Embora os carros elétricos já tenham certo protagonismo no mercado automobilístico, persistem as dúvidas sobre comprar ou não um modelo eletrificado. Ainda mais quando pensamos nos eventuais problemas e desafios na manutenção e na recarga desses automóveis.
O principal entrave para a difusão desses modelos no Brasil é o fato de que eles ainda custam caro e são poucas as pessoas que têm a oportunidade de adquiri-los. O diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa), Diego Receputi, explica que o investimento do carro elétrico ainda é alto: "Por esse motivo, na hora de tomar a decisão entre o modelo tradicional e o elétrico, é importante que o consumidor faça o cálculo do tempo de retorno da diferença do investimento”.
Por outro ângulo, o coordenador técnico do Grupo Águia Branca, Paulo Sérgio Feliciano, destaca ainda que, apesar de serem veículos seguros, a manutenção preventiva é mais do que importante, é essencial. De acordo com ele, “o carro elétrico pode trabalhar com até 100 amperes, o que pode acarretar em um acidente grave relacionado a choque elétrico. Dependendo da carga, pode oferecer risco de morte”, pontua. Por isso, entender os desafios de ter um carro movido à eletricidade é decisivo na hora da escolha.
Especialistas apontam que a economia para “abastecer” o veículo pode chegar a até 73%.
O motor elétrico não depende da troca de óleo, da água, das correias e da caixa de marcha, por exemplo, pois conta com uma única peça móvel, que não ferve como um motor tradicional. Mas atenção: o carro elétrico também tem fluidos, como o de resfriamento do motor e das baterias. Já em relação ao custo de manutenção, o veículo elétrico tem menos componentes, o que torna o trabalho mais simples e menos custoso, visto que as peças não têm valores exorbitantes em comparação ao carro a combustão.
Os carros elétricos são mais silenciosos. Com um motor menor que o de combustão, os modelos elétricos costumam manter esse sistema abaixo do assoalho do carro, diretamente conectado às rodas. Com um centro de gravidade mais centralizado e próximo ao chão, esses veículos dão total controle e dirigibilidade para quem está no volante.
A eficiência de motores a combustão gira em torno de 30 e 40%. Já os motores elétricos aproveitam cerca de 90% da energia fornecida.
Esses modelos geram menos resíduos poluentes quando comparados aos veículos tradicionais. Isso, porque, a queima de combustível fóssil emite gases nocivos ao meio ambiente e à saúde humana; enquanto que os modelos eletrificados apenas geram resíduos de forma indireta, muitas vezes na própria fabricação dos exemplares e na recarga. Contudo, ainda assim, é uma inexpressiva emissão.
Não precisa ser vidente para saber que o item que mais atrai o consumidor é a economia por quilômetro rodado. De acordo com um estudo encomendado pela Vix Logística, divulgado em outubro, o modelo 100% elétrico da BYD, o D1, tem um custo de R$ 0,067 por quilômetro rodado; enquanto na gasolina, o valor sobe para R$ 0,49/km.
Segundo o fabricante, o D1 possui 371 km de autonomia, e com o valor do kW residencial, na época girava em torno de R$ 0,6738, o custo médio fica R$ 23,65. Fazendo o mesmo cálculo, porém, com o automóvel somente a combustão, considerando um consumo de 10 km/litro, sendo o valor médio do litro de combustível a R$ 4,90, o valor fica R$ 181,79 para a mesma autonomia, com a quilometragem rodada de R$ 0,49.
Dessa forma, o levantamento concluiu que o veículo elétrico traz uma economia de R$ 0,42 por quilômetro frente a um carro a combustão. Ou seja, uma economia de R$ 158,13 a cada 371 km.
Além dos itens listados, alguns Estados brasileiros isentam os veículos elétricos de pagamento de Imposto Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). No Espírito Santo, quem adquire esses modelos de automóveis têm isenção do IPVA por cinco anos. Após esse período, o imposto é de 1%.
Ao contrário dos automóveis movidos a combustíveis fósseis, com os quais se enche um tanque em poucos minutos, os carros elétricos precisam de horas para uma carga completa, dependendo do modelo e da corrente disponível. Isso está relacionado ao fato de as baterias atuais exigirem que a recarga seja lenta para preservar a vida útil. No Brasil, os carros 100% elétricos costumam alcançar a carga máxima de quatro a oito horas de carregamento.
Apesar das opções de modelos elétricos crescerem cada vez mais no Brasil, os preços ainda estão fora da realidade da grande maioria da população. A tendência é que, ao longo dos anos, os carros elétricos passem a ter preços mais competitivos quando comparados aos modelos a combustão.
O carro elétrico não é capaz de armazenar tanta energia quanto um tanque de combustível, dado que a bateria possui uma menor densidade de energia do que um tanque. Para um veículo elétrico possuir a mesma autonomia de um a combustão, seria necessário usar baterias muito maiores, o que, por sua vez, aumentaria o peso do veículo e elevaria o consumo energético do carro.
As baterias têm baixa capacidade de carga e durabilidade. Além do mais, os fabricantes determinam uma vida útil mínima de 10 anos ou 240 mil quilômetros para as baterias dos carros elétricos. O problema vem depois desse prazo: o valor médio do sistema de bateria é de R$ 30 mil, dependendo do modelo.
Encontrar um lugar para recarregar é difícil. Mesmo que utilize exclusivamente a rede elétrica, a recarga não pode ser feita em qualquer tomada e exige um sistema especial, que pode ser instalado na residência do dono ou em postos de combustível. Hoje em dia, existem poucos pontos de recarga para veículos elétricos no Brasil, o que impossibilita fazer viagens longas. Por essa razão, a maioria dos proprietários prefere comprar uma estação de recarga doméstica, o que requer investimento entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, exigindo um período médio de uma noite para abastecimento.
Eduarda Moro é aluna do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta e foi supervisionada pela editora adjunta do Estúdio Gazeta Karine Nobre.
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