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Você sabe como funcionam os carros a hidrogênio?

Você sabe como funcionam os carros a hidrogênio?

Especialistas e empresas automotivas explicam sobre a tecnologia e em que patamar se encontra a indústria para começar a produzir em massa esse tipo de veículo

Publicado em 23 de março de 2023 às 08:33

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O Mirai promete ser um sedan 0% de emissões e ter uma condução irresistível
O Toyota Mirai é um dos veículos a hidrogênio em produção, mas não em larga escala. (Toyota/Divulgação)

As discussões sobre fonte de energia renovável já estão em foco no mundo todo, e o carro a hidrogênio, junto com os elétricos, que já estão circulando nas ruas, é mais uma alternativa para controlar a emissão de gases poluentes no meio ambiente. Especialistas do mercado automotivo explicam como essa tecnologia funciona e a que pé estamos de ver mais automóveis como esses circulando pelas ruas brasileiras.

Semelhante ao elétrico, o carro a hidrogênio não emite gases poluentes e não faz barulho, mas são também movidos por eletricidade. A diferença é que ele é alimentado por esse gás, que é um dos elementos mais abundantes na natureza.

Isso significa que, por mais que esses veículos sejam movidos a hidrogênio, o motor depende da eletricidade, assim como nos automóveis elétricos. Desse modo, é uma mescla entre as duas tecnologias para fabricar um veículo menos poluente, mas mantendo a boa autonomia.

Conforme detalha o gerente da Contauto Multimarcas, Marcio Parente, o veículo movido a hidrogênio é equipado com tanques e armazenado em estado líquido sob pressão e, junto com oxigênio, gera energia necessária para movimentar os motores elétricos. “Esse tipo de combustível também pode ser usado nos motores a gasolina e etanol, desde que efetuadas alterações", elucida.

Outro diferencial destacado pelo profissional é que o carro com essa tecnologia pode conter um tanque de hidrogênio que varia de 5kg a 6kg, diferente dos veículos 100% elétricos, cujas baterias pesam, em média, 450kg, e o peso aproximado de 500 litros de gasolina corresponde a 30% do peso de um sedã médio.

O carro a hidrogênio é uma discussão que anda movimentando o mercado automotivo em todo o mundo
O carro a hidrogênio é uma discussão que anda movimentando o mercado automotivo em todo o mundo. (Shutterstock)

Além disso, enquanto no automóvel elétrico tradicional a eletricidade fica estocada em um grande conjunto de baterias de lítio; no automóvel a hidrogênio, chamada pela indústria de FCEV (fuel cell electric vehicle ou veículo elétrico a célula de combustível), a energia é gerada no próprio carro.

No quesito eficiência, o motor elétrico movido a bateria ainda é o sistema mais eficiente, visto que converte 80% da eletricidade na bateria em energia e possui um carregamento mais barato. “Já o carro movido a hidrogênio ainda tem custos de distribuição mais altos, e a baixa densidade de energia é um dos principais obstáculos para a utilização do hidrogênio”, frisa o gerente da Contauto.

A que pé estamos?

Para Marcio Parente, o Brasil está com diversas alternativas para importar a tecnologia e fechar parcerias com montadoras do mundo todo para viabilizar a produção e venda desses carros.

O mesmo pode-se dizer do Espírito Santo, que deve acompanhar o mercado brasileiro no novo combustível. Apesar do entrave, que é o alto investimento na instalação de postos destinados a esse abastecimento, que gira em torno de R$ 800 mil.

E as empresas que desenvolvem esse tipo de tecnologia estão lançando até aviões movidos a hidrogênio. No começo do mês, a Universal Hydrogen anunciou que realizou o primeiro voo do avião elétrico a hidrogênio para passageiros. A aeronave decolou de uma cidade no Estado de Washington, nos EUA, e voou por 15 minutos.

Veja as vantagens e desvantagens do carro movido a hidrogênio:

Vantagens

  • 1

    Sem emissões de poluentes

    Em um mundo mais consciente sobre o processo de descarbonização, ponto positivo para esses veículos, que não emitem gases nocivos à saúde e ao meio ambiente. No entanto, vale ressaltar que os processos utilizados para obter o hidrogênio fazem uso de outras energias, o que acaba gerando alguma poluição, mas expressivamente menor do que a combustão normal.

  • 2

    Reabastecimento rápido

    Diferentemente dos veículos elétricos, cuja bateria precisa de cerca de oito horas para a carga completa, com cinco minutos, os movidos a hidrogênio já ficam completamente carregados.

  • 3

    Ótima autonomia

    Os modelos mais modernos rodam 600km até que precisem ser reabastecidos. 

Desvantagens

  • 1

    Alto custo de produção

    Os preços de abastecimento, hoje, estão estimados em 60 euros, equivalente a R$ 332, para rodar 600 km.

  • 2

    Limitação de postos de abastecimento

    Em nível global, há uma enorme escassez de estações dedicadas ao abastecimento de hidrogênio, justamente por ainda terem uma montagem cara.

  • 3

    Armazenamento

    As empresas têm se esforçado para desenvolver tecnologia para carros movidos a hidrogênio com tanques modernos e aptos para evitar vazamentos, mas ainda é um ponto negativo para esse tipo de carro.

Veja como algumas montadoras se posicionaram em relação ao tema:

Toyota

É a montadora mais à frente na popularização do novo combustível e já tem um veículo em produção: o sedã Mirai.

A empresa desenvolveu recentemente um novo equipamento que produz hidrogênio a partir de eletrólise da água usando a bateria e outras tecnologias do Mirai. O equipamento tem previsão de entrar em operação neste mês em Fukushima, Japão.

No entanto, ainda não estão a venda no Brasil até o momento da publicação desta matéria, mas a Toyota já trouxe, no ano passado, o Mirai para testes. O veículo vem sendo abastecido em parceria com uma fornecedora.

Hyundai

Segundo informações do site oficial da empresa, a montadora sul-coreana também está empregando esforços para introduzir veículos de emissão zero equipados com a mais alta tecnologia em eletrificação, que funciona da seguinte forma: basta pisar no acelerador e um sistema, que combina as células de hidrogênio com o oxigênio, gera uma reação que envia eletricidade para o motor. A única emissão é a água, em um processo que ainda filtra o ar por onde o carro passa.

Entre as vantagens destacadas pela empresa estão a segurança, boa autonomia e o tempo mais curto para reabastecimento.

Stellantis

Em dezembro do último ano, a Stellantis anunciou que planeja adquirir participação na Symbio, uma empresa de hidrogênio da Faurecia Michelin, considerada líder em tecnologias de células de combustível para o setor de mobilidade.

A Stellantis é pioneira em mobilidade a hidrogênio a nível mundial e já lançou vans de médio porte no final de 2021. A dona de marcas como a Jeep, Fiat e Ram, afirma está em busca das metas que foram definidas no plano estratégico Dare Forward 2030, que prevê expandir a oferta de hidrogênio para grandes vans em 2024 na Europa e 2025 nos EUA, enquanto continua a explorar oportunidades para caminhões pesados.

O fechamento da transação está previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2023 e está sujeito às condições habituais de fechamento, incluindo aprovações regulatórias.

Honda

A empresa japonesa promete continuar eletrificando os produtos, contudo a hidrogenização ainda é uma promessa.

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