A picape Fiat Strada surgiu em 1996, como uma “versão com caçamba” do hatch Palio. Desde então, o modelo fabricado em Betim (MG) sempre esteve à frente da concorrência para atender às demandas do consumidor. Começou inovando com a cabine estendida, depois, com a versão Adventure, em seguida, lançou uma cabine dupla com três portas, até que, em 2021, com a nova Strada, tornou-se uma picape de cabine dupla com quatro portas – a versão de cabine estendida (a Fiat chama de Plus) sobrevive apenas nas configurações básicas Endurance e Freedom.
Um quarto de século depois do lançamento, em 2021, foi o primeiro utilitário a liderar o ranking anual de vendas de automóveis no Brasil – posto historicamente dominado pelos hatches, como o Volkswagen Gol e o Chevrolet Onix. E, em dezembro do ano passado, saiu na frente novamente ao oferecer a primeira picape compacta com cabine dupla, quatro portas e câmbio automático do mercado.
A Strada com transmissão automática tipo CVT com 7 marchas simuladas surgiu em duas versões – a Volcano (que mantém uma opção com câmbio manual) e a nova topo de linha Ranch. Nos sete primeiros meses de 2022, a picape emplacou 61.944 unidades e manteve o posto de automóvel mais vendido do país, superando com larga margem os 50.933 emplacamentos do hatch Hyundai HB20, o segundo colocado. Ou seja, as versões automáticas cumpriram a função de manter a picape compacta da Fiat muitíssimo à frente da concorrência – atualmente, a Strada tem como rival apenas a veterana Volkswagen Saveiro.
A Fiat admite que a opção do câmbio automático era um desejo dos consumidores da Strada desde o lançamento da nova geração, apresentada em junho de 2020. A transmissão automática tipo CVT com 7 marchas simuladas da picape trabalha associada ao motor 1.3 aspirado Firefly de até 107 cavalos de potência a 6.250 rotações por minuto, 13,7 kgfm de torque a 4 mil giros, aceleração de zero a 100 km/h em 12 segundos e velocidade máxima de 165 km/h, tudo isso quando abastecida com etanol.
A transmissão CVT oferece três modos de condução. No modo “Automático”, a central eletrônica faz leituras constantes da forma como o motorista dirige e a situação do veículo para ajustar a melhor relação de marcha com foco no consumo. No “Manual”, a troca de marchas de maneira sequencial pode ser feita por meio de borboletas no volante ou pela própria alavanca de câmbio. Já no “Sport”, a central eletrônica promove ajustes para entregar respostas mais ágeis – o acelerador fica mais sensível, a assistência elétrica da direção é enrijecida e o CVT adota relações de marchas simuladas mais curtas.
Externamente, a carroceria da Strada chama a atenção pela frente elevada e o capô vincado que ressaltam a robustez. O centro da grade abriga o logo da fabricante e, nas laterais, os faróis de leds afilados com luzes DRL (Daytime Running Light) reforçam o aspecto imponente. O estilo italiano é explicitado pela “Fiat flag” – uma bandeirinha da Itália estilizada por quatro faixas verticais, posicionada em um canto da grade. A linha de cintura ascendente destaca as caixas de rodas quadradas e as lanternas assimétricas avançam pelas laterais.
Em relação à Volcano manual, o único diferencial exterior é o logotipo “AT” na traseira. O pacote de equipamentos inclui controle de estabilidade com assistente de partida em rampa (Hill Holder), agregando mais segurança e conforto junto ao câmbio automático, enquanto o controle de tração E-Locker (TC+) faz ajustes constantes para garantir o máximo de tração mesmo em pisos escorregadios a até 65 km/h. A altura livre em relação ao chão entre os eixos é de até 23,3 centímetros, o ângulo de entrada (o da frente) supera 23 graus e de saída (o de trás) fica em de 28,7 graus. A suspensão traseira é de eixo rígido do tipo ômega. A caçamba de 844 litros de capacidade já vem com protetor e capota marítima.
