Os detidos são suspeitos de "preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag [a Câmara Baixa do Parlamento] com um pequeno grupo armado"
A polícia da Alemanha prendeu 25 pessoas nesta quarta-feira (7), em uma megaoperação contra um grupo de extrema direita que planejava um ataque armado contra o Parlamento para nomear um descendente de uma família real como líder.
Os detidos são suspeitos de "preparativos concretos para entrar de maneira violenta no Bundestag [a Câmara Baixa do Parlamento] com um pequeno grupo armado", informa um comunicado divulgado pelo Ministério Público.
"Suspeitamos que um ataque armado estava previsto contra os órgãos constitucionais", afirmou o ministro da Justiça, Marco Buschmann, em mensagem no Twitter, na qual destaca uma "ampla operação antiterrorista".
O MP afirma que o grupo é simpatizante do Reichsbuerger (Cidadãos do Reich), movimento que não reconhece a Alemanha moderna como um Estado legítimo. Alguns deles querem a retomada de uma monarquia, enquanto outros são adeptos de ideias nazistas.
Segundo os promotores, a trama previa que um descendente de uma família real alemã, identificado como Heinrich 13º P. R., assumisse a liderança de um estado futuro, enquanto outro suspeito, Ruediger v. P., seria o chefe do braço militar.
Heinrich usa o título de príncipe e vem da Casa Real de Reuss, que governou partes do leste da Alemanha. Ele teria procurado representantes da Rússia, vistos pelo grupo como um contato central para estabelecer a nova ordem. Não há evidências, porém, de que representantes russos tenham reagido positivamente ao pedido.
A embaixada da Rússia na Alemanha disse que as instituições diplomáticas e consulares no país não mantêm contatos com representantes de grupos terroristas e outras organizações ilegais, de acordo com a agência de notícias RIA.
O porta-voz do Kremlin também disse a repórteres que não há envolvimento de seu país na suposta conspiração. "Isso parece ser um problema interno alemão", afirmou Dmitri Peskov.
Fundada "no máximo no final de 2021", a célula desmantelada nesta quarta tem como objetivo superar a ordem estatal existente na Alemanha e substituí-la por uma forma de Estado própria", um projeto que só pode ser concretizado "com o uso de meios militares e violência contra representantes do Estado", afirma o comunicado do MP de Karlruhe, responsável por casos que afetam a segurança do Estado.
Os membros estão "unidos por uma profunda rejeição das instituições do Estado e da ordem fundamental liberal e democrática da República Federal da Alemanha, o que aumentou entre eles, ao longo do tempo, a decisão de participar em sua eliminação pela violência e iniciar atos preparatórios concretos para este fim", afirmam os procuradores federais.
Alta traição Para efetuar as prisões, quase 3.000 agentes das forças de segurança foram mobilizados em toda a Alemanha, com mais de 130 operações de busca e apreensão.
Além dos 25 detidos, outras 27 pessoas estão sendo investigadas por suspeitas de integrar a célula criminosa, informou o MP.
"O prosseguimento da investigação permitirá determinar se existem elementos que constituem o crime de preparação de um ato de alta traição contra o Estado", acrescentou o Ministério Público.
Também nesta quarta, outro suspeito de integrar a conspiração, um ex-oficial do Exército alemão de 64 anos, foi preso na Itália. A polícia italiana afirma que ele estava em um hotel na cidade de Perugia, onde foi encontrado "material relacionado à atividade subversiva" da organização. O comunicado disse que os procedimentos para extraditá-lo já começaram.
A Alemanha classificou nos últimos anos a violência de extrema direita como a principal ameaça à ordem pública, à frente do jihadismo.
Há alguns meses, as autoridades desmantelaram um pequeno grupo de extrema-direita suspeito de planejar atentados no país, assim como o sequestro do ministro da Saúde.
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