O presidente dos EUA, Joe Biden, destacou a urgência de alcançar um cessar-fogo em Gaza e de firmar um acordo para a libertação de reféns em conversa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, segundo a Casa Branca.
Na ligação, realizada na quarta-feira (21/8), com a participação da vice-presidente Kamala Harris, Biden enfatizou a importância de eliminar todos os obstáculos que impedem um acordo com o Hamas.
Biden também reafirmou o compromisso dos EUA em ajudar a defender Israel contra ameaças vindas do Irã, incluindo grupos extremistas apoiados por Teerã, como o Hamas, o Hezbollah e os houthis.
A ligação ocorreu após uma visita diplomática do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ao Oriente Médio, onde buscou um acordo que pudesse pôr fim ao conflito.
Na quarta-feira, o gabinete de Netanyahu reiterou que Israel planeja manter tropas em uma faixa de terra ao longo da fronteira entre Gaza e o Egito, conhecida como o "Corredor Filadélfia", caso seja firmado um acordo.
"Israel insistirá no cumprimento de todos os seus objetivos de guerra, conforme definidos pelo gabinete de segurança, incluindo garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça à segurança de Israel. Isso requer a segurança da fronteira sul", afirmou um comunicado.
A questão tornou-se um ponto crítico nas negociações, com o Hamas insistindo até agora na retirada completa das tropas israelenses de Gaza.
O Egito também se opõe à presença de forças israelenses em sua fronteira com Gaza.
Na segunda-feira (19/8), Blinken declarou que Israel aceitou uma "proposta intermediária dos EUA", após uma reunião de três horas com Netanyahu em Jerusalém.
Ele não confirmou à BBC se essa proposta incluía a retirada das tropas israelenses do Corredor Filadélfia, mas a insistência pública de Netanyahu nesse plano parece ter gerado desconforto em Washington.
Um funcionário do governo americano acusou Netanyahu de fazer "declarações maximalistas" que não ajudavam a avançar nas negociações para o cessar-fogo.
Uma nova rodada de negociações sobre o cessar-fogo está programada para ocorrer no Cairo neste fim de semana, com a participação de representantes dos EUA, Israel, Egito e Catar.
Embora o Hamas ainda não tenha confirmado presença, acredita-se que continue recebendo atualizações sobre as negociações por mediadores egípcios e cataris.
Na segunda-feira, um membro do escritório político do Hamas disse à BBC que o grupo já havia concordado com um acordo em 2 de julho por meio de mediadores e, por isso, não precisava de uma nova rodada de negociações ou discutir as novas exigências de Netanyahu.
"Mostramos máxima flexibilidade e positividade", afirmou Basem Naim, membro do Hamas.
Ele acusou Netanyahu de não estar interessado em um cessar-fogo, mas sim em inflamar a região para servir a seus próprios interesses políticos.
Na quarta-feira, em Gaza, pelo menos 50 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses, de acordo com autoridades de saúde ligadas ao Hamas.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram ter atingido cerca de 30 alvos em todo o território, incluindo túneis, locais de lançamento de foguetes e um posto de observação.
Entre os alvos estava a escola Salah al-Din, administrada pela ONU na Cidade de Gaza, que as FDI disseram ser usada por operativos do Hamas como esconderijo.
O ataque matou pelo menos quatro pessoas e feriu outras 15, segundo o serviço de Defesa Civil administrado pelo Hamas.
Philippe Lazzarini, chefe da agência de refugiados palestinos da ONU, afirmou que crianças morreram no ataque, algumas delas "queimadas até a morte".
"Gaza já não é mais um lugar seguro para crianças. Elas são as principais vítimas dessa guerra impiedosa", disse Lazzarini, acrescentando que "um cessar-fogo já deveria ter sido alcançado há muito tempo".
Israel lançou sua campanha militar em Gaza após um ataque sem precedentes de militantes armados do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns.
Desde então, mais de 40.223 pessoas foram mortas em Gaza, segundo o ministério da Saúde controlado pelo Hamas, que não especifica quantos desses mortos são civis ou combatentes. A ONU informa que a maioria das vítimas eram mulheres e crianças.
Na quarta-feira, Israel e o Hezbollah, grupo militante baseado no sul do Líbano, também trocaram disparos.
Israel relatou ter atingido um depósito de armas do Hezbollah no Vale do Bekaa, no Líbano, durante a noite. O ministério da Saúde do Líbano informou que uma pessoa foi morta e outras 30 ficaram feridas.
Em resposta, o Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, afirmou ter lançado foguetes contra posições militares israelenses nas Colinas de Golã.
As autoridades israelenses relataram que duas casas foram atingidas e uma pessoa ficou ferida.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta