Diante da maior queda na economia dos países da América Latina e Caribe em um século - 9,1% -, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) destacaram a necessidade de os governos locais não caírem no "falso dilema" entre escolher pela economia ou pela saúde.
"Se a curva de contaminações não for controlada, não será possível reativar a economia dos países", afirmaram as instituições em um comunicado conjunto, lembrando que 231 milhões de pessoas na região terminarão o ano na pobreza. As entidades defenderam que os países devem combinar medidas de assistência emergencial, como auxílios de renda, com políticas fiscais, trabalhistas e o remanejo das dívidas para uma recuperação sustentável. O objetivo é melhorar o poder de compra da população e minimizar os efeitos da precarização do trabalho, principalmente dos informais.
"A atividade econômica completa não pode voltar a menos que tenhamos o vírus sob controle. Tentar fazê-lo de outro modo coloca em risco vidas e aumenta a incerteza provocada pela pandemia", disse Carissa Etienne, diretora da Opas. Também foi destacado que os governos precisam apoiar as empresas, principalmente as pequenas e médias.
"É muito importante apoiar no longo prazo e não apenas com um empréstimo de curto prazo. Precisamos manter a produtividade (e os empregos) por um longo período", afirmou Alicia Barcenas, diretora da CEPAL. O relatório indicou que cerca de 2,7 milhões de empresas devem fechar por conta da pandemia. "É a pior crise em um século". Um estudo recente da Federação de Comércio e Indústria de Buenos Aires (Fecoba) mostrou que pelo menos 19 mil estabelecimentos comerciais fecharam na capital por conta da pandemia.
O relatório indica ainda uma crise de oferta e também de demanda na região, que fará com que a renda per capita caia para os níveis de 2010. Carissa Etienne destacou que medidas como uma renda básica de emergência seriam um "investimento nas economias", ideia também defendida pela CEPAL. "Nossos governos precisam ter uma abordagem multissetorial para novos planos nacionais de desenvolvimento que sejam inclusivos, que acabem com a desigualdade e deem atenção específica para os mais pobres e os mais vulneráveis".
As autoridades afirmaram ainda que a pandemia agravou as diferenças sociais entre homens e mulheres e grupos étnicos na América Latina, a região mais desigual do planeta. E defenderam o acesso pleno aos sistemas de saúde de qualidade para o bem-estar e o desenvolvimento econômico inclusivo, citando que, para milhões de pessoas, adoecer significa empobrecer, já que os custos do sistema de saúde são muito elevados.
Na avaliação da Opas, os gastos dos governos com saúde na região sempre ficaram abaixo da recomendação de 6% do Produto Interno Bruto (PIB). "Recursos adicionais são necessários para controlar a pandemia e recuperar as baixas no sistema de saúde". As entidades lembraram que a região é mais vulnerável ao vírus por conta do alto número de trabalhadores informais, da pobreza, da desigualdade e dos sistemas de saúde frágeis.
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