A percepção de que as motos estão dominando as ruas não é mera impressão. Um levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) apontou que, em 2022, 29.053 motocicletas foram vendidas só no Espírito Santo, representando 2,1% da participação nacional – ou seja, no total de 1.361.941 unidades. Com isso, alguns cuidados, como a manutenção do óleo do motor, é uma precaução que todo motociclista deve tomar, segundo profissionais especializados em mecânica automotiva. Do contrário, isso pode causar problemas sérios na motocicleta.
Para o instrutor e especialista em Educação Profissional-Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Vitória, Fabricio Plaster, “os riscos em moto são imprevisíveis: um simples travamento do motor por falta de troca de óleo pode deixar o usuário a pé e até causar uma queda ou acidente com proporções que podem chegar a óbito”.
O gerente de relacionamento com montadoras da Lubrizol, Marcus Vercelino, acrescenta que muitas pessoas ainda não sabem dos riscos de usar o óleo lubrificante inadequado, o que pode reduzir a vida útil da moto. “Isso pode ser facilmente evitado com a utilização dos produtos certos e da forma que o manual do fabricante recomenda”, adianta.
O conjunto de engrenagens é responsável por fazer a moto gerar velocidade e, quando entra em contato constante, cria condições de alta pressão e temperaturas. "Nesse circuito, o óleo precisa não apenas proteger o motor contra o desgaste das peças que fazem atrito, como também resfriá-las e auxiliar na vedação, porque a substância também atua na retenção de resíduos", aponta o técnico em automobilístico e chefe de oficina da Moto Vena, Vila Velha, Elvimar Rodrigues.
Não! É necessário que o óleo escolhido atenda ao que é projetado para a moto. Isso porque os motores são diferentes e têm distintas temperaturas de funcionamento. Por isso, existem óleos específicos para motocicletas que protegem as engrenagens do veículo, aumentam a durabilidade do motor e reduzem despesas com combustível e manutenção.
O cilindro do motor da moto é diferente do carro. Os modelos de baixa cilindrada, por exemplo, têm temperaturas mais agressivas ao óleo do motor e não têm sistema de arrefecimento. Isso demanda que o óleo tenha uma formulação para "aguentar" condições mais severas. Outra particularidade da moto é que o câmbio de marchas fica dentro do motor banhado pelo mesmo óleo, requerendo que o produto atenda a ambas as necessidades.
Para o gerente de negócios na América Latina da Lubrizol, Fabio Araujo, usar óleos produzidos para motores de carros em motocicletas é um erro comum. “O uso inadequado do produto pode prejudicar o funcionamento da motocicleta a médio e longo prazo”, afirma.
A escolha do óleo para motocicleta deve seguir as orientações do fabricante quanto à base – mineral, semissintético ou sintético –, viscosidade, grau API e norma JASO (MA, MA1, MA2 e MB, que determina a faixa do coeficiente de atrito promovido pelo óleo e o sistema de embreagem).
Leia, com atenção, as orientações do manual do proprietário e troque o óleo dentro do prazo ou quilometragem determinado.
Olhe diariamente o nível de óleo no motor e abasteça com combustível de qualidade. Evite também deixar o motor parado por meses: o ideal é rodar, ao menos, 20 minutos, uma vez por semana.
Fique atento também à qualidade do produto e analise se o óleo é original, comprado diretamente em pontos de vendas das respectivas redes da concessionária e fuja de produtos abaixo da tabela de preços oficial, o que indica que o produto está adulterado ou é falsificado.
Caso você compre ou use um produto fora de validade, o óleo pode estar sem algum aditivo importante para o motor. Além disso, essas substâncias eventualmente oxidam, mesmo com a moto parada na garagem.
Mesmo que o fabricante indique um prazo, avalie se a lubrificação caiu em desgaste prematuro. Isso também causa danos severos, como barulho no motor, falha de funcionamento, perda de potência e problemas no escapamento.
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