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A música de Karol G, Maluma e J Balvin que foi alterada após críticas de que sexualizava menores

A música de Karol G, Maluma e J Balvin que foi alterada após críticas de que sexualizava menores

Música pretendia ser uma homenagem à Colômbia. No entanto, após seu lançamento, recebeu uma onda de críticas por fazer alusão a uma menor de 14 anos.

Publicado em 15 de novembro de 2024 às 07:44

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Imagem BBC Brasil
A cantora colombiana Karol G reuniu vários artistas para criar uma música em homenagem ao seu país. (Getty Images)

A letra da música +57, colaboração entre importantes cantores colombianos do reggaeton, causou polêmica e rejeição na Colômbia a ponto de até o presidente do país, Gustavo Petro, se manifestar.

Karol G, J Balvin, Maluma, Feid, Ryan Castro, Blessd, Ovy On The Drums e DFZM lançaram em parceria nesta semana a música com o verso: "mamacita desde los fourteen" (que, em tradução livre, seria “um mulherão desde os 14 anos”).

A alusão a uma adolescente menor de idade fez com que diversas organizações e figuras políticas classificassem o conteúdo como uma apologia à sexualização de menores.

Na quarta-feira (13/11), a canção foi publicada com uma modificação em plataformas como Spotify e YouTube, substituindo esse verso por "los eighteen" (18, em inglês).

A polêmica

A música foi concebida como uma homenagem à cultura colombiana. O título, por exemplo, faz referência ao código telefônico internacional do país. No entanto, o presidente comentou o tema, sem criticar diretamente os autores da música.

"Em cada gênero artístico há arte, mas também ignorância. A arte perdura, a ignorância dura um segundo", disse Petro. Antes, ele já havia dito: "O debate cultural é válido. Há uma confrontação cultural entre a superfície e o fundo das coisas que a juventude está enfrentando em seus bairros".

Entre o público e organizações da sociedade civil, por outro lado, houve um apelo para os artistas assumirem responsabilidade ao divulgar mensagens que possam incentivar condutas como a pedofilia e a sexualização de menores.

O Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, por exemplo, afirmou que a música não contribui com a luta da instituição para erradicar a exploração sexual de menores.

A diretora da entidade, Astrid Cáceres, convidou os autores da obra "a conhecer as terríveis histórias de exploração sexual, estupro e assassinato de meninas de 14 anos ou menos em Medellín".

"Não há mercado que justifique essa letra", acrescentou.

Imagem BBC Brasil
Maluma e J Balvin também participaram da colaboração musical no centro da controvérsia. (Getty Images)

O debate também chegou ao Congresso da República, onde a deputada Alexandra Vásquez leu uma carta solicitando que a música fosse retirada das plataformas de streaming.

"Este produto musical, como foi apontado por várias vozes da mídia, organizações da sociedade civil, entidades do Estado e especialistas em análise cultural, entre eles o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, perpetua estereótipos da narcocultura e faz uma preocupante apologia à sexualização de menores", dizia o texto.

Além disso, os congressistas pediram aos autores da música "uma capacitação sobre direitos de crianças e adolescentes e sobre a prevenção de violências contra essa população".

Uma das primeiras críticas, no entanto, veio de uma resenha da Rolling Stone em espanhol.

"Independentemente do gênero musical, cantar sobre meninas que 'estão boas' não é correto e, em vez de romper com a normalização, este single perpetua práticas prejudiciais", destaca a crítica.

A revista especializada em música também apontou que a canção reforça outros estereótipos e preconceitos sobre a Colômbia, como a cultura do narcotráfico.

"Os maiores talentos do reggaeton colombiano se unem em uma música que decepciona (...). É gravíssimo que, em um momento avançado da discussão sobre narcocultura e cultura do estupro, temas como a sexualização de menores ainda sejam abordados livremente nas canções", acrescenta.

A música também foi criticada por ser insensível a um problema que, em Medellín, capital de Antioquia, atinge as ruas: o turismo sexual e a exploração de crianças e adolescentes.

Karol G pediu desculpas

Imagem BBC Brasil
Karol G está no centro das críticas, apesar de a colaboração incluir outros artistas. (Getty Images)

Poucos dias após o lançamento da música, Karol G publicou um comunicado afirmando que "a letra havia sido tirada de contexto" e que os versos da canção não tinham o sentido "que lhes foi atribuído".

Ainda assim, a artista nascida em Medellín acolheu as críticas.

"Me sinto muito afetada e peço desculpas de coração. Nenhuma das coisas ditas na música tem a intenção que atribuíram, nem foi dito a partir dessa perspectiva, mas escuto, assumo a responsabilidade e percebo que ainda tenho muito a aprender."

As desculpas de Karol G, no entanto, não foram seguidas pelo restante dos colaboradores da música, que minimizaram as críticas.

"Se não gostaram do tema, deixem pra lá. Não escutem", declarou Blessd.

Por sua vez, Ryan Castro disse: "Critiquem o que quiserem, isso pra mim não importa."

J Balvin, que vinha apenas agradecendo o sucesso do single, compartilhou o comunicado de Karol G em suas redes sociais e deixou palavras de apoio.

"Você já nos deu tantas alegrias que isso não diminui sua grandeza, além disso, a música é nossa, então estamos aqui incondicionalmente", escreveu.

Maluma, por sua vez, publicou nas redes sociais que +57 alcançou o primeiro lugar no top mundial de estreias semanais do Spotify.

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