Desde que a Fiat Toro foi apresentada, em 2016, é um sucesso de vendas no Brasil – nestes cinco anos, já emplacou mais de 300 mil unidades. Um dos segredos do sucesso da picape produzida na cidade pernambucana de Goiana é seu posicionamento intermediário entre as picapes compactas (em monobloco e derivadas dos hatches) e as médias (com chassis de longarinas). Em maio deste ano, quando sua linha 2022 chegou às concessionárias com discretos retoques visuais, a grande novidade foi o motor 1.3 GSE Turbo Flex T270, que entrega até 185 cavalos de potência e torque de 27,5 kgfm. Já as versões a diesel mantiveram o motor turbo de 170 cavalos. E a Endurance Turbodiesel AT9 é a mais barata com motor a diesel e tração 4x4 – custa a partir de R$ 161.990. Por conta disso, é a configuração mais procurada da linha Toro para quem pretende usar a picape para serviços pesados. Já as opções a diesel mais caras e equipadas – Freedom (R$ 172.990), Volcano (R$ 186.990), Ranch (R$ 193.990) e Ultra (R$ 195.990) – têm perfil mais ligado ao lazer.
Em todas as versões da linha 2022 da Toro, o capô ganhou duas protuberâncias para ampliar a sensação de “musculatura” do conjunto. Na configuração Endurance, os faróis permanecem divididos em duas partes, mas a superior passou a ser em leds e divide o trabalho entre luz diurna de condução e setas de direção – anteriormente, a seta era halógena.
A versão de entrada da Toro é a única que preserva as lâmpadas convencionais nos faróis principais – todas as outras são de leds. Também é a única a não ter os auxiliares de neblina – em seus lugares estão dois nichos sem função. Além do capô mais robusto e dos faróis com DRL em leds, as mudanças frontais incluem os novos frisos na grade, que ostenta o logo da marca centralizado e a Fiat Flag (uma micro bandeira italiana estilizada) e o para-choque redesenhado. Na traseira, as lanternas mantiveram o formato, porém, passaram a ser em leds. A porta da caçamba permanece bipartida, com abertura lateral.
Na configuração mais básica, as maçanetas externas, as carenagens dos retrovisores, as molduras das janelas e a coluna central das portas são em preto. As rodas de aço estampado trazem calotas que imitam as de alumínio e calçam pneus 215/65 R16 On Road. E, para reforçar a proposta despojada, o rack com barras longitudinais dá lugar a um simplório “porta-escadas” – uma barra preta que serve para apoiar e amarrar volumes maiores na caçamba.
A Toro 2022 oferece de série em toda a linha o Cluster Full Digital com tela de 7 polegadas, com os indicadores de temperatura e nível de combustível em leds. Se nas configurações “top” Ultra e Ranch a vistosa central multimídia de 10,1 polegadas posicionada na vertical “rouba a cena” no habitáculo, a Endurance vem com um discreto multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas, que oferece conectividade sem fio para Apple CarPlay e Android Auto, comandos de voz Bluetooth, MP3, Rádio AM/FM e entradas Aux e USB.
A configuração mais básica da Toro traz de série volante com regulagem de altura e profundidade, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), alarme antifurto, ar-condicionado, comando de áudio no volante, direção elétrica, Drive by Wire (controle eletrônico de aceleração), controle eletrônico de estabilidade (ESP), controle de tração (ASR), Isofix, Gear Shift Indicator (indicador de troca de marcha), Hill Holder (auxilia nas arrancadas em subida), retrovisores externos com comando elétrico e tilt down, revestimento plástico na caçamba, sensor de estacionamento, tampa traseira dupla com abertura elétrica, vidros elétricos dianteiros e traseiros com “one touch” e sensor de pressão dos pneus.
Teclas no console possibilitam o acionamento da tração 4x4 e “4x4 Low” – nessa última seleção, a tração integral passa a atuar com parâmetros de distribuição de força pré-definidos e o sistema de freios antiblocante (ABS), os controles eletrônico de estabilidade (ESC), de tração (TC) e da transmissão (TCU) são alterados.
