Depois de um policial branco matar a tiros um homem negro na sexta (12), em Atlanta, a prefeita Keisha Lance Bottoms ordenou uma reforma da polícia local.
Bottoms disse que emitirá ordens exigindo que os policiais atenuem a maneira de lidar com as ocorrências e que oficiais intervenham no caso de presenciarem uso excessivo de força por um colega.
Ela afirmou esperar que o novo modelo seja um parâmetro para a cidade e "possivelmente" para o país.
Segundo falou em uma coletiva de imprensa nesta segunda (15), após a morte de Rayshard Brooks não se pode esperar que um conselho consultivo apresente recomendações para reformar a polícia. "Ficou claro que não temos mais um dia, um minuto, uma hora a perder."
Brooks foi morto com um tiro no estacionamento de uma filial do restaurante Wendy's. O confronto com a polícia ocorreu depois que os oficiais foram chamados ao local devido a um relato de que ele havia adormecido na fila do drive-thru.
Os policiais tentaram prendê-lo após submetê-lo a um teste de embriaguez, no qual foi reprovado, mas Brooks resistiu.
Um vídeo gravado por uma testemunha mostra Brooks lutando com dois policiais no chão antes de se libertar e atravessar o estacionamento, segurando o que parece ser um "taser" -arma de choque- de um dos policiais.
Um segundo vídeo, com imagens das câmeras do restaurante, exibe a vítima se virando enquanto corre, e possivelmente apontando o "taser" para os policiais que o perseguiam. Um dos policiais dispara a arma e, em seguida, Brooks cai no chão. Médicos legistas determinaram que a causa da morte foi homicídio.
"Estamos cansados e frustrados. Mas o mais importante é que estamos com o coração partido, por isso precisamos de justiça para Rayshard Brooks", disse sua prima, Tiara Brooks.
Mais de mil pessoas marcharam em Atlanta nesta segunda, pedindo justiça por Brooks e por outros afro-americanos mortos pela polícia.
A 1.400 km de Atlanta, o Departamento de Polícia de Nova York determinou a transferência imediata de cerca de 600 policiais à paisana para novas funções, dentre as quais o policiamento de bairros e tarefas de detetive. O anúncio foi feito pelo comissário de polícia, Dermot Shea, também nesta segunda.
"Essa é uma mudança sísmica na cultura de como a polícia de Nova York policia essa grande cidade. Isso será sentido imediatamente entre os cinco escritórios do promotor público. Isso será sentido imediatamente nas comunidades que protegemos ", acrescentou.
A polícia de Nova York segue contando com o trabalho de policiais à paisana.
Os desdobramentos deste início de semana são reflexos das grandes manifestações que tomaram conta das ruas das principais cidades dos EUA desde o início de junho.
Elas foram uma resposta à morte, em Minneapolis, de George Floyd, um homem negro asfixiado em 25 de maio após um oficial branco se ajoelhar no seu pescoço por quase nove minutos enquanto o detinha.
A principal pauta dos manifestantes é o fim do uso excessivo de violência policial em relação a negros.
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