Em setembro do ano passado, a Jeep lançou seu terceiro modelo nacional, o utilitário esportivo de sete lugares Commander, desenvolvido e produzido na fábrica da marca localizada em Pernambuco. Seguindo a trilha de sucesso dos “colegas de vitrine” – o compacto Renegade e o médio Compass –, as vendas do Commander mantêm um crescimento acelerado desde o lançamento. Este ano, com as 8.185 unidades emplacadas de janeiro a maio, o modelo da Jeep assumiu a liderança isolada entre os SUV de sete lugares ao ultrapassar o Toyota SW4, que liderou o segmento nos últimos anos e somou 5.510 emplacamentos no mesmo período.
Na linha Commander, as configurações turbodiesel TD380 4x4 são as mais caras e cobiçadas e as T270 flex com tração frontal são as mais acessíveis e as mais vendidas. As versões que rodam com gasolina ou etanol são equipadas com câmbio automático de 6 marchas e as diesel vêm com câmbio automático de 9 marchas. Em ambos os “powertrains” são duas versões de acabamento – Limited e Overland. Assim, o Jeep Commander Overland T270 é uma configuração intermediária e a mais equipada com motor flex. É oferecido por preços que partem de R$ 251.990 – no Estado de São Paulo, onde as alíquotas de impostos são mais elevadas, partem de R$ 260.373.
O Commander utiliza a mesma plataforma Small Wide do Compass. Visualmente integrados com a grade com as sete fendas tradicionais da Jeep, os faróis full-led do Commander contam com setas sequenciais e são emoldurados por barras prateadas com efeito de aço escovado que envolvem os faróis e também aparecem no para-choque para conectar as luzes diurnas de leds. A versão Overland T270 vem com rodas de liga leve de 19 polegadas com pneus 235/50. São seis opções de cores: a sólida Preto Carbon, as perolizadas bicolores Branco Polar e Slash Gold e as metálicas bicolores Prata Billet, Azul Jazz, Deep Brown e Cinza Granite (a do modelo testado). Não há acréscimo no preço relativo à cor e é possível incrementar o Commander nas concessionárias com acessórios Mopar – o engate para reboque integrado, por exemplo, sai por R$ 1.028,55.
A plataforma mais alongada do Commander permite levar até sete passageiros. São 661 litros de capacidade de bagagem com cinco pessoas e 233 litros com sete. Os bancos com costuras aparentes são revestidos em material sintético que simula couro com detalhes em suede (tecido semelhante à camurça). Na Overland, o logotipo “Jeep” vem gravado em baixo relevo no banco e no apoio de braço, que ostenta ainda o ano de fundação da marca – 1941. O Commander traz os “easter eggs” – grafismos típicos da marca norte-americana – espalhados no interior e exterior do veículo.
Toda a linha Commander vem de série com abertura elétrica do porta-malas, sete airbags e sistemas de auxílio à direção, que incluem aviso de colisão frontal com frenagem de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, piloto automático, reconhecimento de placas de trânsito e aviso de mudança de faixas. Em relação à variante Limited T270 – a mais básica do Commander, que parte de R$ 223.690 –, a Overland T270 acrescenta teto solar elétrico e panorâmico Command View, sistema de som Premium Harman-Kardon de 450W (nove alto-falantes mais subwoofer), abertura eletrônica do porta-malas com sensor de presença, banco elétrico para o passageiro frontal, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, bancos em couro na cor marrom, painel frontal em suede com acabamento cromado, rebatimento automático dos retrovisores e ar-condicionado dual zone, além das rodas de liga leve serem de 19 polegadas – na Limited, são de 18 polegadas.
O motor 1.3 T270 já é utilizado na Fiat Toro e no Compass e tem 180 cavalos com gasolina e 185 cavalos com etanol, ambos a 5.700 rotações por minuto, e 27,5 kgfm (270 Nm, daí o nome) de torque a partir de 1.750 giros. O modo de condução “Sport” habilita trocas de marchas mais rápidas e em rotações mais altas. O modelo conta ainda com o Traction Control +, sistema que atua em pisos de baixa aderência. A função start-stop desliga o motor para economizar combustível. De acordo com a Jeep, nessa configuração, o Commander acelera de zero a 100 km/h em 9,9 segundos e pode chegar a 202 km/h com etanol.
