De acordo com pesquisa da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), o Brasil possui 34,2 milhões de motos, motocicletas e ciclomotores registrados, o que representa 28% da frota nacional. Com tantos pilotos, a tendência é de que o número de viagens realizadas sobre duas rodas aumente e, apesar das muitas vantagens, como a sensação de liberdade e a conexão com o caminho, é de extrema importância que os condutores tenham cuidado e se planejem com antecedência antes de colocarem o pé na estrada.
“Na moto, estamos vulneráveis às condições de tempo, trânsito e estrada, então planejar minimiza os perrengues e deixa a viagem mais agradável. Não espere o cenário ideal para realizar o sonho de viajar de moto” afirma o gerente de vendas da Royal Enfield, Alef Matos.
Pensando nisso, A Gazeta Motor enumerou todos estes detalhes que o motociclista deve ter em mente ao viajar. Confira abaixo as dicas essenciais para aproveitar o trajeto com segurança e conforto:
A revisão da moto antes de viajar é um passo essencial para garantir evitar imprevistos no trajeto. Conferir a situação da documentação e seguro da moto é tão importante quanto verificar itens como pneus, freios, corrente, óleo do motor e sistema elétrico, o que reduz o risco de falhas mecânicas e garante um desempenho ideal e pilotagem mais estável e confortável. Para Alef Matos, o período ideal para fazer revisões é de seis em seis meses ou a cada 5 mil quilômetros rodados e, para checar se está tudo certo, de dois a três dias antes da viagem.
Tati Santos, mecânica e parceira da Lubrificantes Mobil, alerta para a importância da manutenção preventiva. “Muitas vezes, nós motociclistas só paramos para olhar com cuidado para a moto quando acontece algo errado. Verificar itens como freios, nível de óleo e vida útil dos pneus é essencial para evitar dores de cabeça em uma época tão especial como esta de fim de ano”, pontua.
Ela recomenda testar os freios, empurrando a moto vagarosamente e acionando-os para ver se respondem de maneira firme e imediata, checar o nível de óleo e garantir que o fluido de freio esteja dentro do prazo de validade. Além disso, é importante examinar a lubrificação e a tensão da corrente, pressionando com o dedo no meio da parte inferior entre as engrenagens dianteira e traseira e ajustando-a conforme o necessário, para evitar reparos emergenciais que podem ser mais caros e difíceis de resolver na estrada e garantir que a moto tenha condições de ir e voltar com segurança.
Diferentemente de outros meios de transporte, a moto expõe o piloto às condições climáticas, como calor, frio, chuva e vento, além de oferecer menos proteção física em caso de quedas ou acidentes. Por isso, itens como jaquetas com proteção, calças reforçadas, luvas, botas e capacetes certificados são indispensáveis.
"Existem muitos itens de segurança, mas o mais importante para uma moto é um bom traje e um bom capacete, já que ele vai te manter muito seguro para qualquer lugar que você for. Equipamentos de segurança, como uma jaqueta completa, com costura no cotovelo, no ombro, proteção cervical, vão trazer ainda mais segurança também", complementa o gerente comercial da Royal Enfield.
Além da segurança, as roupas corretas também ajudam a prevenir a fadiga, que pode surgir em viagens longas. Por exemplo, jaquetas de verão ventiladas ou roupas térmicas para regiões frias proporcionam o equilíbrio necessário.
Viajar de moto exige cuidados específicos, como a escolha do trajeto e a identificação de pontos de abastecimento, descanso e alimentação. Um bom planejamento permite ao motociclista calcular a duração do percurso, prever condições das estradas e garantir que a autonomia da moto seja suficiente para os trechos escolhidos. Também é interessante andar com equipamentos de segurança como as ferramentas básicas e outros itens, como alicate, arame e câmara de ar.
Para Jânio de Paula, diretor comercial da Moto Vena, uma viagem tranquila deve ter roteiro de trajeto, com a checagem das condições da estrada e marcação das quilometragens de postos de gasolina e locais de descanso e alimentação. "Aprendi com o tempo que a cada 25 km rodados ou 1h30 de viagem é fundamental fazer uma parada para hidratar ou tomar café, pois aí o cansaço não abate o corpo e posso chegar ao destino final mais descansado para aproveitar de fato o local", comenta.
Outro aspecto crucial do planejamento é a condição defensiva, para visualizar os possíveis perigos de cada local e ter em mente as normas e velocidade previstas na região. "Eu saio para me divertir, não para mostrar mais habilidade ou chegar primeiro. É essencial ter cuidado com a moto e com a própria vida" afirma Jânio de Paula.
Um peso mal distribuído pode desestabilizar a moto, dificultando a pilotagem, especialmente em curvas ou durante frenagens bruscas. Para evitar esses problemas, é importante posicionar a carga de maneira uniforme, utilizando bauletos, alforjes laterais e mochilas específicas para motocicletas, o que mantém o centro de gravidade da moto no lugar certo e garante o conforto do motociclista.
"É importante ver a distribuição de bagagem da motocicleta para que ela não fique mais pesada para um lado ou outro, então uso a parte do baú ou alforjes laterais. Quando falamos de viajar de moto e férias, a primeira coisa que vem em mente é segurança e conforto, para garantir uma viagem alegre do começo ao fim" diz o diretor comercial da Moto Vena.
Experiência de liberdade, conexão com a estrada e superação de desafios. Para muitos motociclistas, essa modalidade de turismo transformou-se em um estilo de vida justamente por proporcionar essas sensações, como relata a professora universitária Leila Tesch, que compartilha essa paixão por viagens longas sobre duas rodas com o marido, André, desde 2021.
“Sempre fico encantada quando viajamos assim, pois passamos por tantos lugares e cidades diferentes, com muita diversidade. Conhecemos lugares que a gente nem imaginava que existiam e que acabaram sendo os mais bonitos que já viajamos até hoje, e isso é algo que só a liberdade da moto possibilita", conta Leila.
O casal já percorreu diversas regiões do Brasil, incluindo Nordeste, Sul, Centro-Oeste e, recentemente, André percorreu sozinho a Transamazônica em uma jornada de 30 dias e mais de 11 mil quilômetros, que registrou em seu canal no Youtube, o Dias de Moto, em que também dá dicas para os que desejam se aventurar nesse mundo.
Para quem deseja começar, tanto André quanto Leila destacam que a escolha da motocicleta não precisa ser um obstáculo: “Muita gente pensa que só dá para viajar com motos grandes e caras, mas não é verdade. O importante é conhecer os limites da sua moto, planejar as rotas e manter o veículo sempre revisado”. Ela também ressalta a importância de viajar com prudência e responsabilidade, fatores que tornam a jornada mais segura e prazerosa.
“O medo de começar a se aventurar na estrada é natural e até protege, mas com responsabilidade, conhecimento da moto e planejamento, ele se transforma em cuidado, não em impedimento. A experiência de viajar de moto é tão intensa que se torna viciante. Depois que você começa, não quer mais parar”, finaliza o casal.
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