A Strada Volcano AT tem preço a partir de R$ 120.990 (R$ 124.963 no Estado de São Paulo), exatos R$ 8 mil acima da Volcano com câmbio manual. Mas esse preço vale somente para a cor Preto Vulcano. As tonalidades sólidas Vermelho Montecarlo e Branco Banchisa acrescem R$ 900 ao preço. As metálicas Prata Bari, Cinza Silverstone (a do modelo testado) e a recém-lançada Cinza Strato (uma novidade da linha 2023) somam R$ 2.350 à fatura e a perolizada Branco Alaska encarece a conta em R$ 2.500. Os preços sugeridos podem variar de acordo com os impostos regionais. A versão Ranch custa R$ 5 mil a mais, o que explica o fato de a Volcano ser a configuração automática mais procurada.
Na Strada de cabine dupla, o banco traseiro acomoda três adultos com conforto similar ao proporcionado pelo hatch Argo. As portas dianteiras se abrem em 70 graus e as traseiras, em 80 graus, para facilitar o acesso. Os porta-objetos incluem lugares específicos para celulares, garrafas, latas e outros objetos pessoais. A versão Volcano com câmbio automático não difere da manual em termos de itens de série e é bem equipada de fábrica em termos de segurança: tem sensores sonoros e câmera de ré com linhas dinâmicas, faróis de neblina e sensor de monitoramento da pressão dos pneus, além dos quatro airbags de série. A lista de equipamentos conta ainda com direção com assistência elétrica, computador de bordo, vidros elétricos nas quatro portas, volante multifuncional, retrovisores elétricos e quadro de 3,5 polegadas de TFT.
A tecnologia de conectividade da picape tem sistema multimídia com tela de 7 polegadas com espelhamento com Android Auto e Apple CarPlay sem cabos, Wireless Charger para carregamento de smartphone sem fio e um segundo conector USB para passageiros do banco traseiro. Na linha 2023, uma novidade na versão Volcano é que o ar-condicionado passou a ser digital automático. Com fácil acesso, o clima agora pode ser controlado com precisão e maior comodidade utilizando apenas a função “Auto”, que regula o clima interno com a temperatura desejada pelo cliente.
Como qualquer picape, a Strada é enquadrada como um veículo utilitário, diferentemente dos chamados “carros de passeio” – hatches, sedãs e utilitários esportivos. Contudo, na prática, trata-se de um carro de passeio com caçamba. No uso urbano, a picape da Fiat é um compacto dócil, sem diferenças significativas de dirigibilidade em relação a um hatch, sedã ou SUV de porte similar – como o Argo, o Cronos ou o Pulse, com os quais compartilha plataforma e motores.
O “powertrain” tem boa entrega de força em baixa rotação, o que contribui para a eficiência – não chega a oferecer uma performance esportiva, mas passa longe de ser “molenga”. Com sua direção eletricamente assistida, a Strada é fácil de se manobrar, inclusive para entrar e sair de vagas apertadas. E nas versões com câmbio automático do tipo CVT, agrega ainda mais conforto, especialmente no “anda e para” do trânsito urbano. Para quem prefere controlar a transmissão pessoalmente, há a possibilidade de trocar as marchas (simuladas, como em todo o CVT) manualmente, na alavanca de câmbio ou nos “padlles shifts” do volante.
Nas estradas, em velocidades mais elevadas, a picape surpreende pelo equilíbrio dinâmico, sem aquela traseira um tanto “solta” comum às picapes de tração dianteira com caçamba vazia – sacoleja pouco e, quando carregada, naturalmente, ajuda a “assentar” o veículo, principalmente nas curvas feitas de forma mais acelerada. Vazia ou carregada, a Strada apresenta um comportamento bastante neutro nas curvas, também digno de carro de passeio. A tração não é integral e move apenas as rodas dianteiras, mas, nas trilhas leves, alguns equipamentos contribuem – como o controle de estabilidade, o assistente de partida em rampa e o controle de tração avançado E-Locker (TC+), um sistema voltado para situações em terreno escorregadio e com a roda patinando. O TC+ ativa o ABS Off-Road, uma calibração que aprimora o comportamento de frenagem em superfícies deformáveis (areia, terra ou brita).
Em resumo, a Strada Volcano AT tem desempenho similar ao da versão manual e combina o conforto e a praticidade de um veículo compacto automático à funcionalidade de uma picape. Uma receita difícil de superar.
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