O Chevrolet Equinox não está no Brasil para brigar pela liderança do segmento de utilitários esportivos médios. Com as 4.068 unidades emplacadas em 2023, não chega nem perto dos líderes Jeep Compass (59.118 emplacamentos) e Toyota Corolla Cross (42.075). Se não tem pretensões de se tornar “figura fácil” nas ruas brasileiras, a proposta do Equinox por aqui é ser a referência aspiracional da marca norte-americana em termos de conforto e requinte – e esperar que tal percepção positiva “contamine” o restante da linha. A terceira geração do SUV, atualmente vendida no Brasil, traz o visual que estreou na América do Norte em 2020. E a última novidade da linha por aqui foi apresentada em outubro de 2022 – a versão RS, com tração dianteira, que substituiu a antiga configuração de entrada LT. Oferecida por R$ 213.820, a variante com a sigla que significa “Rally Sport” – também oferecida no Onix, no Tracker, no Cruze Sport6 e na picape Montana – é caracterizada por itens que reforçam a esportividade do exterior e o requinte do interior. A versão divide a oferta do Equinox com a “top” Premier, que custa R$ 240.050. Pela diferença de preços, é natural que a RS seja a “puxadora de vendas” da linha.
Nas duas opções, o Equinox tem as mesmas medidas – 4,65 metros de comprimento, 2,10 metros de largura, 1,84 metro de altura e 2,72 metros de distância de entre-eixos, com 468 litros de capacidade no porta-malas, que podem chegar a 930 litros com os bancos de trás rebatidos. Os faróis full-led bipartidos pela lâmina superior da grade dianteira, os para-choques e as lanternas – também em leds – seguem a linguagem global dos SUVs da Chevrolet. Apenas as luzes de seta são do tipo incandescente. Os múltiplos cromados da Premier dão lugar a detalhes em preto na RS, como a grade e a barra frontal em cromo escurecido e a gravata estilo “Black Bowtie” (em vez da habitual dourada). As linhas fluidas reforçam o dinamismo. As duas variantes do Equinox oferecidas no Brasil são movidas pelo mesmo motor 1.5 turbo a gasolina com injeção direta apresentado em 2019, associado a uma transmissão automática de 6 marchas com opção de trocas manuais na manopla. São 172 cavalos de potência e 27,8 kgfm de torque.
Por dentro, o Equinox RS tem bancos, apoios de braços e parte do console e do tablier revestidos em couro preto com costuras vermelhas, com o teto também em preto. A central multimídia MyLink com tela de LCD sensível ao toque de 8 polegadas traz navegador GPS integrado com atualizações remotas de sistemas eletrônicos, projeção sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, rádio AM/FM, entrada USB e Aux-in, função Audio Streaming, conexão Bluetooth para celular e configurações do veículo, Alexa e Wi-Fi nativo.
Também está a bordo o OnStar, sistema de telemática avançado com assistência personalizada vinte e quatro horas e sete dias por semana para serviços de emergência, segurança e concierge. Ambas as versões do Equinox oferecem itens interessantes de comodidade e de segurança, como o alerta de colisão frontal com detecção de pedestre e frenagem autônoma de emergência, o alerta de ponto cego com sensor de aproximação repentina, o assistente de manutenção na faixa e o alerta de esquecimento de pessoas ou objetos no banco traseiro.
Em relação à Premier, a RS é quase R$ 27 mil (cerca de 11%) mais barata. Para obter tal redução no preço, abre mão de vários itens da “top”. Entre os itens “dispensados” na RS estão as rodas com acabamento diamantado em dois tons – têm as mesma dimensões, mas as do RS são escurecidas – , teto solar panorâmico elétrico, faróis tipo projetor, faróis auxiliares de neblina, abertura e fechamento elétrico da tampa do porta-malas com acionamento interno e por sensor de movimento – na RS, é apenas pela chave –, partida por controle remoto, áudio da marca Bose com cinco alto-falantes e dois tweeters, bancos elétricos com duas memórias, apliques decorativos no painel e nas portas dianteiras, sistema de partida do motor por controle remoto “Remote Start System” (com acionamento do ar-condicionado) e carregador sem fio para smartphone.
