Uma oferta de carro por R$ 400 reais parece tentador, não é mesmo? Existem diferentes maneiras de comprar um carro como financiamento, consórcio e até leilão. Nesse último, veículos podem ser adquiridos com valores bem menores que o usual. Mas, especialistas alertam que é preciso avaliar alguns fatores, antes de dar o lance, para aumentar as chances de fazer um bom negócio.
Quem decide comprar um carro ou moto em leilão deve estar atento às condições de uso e o nível de danos mecânicos e na lataria, visto que os veículos não costumam ser novos e, dependendo de quem estiver leiloando, podem ter ficado parados por muito tempo. Mas, mesmo assim, esta pode ser uma opção interessante e vantajosa para quem quer pagar menos que o habitual ou para quem gosta de reformar veículos.
Os leilões são organizados a partir de editais, assim como concursos públicos e vestibulares. No documento constam informações sobre quem será o leiloeiro, quem está leiloando, os bens a serem leiloados com seus respectivos lances iniciais e todas as regras para participar.
Segundo o gerente de operações da Gestão de Leilões, João Victor Porto, financeiras, seguradoras, empresas particulares, bancos e órgãos públicos podem fazer leilão de seus veículos. Já os arremates podem ser realizados por pessoas físicas e jurídicas.
Porto lembra que, antigamente, o público era mais restrito, mas os leilões on-line tornaram a prática mais democrática. “Existem aqueles que compram sempre. Quase todos os leilões estão participando. Eles reformam e revendem. Agora muitas pessoas físicas estão se interessando por causa dos leilões on-line”, acrescenta.
Um dos órgãos públicos com quem João Victor Porto trabalha é o Departamento de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES). Cleber Bongestab, presidente da comissão de leilão do órgão estadual, explica que para o carro ir a leilão ele precisa estar no pátio há mais de 60 dias. “A partir do 10º dia de apreensão, emitimos uma notificação para o dono buscar o veículo. A partir do dia 61, se ninguém buscar, ele entra para a lista de carros que podem ser leiloados. Nos editais damos preferência para aqueles que estão há mais tempo parados.”
Bongestab observa que os veículos podem ser conservados ou sucatas. Para que seja indicado o lance inicial, é contratado um engenheiro mecânico para vistoriá-los e precificar.
O mesmo acontece nos leilões da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O policial rodoviário federal Alan Souza explica que os veículos conservados podem ser comprados por qualquer pessoa. Mas as sucatas são vendidas apenas para ferros-velhos autorizados pela Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.
O leilão da PRF é dividido em três etapas. “Na primeira, todos são anunciados, menos as sucatas. O lance inicial é 40% do preço da tabela Fipe. Os que não foram vendidos vão para segunda fase com 20% da tabela Fipe, geralmente uma semana depois. Se não tiver vendido algum, então vai para terceira etapa e é vendido junto com as sucatas. O lance é de 5% da tabela Fipe”, explica Alan Souza.
No Detran-ES, Cleber Bongestab afirma que também há a opção de comprar a sucata a quilo. Nesse caso, o carro é amassado e vendido pelo peso.
No edital também diz se pode ou não visitar os veículos. Se puder, há data e local de visitação no documento. No caso do Detran-ES, o presidente da comissão de leilão confirma que os futuros arrematantes podem visitar os veículos antes de dar o lance. “Comprar sem ver o veículo não é um bom negócio. Porque pode estar num estado de conservação diferente do que você acredita”, alerta. Na PRF também é possível visitar antes de dar o lance.
João Victor Porto, gerente de operações da Gestão de Leilões, orienta que, no dia da visitação, o interessado leve um especialista em mecânica para ver se a compra daquele veículo vale a pena.
O mesmo é sugerido pelo personal car Gabriel de Oliveira. “Um mecânico de confiança vai identificar possíveis problemas e o estado de conservação", orienta.
Oliveira lembra que os carros e motos de leilão estão muito suscetíveis a problemas mecânicos e elétricos porque passam muito tempo parados. As avarias dos acidentes ou enchentes também prejudicam a vida útil do veículo. “Até aqueles que foram recolhidos pela financeira porque não houve pagamento das parcelas têm grandes chances de ter problemas. Se o antigo dono não conseguiu pagar, então possivelmente também não conseguiu fazer as manutenções nem usar combustível de qualidade”, observa.
Ele ressalta ainda que, mesmo que não haja problema mecânico, o carro vai estar sem combustível e sem bateria. "No dia de buscar, após o arremate, a pessoa tem que conseguir tirá-lo de lá, nem que seja de guincho”, acrescenta o personal car.
Outro ponto que precisa ser avaliado é que, diferente de um financiamento, o veículo comprado tem de ser pago à vista. “Após o leilão, algumas horas depois, o leiloeiro passa a relação dos arremates. Nós geramos uma Guia de Recolhimento da União (GRU) como o valor do carro, mais 5% de comissão do leiloeiro em cima desse valor e, por último, uma taxa de vistoria do veículo", explica o agente da PRF Alan Souza.
O presidente da comissão de leilão do Detran-ES, Cleber Bongestab, explica qual o destino do dinheiro. “O primeiro custo é com o leilão, depois os custos com remoção e guarda feitos pelo Detran-ES. Valores de multas e encargos de trânsito também são pagos. Depois entram as dívidas judiciais e, se sobrar dinheiro, vai para o proprietário. Mas, geralmente, não sobra. Se tiver dívida de financiamento vai para o banco. Se faltar, a gente deixa a dívida por conta do proprietário.”
Bongestab lembra que todas as dívidas e multas antes do arremate ficam com o dono antigo. O novo recebe o veículo com a “ficha limpa”. “Quem comprar no leilão não tem nada com as dívidas anteriores”, finaliza.
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