.
Oferecido apenas na versão Allspace (de sete lugares) e com o acabamento esportivo R-Line, o utilitário esportivo enfrenta por aqui concorrentes com configuração similar e foco em famílias numerosas, como o Jeep Commander, o Caoa Chery Tiggo 8, o Chevrolet Spin e o Citroën C3 Aircross.
Na prática, pela configuração de motor e nível de equipamentos, os rivais diretos são o modelo da Jeep e o da Caoa Chery – de janeiro a setembro, o Commander vendeu 11.982 unidades e o Tiggo 8 totalizou 6.646 vendas, ambos bem acima dos 2.490 do Tiguan Allspace emplacados no mesmo período.
Se não consegue disputar a liderança do segmento, o Tiguan cumpre a tarefa de representar o lado mais requintado da marca alemã no Brasil. Como modelos elétricos como o ID.4 e o ID.Buzz são oferecidos no Brasil somente por assinatura, o Tiguan é Volkswagen mais caro comercializado no país – é oferecido no site da marca por R$ 292.990. O único opcional, o teto solar panorâmico, presente no modelo testado, acrescenta R$ 10.450 à fatura, totalizando R$ 303.440.
A segunda geração do Tiguan, atualmente comercializada no Brasil, é produzida em Puebla, no México, e desenvolvida sobre a plataforma MQB Evo, para modelos médios alongados. Foi lançada lá em 2016, com um facelift em 2021.
No mercado europeu, a terceira geração já está à venda há um ano e tem motor híbrido, mas a segunda deve se manter nas concessionárias das Américas até 2026 – quando está previsto que a fábrica mexicana da Volkswagen passe a produzir modelos elétricos.
Na Europa, a marca alemã acaba de revelar o Tayron, modelo para sete pessoas que pode se tornar uma futura opção de SUV médio de sete lugares nas Américas do Norte e Latina, incluindo o Brasil.
O atual Tiguan mexicano ostenta linhas predominantemente geométricas, porém, a parte frontal já apresenta a atual “Face Family” da Volkswagen, mais orgânica e com arestas suavizadas. A grade tem o mesmo filete iluminado que está em outros modelos da marca, como o Taos. Os faróis Led Matrix IQ.Light com indicadores de direção dinâmicos reforçam a modernidade.
As proporções da carroceria são harmônicas e bem dimensionadas – o modelo não parece ter sido “esticado” para levar sete pessoas. As rodas de liga leve são de 19 polegadas. Há cinco opções de cores: a sólida Branco Puro (a do modelo testado) e as metálicas Prata Pyrit, Cinza Platinum e Azul Atlantic e a perolizada Preto Mystic.
O SUV importado do México usa o motor 300 TSI, um 2.0 turbo com 186 cavalos e 30,6 kgfm, com tração dianteira e sistema start-stop, gerenciado por um câmbio automático de 8 velocidades com “paddles shifters” no volante para trocas de marcha – o mesmo conjunto comercializado nos Estados Unidos.
Movido a gasolina, o motor tem quatro cilindros em linha e duplo comando no cabeçote variável na admissão e no escape, com quatro válvulas por cilindro, injeção direta de combustível e acelerador eletrônico. Na avaliação de consumo do Inmetro, o Tiguan 300TSI fez média de 9,2 km/l na cidade e 11,3 km/l na estrada, com notas C na categoria e D no geral.
Para tornar a vida a bordo mais confortável, o Tiguan traz chave presencial para travas e ignição, abertura e fechamento elétrico da tampa do porta-malas com sensor, ar-condicionado com três zonas de temperatura, bancos dianteiros com ajustes elétricos e climatizados, banco do motorista e retrovisores com memória, revestimento parcial em couro nos bancos e, opcionalmente, teto solar panorâmico.
Na parte de interatividade, o crossover inclui uma central multimídia com tela de 8 polegadas, navegação nativa e espelhamento sem cabo, além de carregador de celular por indução.
