Nos últimos anos, com o declínio da atividade industrial no Brasil, o agronegócio tem assumido um crescente protagonismo na economia nacional. Por isso, o segmento automotivo desenvolve produtos específicos para agradar ao topo da pirâmide rural brasileira – e lucrar com seu elevado padrão de consumo.
Anteriormente monopolizada pelas versões “top” das picapes médias – Toyota Hilux, Chevrolet S10, Nissan Frontier, Ford Ranger, Mitsubishi L200 Triton e Volkswagen Amarok –, a disputa pela faixa mais abonada do campo ganhou novos protagonistas – as picapes grandes, representadas pelos modelos da Ram e, a partir de março, pela Ford F-150.
Na Chevrolet, o produto encarregado de fazer brilhar os olhos dos grandes empresários do agronegócio é a S10 High Country, versão topo de linha da picape média da marca norte-americana que é fabricada na cidade paulista de São José dos Campos. É oferecida por preços que partem de R$ 325.170 (podem variar de acordo com as tributações estaduais), sem opcionais.
O valor inicial é para a cor metálica Azul Eclipse. A sólida Branco Summit acrescenta R$ 950 e as metálicas Preto Ouro Negro, Prata Switchblade e Cinza Topázio (a do modelo testado) somam R$ 2.050 à fatura. A High Country permanecerá como a picape mais cara e sofisticada da Chevrolet até a chegada da grandalhona Silverado, prevista para este ano.
Dentro da tendência das picapes médias de se posicionarem cada vez mais como “SUVs com caçamba”, a versão de inspiração “western” da S10 se distancia bastante daquelas caminhonetes rústicas de outrora, usadas para transporte de mercadorias.
Na picape “top” da Chevrolet, o porte permanece o de um pequeno caminhão – são 5,41 metros de comprimento, 2,13 metros de largura (contando os retrovisores) e 1,85 metro de altura –, mas os detalhes reforçam os aspectos de exclusividade e requinte, típicos dos utilitários esportivos. A grade é em preto “High Gloss” e traz o nome “Chevrolet” em relevo sobre uma barra central – lembra à da Silverado.
O logo da clássica gravatinha dourada aparece lateralizado, à esquerda, sobre uma trama tipo colmeia emoldurada pelos faróis com leds e pelos auxiliares de neblina. O para-choque tem um aplique central e uma moldura na parte inferior. As rodas de alumínio de 18 polegadas são diamantadas, as maçanetas das portas e da tampa da caçamba, cromadas, e o santantônio vem com design exclusivo da versão.
A caçamba tem capota marítima e o logotipo “High Country” aparece na tampa do amplo compartimento de carga com 1.329 litros de capacidade. Internamente, o estilo é reforçado pelos bancos e o volante revestidos em couro marrom, enquanto os emblemas da versão nas portas dianteiras e alguns detalhes de acabamento são cromados.
Porém, nem só com adereços se conquista a parcela mais endinheirada do setor rural – segurança, conforto e a tecnologia também dão “status”. A S10 High Country traz airbags frontais, laterais e de cortina, alertas de colisão frontal e de saída de faixa, assistente de partida em rampas, alerta de pressão dos pneus e controle de velocidade em declives. A picape também incorpora de série o sistema de frenagem autônoma de emergência.
Entre os equipamentos voltados para o conforto estão o banco do motorista com ajustes elétricos, o acendimento automático dos faróis, o ar-condicionado eletrônico, a coluna de direção com ajuste de altura, a chave tipo canivete, a direção elétrica progressiva, o retrovisor interno eletrocrômico, os espelhos externos com rebatimento elétrico, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, a partida remota do motor pela chave, os vidros elétricos com sistema “one touch” e o banco traseiro bipartido e rebatível com porta-objetos.
Na parte de conectividade, os destaques são a conexão 4G Wi-Fi nativa (que é paga e gera uma mensalidade) de até 20 GB mensais, podendo ser compartilhado (roteado) a bordo com até sete aparelhos móveis de forma simultânea. O sistema multimídia MyLink tem tela sensível ao toque de 8 polegadas com navegador GPS integrado e conectividade para Android Auto e Apple CarPlay.
