As discussões sobre fonte de energia renovável já estão em foco no mundo todo, e o carro a hidrogênio, junto com os elétricos, que já estão circulando nas ruas, é mais uma alternativa para controlar a emissão de gases poluentes no meio ambiente. Especialistas do mercado automotivo explicam como essa tecnologia funciona e a que pé estamos de ver mais automóveis como esses circulando pelas ruas brasileiras.
Semelhante ao elétrico, o carro a hidrogênio não emite gases poluentes e não faz barulho, mas são também movidos por eletricidade. A diferença é que ele é alimentado por esse gás, que é um dos elementos mais abundantes na natureza.
Isso significa que, por mais que esses veículos sejam movidos a hidrogênio, o motor depende da eletricidade, assim como nos automóveis elétricos. Desse modo, é uma mescla entre as duas tecnologias para fabricar um veículo menos poluente, mas mantendo a boa autonomia.
Conforme detalha o gerente da Contauto Multimarcas, Marcio Parente, o veículo movido a hidrogênio é equipado com tanques e armazenado em estado líquido sob pressão e, junto com oxigênio, gera energia necessária para movimentar os motores elétricos. “Esse tipo de combustível também pode ser usado nos motores a gasolina e etanol, desde que efetuadas alterações", elucida.
Outro diferencial destacado pelo profissional é que o carro com essa tecnologia pode conter um tanque de hidrogênio que varia de 5kg a 6kg, diferente dos veículos 100% elétricos, cujas baterias pesam, em média, 450kg, e o peso aproximado de 500 litros de gasolina corresponde a 30% do peso de um sedã médio.
Além disso, enquanto no automóvel elétrico tradicional a eletricidade fica estocada em um grande conjunto de baterias de lítio; no automóvel a hidrogênio, chamada pela indústria de FCEV (fuel cell electric vehicle ou veículo elétrico a célula de combustível), a energia é gerada no próprio carro.
No quesito eficiência, o motor elétrico movido a bateria ainda é o sistema mais eficiente, visto que converte 80% da eletricidade na bateria em energia e possui um carregamento mais barato. “Já o carro movido a hidrogênio ainda tem custos de distribuição mais altos, e a baixa densidade de energia é um dos principais obstáculos para a utilização do hidrogênio”, frisa o gerente da Contauto.
Para Marcio Parente, o Brasil está com diversas alternativas para importar a tecnologia e fechar parcerias com montadoras do mundo todo para viabilizar a produção e venda desses carros.
O mesmo pode-se dizer do Espírito Santo, que deve acompanhar o mercado brasileiro no novo combustível. Apesar do entrave, que é o alto investimento na instalação de postos destinados a esse abastecimento, que gira em torno de R$ 800 mil.
E as empresas que desenvolvem esse tipo de tecnologia estão lançando até aviões movidos a hidrogênio. No começo do mês, a Universal Hydrogen anunciou que realizou o primeiro voo do avião elétrico a hidrogênio para passageiros. A aeronave decolou de uma cidade no Estado de Washington, nos EUA, e voou por 15 minutos.
Vantagens
Em um mundo mais consciente sobre o processo de descarbonização, ponto positivo para esses veículos, que não emitem gases nocivos à saúde e ao meio ambiente. No entanto, vale ressaltar que os processos utilizados para obter o hidrogênio fazem uso de outras energias, o que acaba gerando alguma poluição, mas expressivamente menor do que a combustão normal.
Diferentemente dos veículos elétricos, cuja bateria precisa de cerca de oito horas para a carga completa, com cinco minutos, os movidos a hidrogênio já ficam completamente carregados.
Os modelos mais modernos rodam 600km até que precisem ser reabastecidos.
Desvantagens
Os preços de abastecimento, hoje, estão estimados em 60 euros, equivalente a R$ 332, para rodar 600 km.
Em nível global, há uma enorme escassez de estações dedicadas ao abastecimento de hidrogênio, justamente por ainda terem uma montagem cara.
As empresas têm se esforçado para desenvolver tecnologia para carros movidos a hidrogênio com tanques modernos e aptos para evitar vazamentos, mas ainda é um ponto negativo para esse tipo de carro.
É a montadora mais à frente na popularização do novo combustível e já tem um veículo em produção: o sedã Mirai.
A empresa desenvolveu recentemente um novo equipamento que produz hidrogênio a partir de eletrólise da água usando a bateria e outras tecnologias do Mirai. O equipamento tem previsão de entrar em operação neste mês em Fukushima, Japão.
No entanto, ainda não estão a venda no Brasil até o momento da publicação desta matéria, mas a Toyota já trouxe, no ano passado, o Mirai para testes. O veículo vem sendo abastecido em parceria com uma fornecedora.
Hyundai
Segundo informações do site oficial da empresa, a montadora sul-coreana também está empregando esforços para introduzir veículos de emissão zero equipados com a mais alta tecnologia em eletrificação, que funciona da seguinte forma: basta pisar no acelerador e um sistema, que combina as células de hidrogênio com o oxigênio, gera uma reação que envia eletricidade para o motor. A única emissão é a água, em um processo que ainda filtra o ar por onde o carro passa.
Entre as vantagens destacadas pela empresa estão a segurança, boa autonomia e o tempo mais curto para reabastecimento.
Stellantis
Em dezembro do último ano, a Stellantis anunciou que planeja adquirir participação na Symbio, uma empresa de hidrogênio da Faurecia Michelin, considerada líder em tecnologias de células de combustível para o setor de mobilidade.
A Stellantis é pioneira em mobilidade a hidrogênio a nível mundial e já lançou vans de médio porte no final de 2021. A dona de marcas como a Jeep, Fiat e Ram, afirma está em busca das metas que foram definidas no plano estratégico Dare Forward 2030, que prevê expandir a oferta de hidrogênio para grandes vans em 2024 na Europa e 2025 nos EUA, enquanto continua a explorar oportunidades para caminhões pesados.
O fechamento da transação está previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2023 e está sujeito às condições habituais de fechamento, incluindo aprovações regulatórias.
A empresa japonesa promete continuar eletrificando os produtos, contudo a hidrogenização ainda é uma promessa.
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