O painel de instrumentos Active InfoDisplay com tela de 10,25 polegadas pode exibir mapas de navegação. O volante multifuncional tem teclas “touch” e a iluminação ambiente é configurável. Para facilitar a vida do motorista, oferece ainda estacionamento automático para vagas paralelas e perpendiculares.
Na segurança, o Tiguan vem com controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com reconhecimento de pedestres e frenagem autônoma, monitoramento de pressão dos pneus, seis airbags, monitor de faixa, sensores dianteiros e traseiros e câmera de ré. Airbags frontais, laterais e de cabeça são de série.
No interior do Tiguan, o acabamento é de primeira e a montagem é cuidadosa. As superfícies são emborrachadas ou almofadadas, e o couro sintético dos revestimentos aparenta qualidade. O acesso ao habitáculo é facilitado pela altura do modelo, que não é tão elevado quanto a maioria dos SUVs.
Há conforto de sobra, tanto nos bancos frontais quanto na segunda fileira – quem senta no lugar central da segunda fileira é prejudicado pelo descansa-braços, que fica embutido no encosto.
O revestimento dos bancos é parcialmente em couro perfurado, com logotipo “R-Line” nos frontais. Já os lugares da terceira fileira de bancos são mais desconfortáveis, por conta do piso elevado, e requerem uma elasticidade adicional no embarque – algo comum nesse tipo de veículo. São mais adequados para crianças.
A central multimídia Discover Media com tela de 8 polegadas – pequena em relação aos competidores – é sensível ao toque. Permite espelhamentos sem fios para Android Auto e Apple CarPlay e traz botões físicos para volume e sintonia – uma vantagem para os avessos à atual tendência de concentrar todos os comandos na tela. O painel digital Active InfoDisplay tem 10,25 polegadas e é configurável.
O volante “touch” em couro com logo “R-line”, tem “paddles shifters” e faz jus ao adjetivo multifuncional – reúne 19 comandos. Como alguns são sensíveis ao toque, eventualmente o motorista pode acioná-los de forma involuntária – e trocar a estação de rádio ou aumentar o volume.
Há fartura de porta-objetos, para todos os bancos. Na configuração para cinco passageiro, o porta-malas é generoso, com capacidade para 686 litros. Com sete assentos, sobram 216 litros. O isolamento acústico é eficiente e quase não se percebe a bordo o som do motor ou ruídos de rodagem e aerodinâmicos.
Apesar de insinuar o sobrenome R-Line da versão oferecida no Brasil, esportividade não é exatamente o que o Tiguan Allspace entrega.
O motor 300TSI de 186 cavalos e 30,6 kgfm não se propõe a tornar o SUV da Volkswagen um esportivo, mas move com agilidade seus 1.794 quilos – o zero a 100 km/h pode ser feito em 9,2 segundos e a velocidade máxima é de 215 km/h.
No uso urbano, o conjunto mecânico entrega acelerações consistente e retomadas vigorosas – bem assessorado pelo câmbio automático de 8 velocidades, que não dá trancos na troca de marchas e transmite suavidade.
O Tiguan Allspace faz do apelo às famílias numerosas o seu grande trunfo. Contudo, com o carro cheio, com sete ocupantes e bagagens, evidentemente a performance perde parte da agilidade – porém, passa longe de ser moroso.
A suspensão independente nas quatro rodas tem a firmeza habitual dos modelos da marca alemã, entretanto, mantém um ajuste que fica entre o conforto e a dinâmica – com estabilidade em velocidades altas e alguns sacolejos em pisos mais acidentados.
A capacidade de fazer curvas com pouca rolagem de carroceria impressiona. A direção é precisa e tem uma comunicação correta com as rodas. De modo geral, o Tiguan é um SUV bastante estável e gostoso de se dirigir.
Um ponto alto é o pacote de assistências com controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão com reconhecimento de pedestres e frenagem autônoma – inclusive em baixa velocidade –, que não deixa nada a desejar em relação à concorrência.
Em manobras, os sensores do carro detectam outros veículos cruzando a traseira e emitem alertas ao condutor. Para facilitar a tarefa de estacionar, o Tiguan conta ainda com sistema Park Assist para vagas perpendiculares e paralelas
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