SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Estudantes e professores foram alvos de um novo ataque a tiros, nesta quarta-feira (4), em uma escola em Winder, no estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Pelo menos quatro pessoas foram mortas e outras nove ficaram feridas, algumas em estado grave. O suspeito de efetuar os disparos foi detido.
Autoridades investigam o caso, e não está clara a motivação do crime. O suspeito tem 14 anos e estava matriculado na instituição. Ele será acusado de assassinato e julgado como um adulto, segundo Chris Hosey, diretor do Departamento de Investigação da Geórgia.
Entre os mortos, dois eram alunos e os outros dois, professores. Eles não tiveram a identidade divulgada.
A Casa Branca informou em nota que o presidente Joe Biden acompanha o caso com preocupação. O governo, continuou o comunicado, trabalha em conjunto com as autoridades federais, estaduais e locais para fornecer apoio às vítimas.
"[A primeira-dama] Jill e eu estamos de luto pelas mortes daqueles cujas vidas foram interrompidas devido a mais violência armada sem sentido", escreveu Biden. "Os estudantes de todo o país estão aprendendo a se agachar e se esconder em vez de ler e escrever. Não podemos continuar aceitando isso."
Kamala Harris, a candidata do Partido Democrata à Casa Branca na eleição de novembro, também se manifestou. Durante comício em New Hampshire, a atual vice-presidente descreveu o ataque como uma tragédia sem sentido. "É simplesmente ultrajante que todos os dias, nos EUA, os pais tenham que mandar seus filhos para a escola preocupados se eles voltarão vivos ou não para casa."
Adversário de Kamala, o republicano Donald Trump chamou o atirador de "monstro doente e perturbado". Ele costuma defender o direito dos americanos de terem armas e não mencionou políticas para restringi-las. "Nossos corações estão com as vítimas e entes queridos daqueles afetados pelo trágico evento em Winder", escreveu na plataforma Truth Social.
O ataque ocorreu por volta das 9h30 no horário local (10h30 em Brasília). Dezenas de policiais e socorristas foram mobilizados, e várias ruas próximas da escola ficaram bloqueadas. O escritório do FBI em Atlanta, a capital do estado, também enviou agentes para apoiar os funcionários de segurança locais.
Foi o primeiro ataque em escola com múltiplas vítimas no atual ano letivo nos EUA as aulas na Apalachee High School, onde os crimes ocorreram, começaram em 1º de agosto. O caso reforça as preocupações de alunos, pais e professores relacionadas à ameaça da violência armada em instituições de ensino em todo o país.
"O que vocês veem atrás de nós é uma coisa maligna", afirmou o xerife Jud Smith em entrevista coletiva na frente da escola. Imagens da TV local mostraram várias ambulâncias do lado de fora da instituição.
Houve pânico no momento do ataque, relatou à emissora ABC News o estudante Sergio Caldera, 17. Segundo o aluno, logo após os primeiros tiros, um professor correu e gritou para que os docentes fechassem as portas das salas de aula porque havia um atirador no local.
Enquanto vários alunos e professores se amontoavam na sala, Caldera afirmou que alguém bateu na porta e gritou várias vezes para que fosse aberta. Depois que as batidas pararam, o estudante disse ter ouvido mais tiros e gritos. Quando os barulhos enfim cessaram, os alunos foram levados para o campo de futebol, onde ficaram concentrados e receberam os primeiros atendimentos.
Ataques a tiros são frequentes nos EUA, onde existem cerca de 400 milhões de armas de fogo em circulação número maior do que o de pessoas. Um a cada três adultos possui ao menos uma arma e quase um a cada dois adultos vive em uma casa onde há uma arma.
Trata-se do 385º ataque com quatro ou mais vítimas nos EUA somente em 2024, de acordo com a ONG Gun Violence Archive, que monitora os indícios de violência armada no país. No ano passado foram 656, o que representa uma média de 1,8 por dia.
Sempre que ocorrem episódios do tipo, volta ao debate público a discussão sobre a facilidade de acesso a armas de fogo na nação. O tema divide a sociedade americana, tanto eleitores como políticos: republicanos defendem restrições mínimas à compra e à posse de armas, enquanto democratas apoiam aumentar o controle sobre esses artefatos.
"Após décadas de inação, os republicanos no Congresso devem finalmente dizer basta e trabalhar com os democratas para aprovar uma legislação de bom senso sobre segurança das armas", escreveu Biden no comunicado.
Em julho, após o atentado a tiros contra Trump em um comício, Biden pediu a proibição do fuzil semiautomático AR-15, usado com frequência em massacres nos EUA. O tema, porém, não avançou no Congresso.
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