O aplicativo Spotify instalado é uma das novidades da linha 2023 da High Country, além de um ano grátis de OnStar e Wi-Fi. É possível ainda consultar a previsão do tempo no Wheather Channel, na central multimídia. E quem comprar a picape terá ainda o tag “Sem Parar” com 12 meses gratuitos.
Sob o capô, a Chevrolet S10 High Country preserva o motor de 2,8 litros turbodiesel de quatro cilindros adotado nas versões LT e LTZ e no utilitário esportivo Trailblazer, com turbocompressor de geometria variável, intercooler e injeção direta de combustível do tipo “common rail”. Entrega 200 cavalos de potência a 3.600 rpm e 51 kgfm de torque, a partir de 2 mil rpm. Na High Country, atua acoplado a um câmbio automático de 6 marchas com modo manual Active Select (com trocas pela alavanca). A tração pode ser frontal, 4x4 ou 4x4 com reduzida.
Grandes empresários rurais buscam veículos capazes de aguentar os rigores dos “caminhos da roça”, mas sem abrir mão do conforto. Em seus bancos revestidos em couro marrom, a S10 High Country recebe bem o motorista e os passageiros. Achar a melhor posição de dirigir é fácil graças aos ajustes elétricos do banco do condutor.
O multimídia com tela de 8 polegadas “touchscreen” de alta precisão tem GPS integrado e exibe em alta definição as imagens da câmera de ré. O equipamento também permite conversar por mensagens, escolher rotas e até acessar as “playlists” favoritas usando apenas a voz.
Dentro da proposta de oferecer os confortos dos SUVs em uma picape, alguns detalhes poderiam ser aprimorados. O acabamento é bom, no entanto, alguns plásticos duros poderiam dar lugar a material emborrachado.
O volante tem apenas regulagem de altura e não de profundidade. O ar-condicionado digital não tem saída para o banco traseiro. Partida por botão, chave presencial e um sensor de ponto cego seriam bem-vindos na picape.
Dentre os destaques positivos, a câmera frontal e o sistema de sensores permitem que, caso o motorista saia da faixa da pista sem usar a seta, o veículo emita um alerta. Se o sistema estimar que a velocidade de aproximação do obstáculo é excessiva e o impacto, iminente, o assistente de frenagem de emergência é acionado.
O 2.8 turbodiesel de 200 cavalos se harmoniza bem com a caixa automática de 6 velocidades, sem abrir mão do som e a trepidação que aceleram os batimentos cardíacos dos fãs dos motores a diesel. As passagens de marchas são suaves.
Não há borboletas para mudanças no volante – as trocas podem ser feitas manualmente só na alavanca de câmbio. Há um discreto “delay” na reação do propulsor quando o motorista pressiona o acelerador.
Nas manobras lentas, a direção elétrica facilita a interatividade com as rodas. No trânsito urbano, o acerto da suspensão é correto e privilegia o conforto. Pelo porte do veículo, é importante reservar um espaço generoso para as frenagens.
O peso ultrapassa as duas toneladas, mas a S10 High Country nem parece tão grande nem tão pesada assim para quem a dirige. Nas estradas, a oscilação da carroceria é discreta. Nas velocidades mais elevadas, o câmbio automático sabe aproveitar o torque farto do motor.
O ganho de velocidade é gradual, entretanto, a S10 High Country mantém velocidades de cruzeiro de forma consistente, sem mostrar esforço. Quando detectam situações de iminente perda de controle da direção, os sistemas eletrônicos acionam automaticamente os freios para ajudar a reposicionar o veículo na direção correta. Segundo o Inmetro, a picape consome em média 8,3 km/l de diesel na cidade e 10,6 km/l na estrada.
Apesar do estilo “enfeitadinho”, a S10 High Country tem efetiva capacitação para encarar trechos esburacados ou pisos de baixa aderência com boa desenvoltura.
Em trilhas mais complicadas e com baixa aderência, a opção de tração integral e reduzida com bloqueio de diferencial ajuda a tirá-la das encrencas. Os pneus de uso misto Michelin LTX Force 265/60 R18, associados aos 22,8 centímetros de vão livre em relação ao solo, também facilitam a tarefa de superar obstáculos.
Chevrolet S10 High Country
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