No interior do Jeep Commander Overland T270, um dos destaques visuais é o cluster full-digital personalizável de 10,25 polegadas, que forma um conjunto imponente com a generosa central multimídia com tela “touchscreen” de 10,1 polegadas full-HD, com navegação GPS embarcada e espelhamento para Apple CarPlay e Android Auto. Mas a operação poderia ser mais intuitiva. Há também suporte no multimídia para a Alexa, a assistente virtual da Amazon. O sistema de som Premium Harman-Kardon de 450W da versão, com nove alto-falantes e subwoofer, entrega uma performance sonora qualificada. O painel frontal almofadado revestido em suede com acabamento cromado confere um aspecto mais refinado que os plásticos duros predominantes na configuração Limited. O volante é ajustável em altura e profundidade e, na Overland, o banco do passageiro frontal também conta com ajustes elétricos.
A capacidade de levar sete pessoas no Commander é real, embora o acesso aos dois bancos da terceira fila demande elasticidade – por isso, são mais recomendáveis aos passageiros mais jovens. A segunda fileira de bancos oferece um deslocamento longitudinal de 14 centímetros, algo que facilita um pouco as coisas. O teto solar elétrico e panorâmico aumenta a sensação de espaço. Carregamento de smartphones sem a necessidade de fios, portas USB inclusive para as fileiras de trás e acesso ao porta-malas com abertura e fechamento elétricos são de série em todas as versões do Commander. E os vários porta-trecos otimizam os espaços a bordo – há porta-copos até na terceira fileira.
O Commander Overland T270 tem a proposta de entregar um comportamento de um carro de passeio para sete passageiros, ostentando o charmoso aspecto aventureiro de um Jeep – mas sem investir tanto na capacidade off-road que se espera de um carro da marca. Visualmente, as diferenças em relação às versões com motor turbodiesel TD380 e tração 4x4 – dotadas de efetivas habilidades para trafegar em lameiros e areais – são imperceptíveis.
Nas trilhas leves, mesmo com a tração apenas na dianteira, o vão livre elevado – são 20,8 centímetros em relação ao solo – e a suspensão que absorve com eficiência os eventuais desníveis dão conta dos obstáculos. As rodas grandes, de 19 polegadas, também ajudam. As versões com motor T270 contam ainda com o Traction Control +, sistema de tração que atua em pisos de baixa aderência com até três rodas fora do chão. Porém, não é recomendável levar um SUV desse porte e com tração frontal para trilhas mais radicais, especialmente se estiver com muita gente a bordo. Mesmo ostentando a marca “Jeep” no capô.
Os 27,5 kgfm do Commander com o motor T270 representam um torque de 28,5% menor em relação aos 38,5 kgfm das versões a diesel. No motor 1.3 turbo flex, as limitações aparecem especialmente com sete pessoas a bordo – se forem de porte mediano, representam meia tonelada. No uso cotidiano e em giros mais elevados, na cidade e nas estradas asfaltadas, o Commander flex mostra ter fôlego o suficiente. A força do motor bicombustível é bem gerenciada pelo câmbio automático de 6 velocidades, que entrega trocas suaves e conta com modo manual acionável por meio de “borboletas” no volante. Colocar no modo de condução “Sport” faz com que as trocas de marchas sejam mais rápidas e ocorram em rotações mais altas.
Mesmo com sua altura elevada de 1,68 metro, o Commander pouco aderna nas curvas. A suspensão absorve com razoável eficiência os eventuais desníveis e a direção elétrica é precisa. A segurança é ampliada por sistemas como controle eletrônico de estabilidade, monitoramento de pressão de pneus, freios a disco nas quatro rodas e direção de torque dinâmico. O Sistema Avançado de Assistência ao Motorista colabora para evitar acidentes, embora os alertas sejam um tanto escandalosos. Se o motorista demora a frear com um carro parado à frente, uma mensagem visual e sonora alerta para parar imediatamente. E o piloto automático adaptativo corrige o carro quando detecta que está invadindo a faixa alheia sem acionar a seta.
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