O utilitário esportivo médio da Chevrolet tem suspensão independente nas rodas traseiras, estruturas de subchassi e tecnologias avançadas de controle de estabilidade e de tração. A tração integral está restrita à Premier – na RS, é somente nas rodas dianteiras. O Equinox RS é disponível nas cores Preto Global, Vermelho Radiant (exclusiva da RS) – que aumenta o preço básico em R$ 2 mil – e Branco Summit (a do modelo testado) – eleva o preço inicial em R$ 1.100. Ainda em 2024, deve começar a sair das linhas de montagem da fábrica mexicana de Ramos Araripe, que abastece o Brasil, a quarta geração do Equinox, já apresentada na China. E a nova linha será ampliada com a versão EV, 100% elétrica, que deve começar a ser produzida no México em abril – e já está confirmada para o mercado sul-americano.
No Equinox RS, cinco ocupantes viajam com bastante conforto. O piso plano facilita a acomodação no banco traseiro e o espaço para as pernas da turma de trás acomoda adultos sem apertos. Os passageiros da traseira ainda contam com bancos reclináveis, saídas de ar e duas portas USB – é um dos modelos do segmento que oferece melhores condições e recursos para quem viaja no banco traseiro. A posição de condução agrada, e a coluna de direção oferece regulagens de altura e profundidade. As abas laterais dos assentos da frente ajudam a segurar o corpo nos trechos sinuosos. No banco do motorista, os ajustes são elétricos. O rebatimento dos bancos traseiros é bastante simplificado – basta usar duas alavancas que ficam no porta-malas.
A central multimídia MyLink no Equinox tem uma tela de apenas 8 polegadas – um tanto acanhada diante dos visores de até 12 polegadas dos concorrentes. Oferece bons recursos de conectividade – Android Auto e Apple CarPlay se conectam com o sistema sem a necessidade de cabo. O Wi-Fi nativo permite a conexão simultânea de até sete smartphones. O já conhecido serviço de concierge OnStar e o App Chevrolet são outros recursos disponibilizados no modelo.
Apesar do apelo estético mais esportivo da versão RS, o Equinox é um veículo familiar, do tipo em que o conforto está mais em foco em relação à esportividade. Contudo, o motor 1.5 turbo a gasolina, de 172 cavalos e 27,8 kgfm de torque, não faz feio e entrega um fornecimento de força mais do que suficiente para ultrapassagens seguras e acelerações convincentes – é, inclusive, mais forte em comparação à maioria dos concorrentes. O volante não tem aletas para trocas das marchas – podem ser feitas na alavanca de câmbio, o que não é tão prático. As retomadas são feitas de forma consistente e progressiva. A versão RS pesa 114 quilos a menos que a Premier – equivalente a um adulto de 75 quilos e uma criança de 39 quilos. Como o “powertrain” das duas versões é idêntico, o peso menor já garante uma relação peso/potência sutilmente mais interessante para a RS. Segundo o Inmetro, o consumo do Equinox RS fica em 9,3 km/l na cidade e em 11,5 km/l na estrada.
A posição de dirigir é agradável, e o rodar do SUV da Chevrolet é consistente. A suspensão oferece equilíbrio nas curvas, auxiliada pelos pneus de perfil baixo (235/50R 19). No caso da RS, a força do motor é distribuída apenas para as rodas dianteiras – o que não permite um equilíbrio dinâmico nas curvas tão exuberante quanto o da Premier. Contudo, o carro é preciso, e a carroceria rola pouco em curvas rápidas. A suspensão absorve bem as imperfeições do piso e entrega muito equilíbrio.
Particularmente na versão RS, com tração frontal, o Equinox não é um utilitário esportivo recomendável para quem gosta de encarar trilhas. Com a altura livre em relação ao solo de somente 17,5 centímetros, é prudente transpor com calma alguns obstáculos urbanos mal dimensionados – raspar a parte inferior do veículo é sempre desagradável. A assistência elétrica da direção é eficiente e facilita as manobras. A câmera frontal do Equinox RS faz a leitura das placas de velocidade máxima e exibe no painel, o que ajuda a evitar multas. Mas não há radar frontal, algo que permitiria oferecer um controle de cruzeiro adaptativo.
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