O ano de 2020 foi completamente atípico para o mercado automotivo, principalmente por conta da crise no setor gerada pela pandemia do novo coronavírus. Por outro lado, mostrou um comportamento totalmente fora da curva na valorização e desvalorização de veículos seminovos, como apontam dados divulgados pela Kelley Blue Book Brasil (KBB), referência em pesquisa de preços de carros novos e usados.
Segundo a pesquisa, o topo da lista dos carros que menos desvalorizaram entre o preço 0 km KBB de janeiro e o preço de revendedor KBB de dezembro deste ano é encabeçado pelo Toyota RAV-4 2020 seminovo. O valor em dezembro praticado pelos lojistas tem média de 12,47% de valorização em relação ao preço 0 km KBB de janeiro. Ou seja: ele é vendido seminovo, em média, mais caro do que seu preço original 0 km do começo do ano.
Para essa análise, foram considerados apenas os veículos que cumpriram 12 meses de mercado, com ano modelo 2020 e valor de até R$ 200 mil, para ficar mais condizente com a realidade do mercado nacional, ao excluir modelos importados menos acessíveis.
Apesar disso, modelos premium importados encabeçam a lista dos carros que menos desvalorizaram em 2020, com exceção do RAV-4 e o Volkswagen Tiguan Allspace. Já para o carro mais vendido do ano, o Chevrolet Onix 2020, a variação do preço de revenda do seminovo, em dezembro deste ano, é de 1,84% superior ao seu preço 0 km KBB de janeiro, levando em conta uma média por modelo.
Já a lista dos carros mais desvalorizados vem encabeçada pela Fiat Weekend, com perda de -23,74%. Uma das últimas peruas produzidas no país, a desvalorização pode ter como justificativa a sua produção descontinuada em janeiro, pela montadora, após 23 anos. Outro detalhe dessa lista dos menos valorizados estão três modelos da Renault 2020: Duster, Logan e Captur. Fechando a lista com 10 seminovos com maior depreciação em 12 meses ao longo de 2020 está o Ford Ka Sedan, com desvalorização de -13,93%.
A seleção estudada só levou em conta os automóveis e picapes (excluindo vans e furgões), com ano modelo 2020, vendidos como 0 km em janeiro deste ano.
A valorização também chegou aos usados com até 10 anos de idade, segundo o Monitor de Variação de Preços da KBB. Seminovos com até 3 anos de uso tiveram um acréscimo médio de 0,98% em novembro. Mas os que tiveram maior valorização foram os de 2020, que alcançaram um aumento de quase 2% no período (1,57%).
O mês de novembro também superou os números do mesmo mês de 2019, com alta de 15,9%, segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), fenômeno que já tinha ocorrido em outubro. Ao colocar uma lupa sobre os preços dos demais veículos usados, que vão de 2016 a 2010, em média, este segmento também manteve a curva de aumento de preços, com 0,70% de alta. Neste caso, os veículos com ano modelo 2013 e 2014 despontam dos demais ao demonstrar valorização superior à observada em outubro (com 1,09% e 1,10% de aumento médio, respectivamente).
Em relação aos carros novos, o aumento de preços vem demonstrando arrefecimento, embora qualquer variação positiva já seja digna de nota por se distanciar da média de variação negativa, de -0,27% de 2019. De qualquer maneira, os veículos 0 km subiram 0,41% em média, em novembro. De todos os anos modelo 0 km identificados pelo estudo, apenas os 2020 tiveram um acréscimo ligeiramente superior ao visto em outubro, com 0,46% de alta.
Na avaliação do diretor-executivo do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Espírito Santo (Sincodives), José Francisco Costa, esses números refletem muito o atual momento do mercado. “Por conta da pandemia, tivemos a paralisação do parque de autopeças, componentes e das montadoras. Isso atrasou a chegada de novos veículos ao mercado, aumentando a procura por certos modelos. E a valorização dos seminovos é justamente por conta da escassez dos modelos zero quilômetro”, observa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta