A Alta Autoridade de Saúde da França (HAS) recomendou neste sábado (23) que a segunda dose da vacina contra Covd-19 seja adiada no país, para aumentar mais rapidamente o número de pessoas imunizadas.
Embora seja a terceira maior economia da Europa, atrás da Alemanha e do Reino Unido, a França não tem conseguido imprimir rapidez ao ritmo de vacinação. Até este sábado, o país havia injetado doses correspondentes a 1,4% de sua população, contra 8,6% no Reino Unido e 1,8% na Alemanha.
Estender o intervalo entre as duas doses permitiria imunizar mais 700 mil pessoas por mês, segundo estimativa feita pela HAS e pelo Instituto Pasteur. Na média, os franceses seriam vacinados dez dias antes com essa nova estratégia.
O atraso da segunda dose para acelerar a vacinação foi adotado primeiro pelo Reino Unido, segundo pela Dinamarca e avalizado depois pelo grupo consultivo da OMS. No Brasil a ideia também passou a ser discutida. Alguns especialistas contudo advertem para o risco de estimular mutações resistentes.
O HAS porém citou as mutações já conhecidas para justificar sua decisão. O comunicado afirma que a situação da epidemia é preocupante e a circulação do vírus "continua em nível elevado", agravado pela deteção no país de variantes mais contagiosas identificadas pela primeira vez no Reino Unido e na África do Sul no ano passado.
Nesta sexta (22), o governo britânico avertiu para o risco de que a versão encontrada em seu país seja mais letal, além de mais contagiosa.
A França está aplicando duas vacinas, a da Pfizer/BioNTech e a da Moderna, normalmente administradas com intervalo entre as doses de 21 e 28 dias, respectivamente. Quando começou, em 27 de dezembro, tinha como alvo residentes de asilos e outras instituições e seus cuidadores que fossem idosos ou doentes.
Posteriormente, foi autorizada a todos os profissionais de saúde com mais de 50 anos e mais risco de ter Covid-19 grave, e, nesta semana, a fila foi aberta para maiores de 75 anos.
"Essa expansão das populações-alvo, aliada à preocupante chegada de novas variantes e à limitação do número de doses disponíveis, pleiteia uma aceleração da vacinação, em particular dos de mais risco", afirma o comunicado.
No começo do ano, a agência regulatória francesa (ANSM) já havia avalizado que a segunda dose da vacina da Pfizer fosse adiada para até 42 dias, "face às circunstâncias específicas do momento, de forma a alargar a cobertura vacinal das pessoas prioritárias".
De acordo com a HAS, os dados clínicos de testes de vacinas que usam a tecnologia de mRNA, como as da Pfizer e da Moderna, "mostram uma resposta imunológica satisfatória" a partir do 12º dia após a primeira dose, para a Pfizer, e do 14º dia após a primeira dose para a Moderna.
"A experiência adquirida em vacinologia mostra que o espaçamento das doses dentro de um esquema de vacinação pode retardar a obtenção de proteção duradoura, mas também permite obter um nível mais elevado de resposta imune após a próxima dose", o que traria mais resultados a longo prazo, argumenta o órgão.
O prazo máximo de 42 dias foi determinado porque essa foi a janela máxima entre as duas doses no protocolo do estudo da vacina da Pfizer.
"As doses de vacinas de mRNA disponíveis devem ser reservadas como prioridade para a vacinação de pessoas com 75 anos ou mais e, a seguir, de pessoas com 65 a 74 anos, começando com aquelas com comorbidades (nas quais o risco de morte relacionado ao COVID 19 é maior)", ressalta o órgão.
Os franceses são a população menos propensa a se vacinar entre 9 grandes países europeus, de acordo com pesquisa recente do instituto YouGov, embora a porcentagem dos que pretendem se vacinar tenha crescido no último mês.
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