Todo começo de ano, as estradas ficam cheias de motoristas que aproveitam o período para tirar férias. Em um país que já possui mais de 160 milhões de animais de estimação entre cães, gatos, aves, répteis, peixes e pequenos mamíferos, de acordo com pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), não dá para desconsiderar os bichinhos na hora dos planejamentos para a viagem.
Mas, para garantir o bem-estar do animal de estimação e demais passageiros durante toda a viagem, alguns procedimentos de segurança são necessários. Isso porque o transporte inadequado de cachorros, gatos e outros resulta em uma série de infrações, punidas com multa e pontuação na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“O motorista que dirige com o animal solto comete infração de acordo com o Artigo 169 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que torna indispensável a segurança. O animal solto, além de tirar atenção do motorista, pode ser lançado contra as partes internas ou contra os ocupantes em caso de freada brusca, o que pode causar acidentes. Quem for pego nessas condições comete infração leve, com multa no valor de R$ 88,38 e perda de três pontos na habilitação”, afirma a coordenadora de Operações de Fiscalização de Trânsito do Detran-ES, Flavia Jordane.
Por causa disso, é fundamental que veículos sejam adaptados para oferecer espaço adequado e ventilação apropriada, além de dispositivos que impeçam a movimentação excessiva dos animais, como cintos de segurança ou caixas de transporte adequadas ao tamanho do pet. O cartão de vacinação atualizado do animal também é necessário, para evitar eventuais dores de cabeça.
“Conforme a legislação, o motorista não pode dirigir com itens ocupando os espaços entre seus braços e pernas. Isso inclui os animais, ou seja: levá-los no colo ou no assoalho à sua frente não são opções permitidas”, diz o consultor de vendas da Contauto Multimarcas, Wesley Costa.
Vale ressaltar que também é proibido o transporte de animais na parte externa do veículo. Carroceria, teto, caçambas e qualquer outra parte do veículo que não seja o interior não devem transportar pets, sob pena de receber uma infração grave que resulta em pagamento de multa no valor de R$ 195,23 e perda de cinco pontos na carteira.
“Há diversas opções no mercado de produtos para o transporte seguro dos animais. Uma boa revisão no veículo também é importante para garantir uma viagem sem contratempos”, afirma Wesley.
Revisar o carro antes da viagem é importante por diversos motivos: um carro bem revisado oferece maior segurança, reduzindo o risco de falhas mecânicas que possam causar acidentes, o que proporciona, por consequência, uma viagem mais tranquila para os pets e ajuda a economizar com reparos emergenciais.
“A segurança na estrada, tanto para você quanto para seu pet, é fundamental. Uma viagem tranquila e sem imprevistos começa com um carro em perfeito estado. Por isso, realizar uma revisão completa antes de pegar a estrada com seu animal de estimação é essencial”, pontua Jeniffer Klein, gerente comercial da Orvel Peugeot e Citroën.
E para quem anda de moto, é preciso se precaver: os motociclistas devem ficar atentos ao fato de que não podem, de maneira alguma, transportar qualquer animal enquanto estiverem pilotando. O CTB proíbe a prática e estabelece que a conduta é uma infração média, com pagamento de multa de R$ 130,16 e perda de cinco pontos na carteira.
“Existem motociclistas que optam por levar o pet naquelas mochilas transparentes de transporte, e nem mesmo isso é permitido. Na moto, o bicho pode se assustar e se mexer, o que causa distração e desequilíbrio. Como a moto é mais suscetível a colisões, tanto o piloto quanto o animal podem sair bastante machucados” complementa Flavia Jordane.
Com a revisão feita, o próximo passo é garantir que o bichinho seja transportado dentro do carro de forma segura. Para isso, alguns itens podem ser úteis:
Esse objeto deve ser fixado pelo cinto de segurança do veículo no banco traseiro e precisa ser ventilado e de acordo com as dimensões do animal. A caixa deve ser apropriada para o transporte de animais, pois garantirá que eles não se movam livremente pelo veículo e não atrapalhem o motorista.
Os cestinhos são recomendados para animais de pequeno porte que não se adaptaram às viagens nas caixas de transporte. Eles são projetados para serem utilizados com os animais vestindo coleira do tipo peitoral e devem ser fixados no encosto de cabeça do banco traseiro, retidos com o cinto de segurança do veículo.
Outra alternativa é a cadeirinha para pets. Ela é fixada ao banco do veículo e, geralmente, possui uma alça ou cinto que se prende ao peitoral do bichinho. As cadeirinhas os elevam, permitindo que vejam pela janela, além de proporcionar um ambiente acolchoado e confortável.
Esse item é recomendado para cães de porte médio ou grande e deve ficar na posição central do banco traseiro, fixado no encaixe do cinto de segurança do veículo e com o adaptador preso à coleira peitoral.
Essa proteção é indicada para animais de grande porte, pois tem a função de limitar a circulação do animal dentro do carro e impedi-lo de saltar pela janela, já que delimita o espaço e oferece maior controle do pet.
A capa protetora não é um item de segurança que impede a movimentação do animal, mas pode ser de grande ajuda para manter o interior do veículo limpo, já que pode ser retirada e lavada no fim do passeio.
Além dos itens indispensáveis, viajar com os animais de estimação também envolve vários outros cuidados e bom senso por parte do dono. A estudante Danielly Fundcheller, dona do Thor, um cachorro da raça american bully de dois anos e meio de idade, viaja com seu pet desde que ele tinha cinco meses e afirma que uma organização com antecedência é essencial para garantir uma viagem tranquila.
"Evito dar alimentação muito pesada antes de viagens longas e garanto paradas para necessidades, alongamento e hidratação dele. Também sempre preparo uma bolsa com tudo o que ele precisa, com itens de limpeza, como lenços, brinquedos e mordedores para distração. Além de ter em mãos esses itens, garanto que ele coma uma porção menor de comida algum tempo antes de embarcar para não passar mal, mas é fundamental ir alimentando o pet aos poucos durante o trajeto para que ele ingira a quantidade de comida habitual", diz a estudante.
Ela também aconselha que é importante treinar os pets para que eles encarem a estrada já mais habituados e preparados. "É importante lembrar que uma viagem de carro envolve estímulos sensoriais diferentes e externos, por isso é ideal ensinar o cão, desde filhote, a manter o equilíbrio diante desses estímulos", complementa.
E engana-se quem pensa que os gatos também não podem aproveitar um passeio: o professor Itálo Costermani costuma viajar com seus dois felinos para o interior do Estado e conta que, apesar de se manterem mais reclusos durante o trajeto, os bichinhos aproveitam muito o destino após um período de adaptação pela liberdade que esse espaço proporciona.
"Acredito que os gatinhos têm uma natureza mais reservada com relação a ir para novos lugares. Os meus, mesmo que eu já tenha levado os dois para ficar uns dias fora comigo, ainda ficam um pouco desconfiados nas primeiras horas no novo local. Mas ainda assim acredito que esse stress é bem menor do que deixar eles sozinhos ou em hotéis. Então, viajar com eles para reencontrar a minha família, sabendo que eles estão sob minha supervisão, é o que mais me motiva a levar eles comigo", afirma.
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