Sob o capô da Endurance Turbodiesel AT9 está o conhecido motor 2.0 Multijet II – apresentado no Brasil no final de 2015 com o Jeep Renegade e posteriormente adotado no Compass. Tem duplo comando de válvulas, turbocompressor e intercooler e injeção direta Common Rail. Entrega 170 cavalos a 3.750 rpm e 35,7 kgfm a partir de 1.750 giros e trabalha acoplado a uma caixa automática com 9 velocidades. É o mesmo motor que move as configurações mais caras da picape, todas com tração 4x4.
A Toro Endurance Turbodiesel AT9 parte de R$ 161.990 apenas se vier na cor sólida Vermelho Colorado. Os Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia, Roraima e São Paulo têm preços maiores decorrentes das tributações locais – em São Paulo, por exemplo, o preço base da versão sobe para R$ 167.370. A cor sólida Branco Ambiente (a do modelo testado) aumenta o preço em R$ 1.500 e as metálicas Vermelho Tribal, Prata Billit, Preto Carbon e Granite Crystal agregam R$ 2.500 à fatura. A capota marítima é o único opcional da versão e custa R$ 1 mil. Mas a linha Mopar, disponível nas concessionárias, inclui mais de cinquenta opções de acessórios.
Na Toro mais básica, a central multimídia “touchscreen” tem tela de 7 polegadas e interface intuitiva com o usuário. Os comandos no volante ajudam bastante, além da conectividade via Bluetooth. Mas é a central multimídia que revela um ponto fraco da versão Endurance: a ausência da câmera de ré. O equipamento, comum em compactos bem mais baratos e que faz falta nas manobras de estacionamento, só está disponível a partir da versão Freedom– na Endurance, nem como opcional.
Os bancos frontais têm bons ajustes, no entanto, os de trás têm o encosto um tanto verticalizado – uns graus a mais de inclinação tornariam as viagens mais confortáveis. Já a evolução dos porta-objetos é notável no interior da linha 2022. Estão mais numerosos e foram aprimorados na eficiência – até o modelo anterior, era comum que alguns objetos caíssem nas acelerações mais bruscas. O console central, por exemplo, ganhou dois porta-copos de 700 ml cada ao lado da alavanca de freio de mão.
A Toro Endurance Turbodiesel AT9 ostenta o rumor e a trepidação dos quais os amantes das picapes com motores a diesel não abrem mão. Em compensação, abdica do temperamento mais “carro de passeio” das configurações com o novo motor turboflex. O bom torque de 35,7 kgfm do motor a diesel está disponível já em baixas rotações – a percepção é de que não faltará força para transpor os obstáculos. Os 170 cavalos do 2.0 turbodiesel dão conta de acelerar a picape com desenvoltura e o câmbio automático de 9 marchas rentabiliza eficientemente o trabalho do motor. A nona marcha só existe para economizar na velocidade de cruzeiro – a máxima é atingida em oitava.
A picape acelera de zero a 100 km/h em pouco mais de 11 segundos. A primeira marcha com função de reduzida é indicada para o uso no off-road – por conta disso, a picape arranca em segunda com o câmbio no modo Drive. Para selecionar a primeira marcha, basta utilizar o modo manual na alavanca.
Na versão Endurance, o acionamento dos modos de tração integral é feito por singelas teclas posicionadas abaixo dos comandos do ar-condicionado. O comando “4x4 Low” altera diversos sistemas para funcionar como uma reduzida. E o controle eletrônico de descida entra em ação por outra tecla e é efetivo no fora-de-estrada.
Em termos de estabilidade, a Toro se sai bem. Mesmo em velocidades mais elevadas, as suspensões MacPherson na frente e multilink atrás ajudam a conferir um rodar consistente, com rolagens de carroceria discretas. E a direção elétrica é como todas devem ser – leve nas manobras de estacionamento, enrijecendo progressivamente conforme a picape ganha velocidade. Segundo o Inmetro, a configuração Endurance Turbodiesel AT9 da Toro faz 10 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada – nota “B” na comparação relativa na categoria e “D” na comparação absoluta geral.
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