O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, começou a trabalhar na transição de governo e atualizou neste domingo (8), os planos de ação em um site que deve informar a população sobre o trabalho feito até a posse. Já o presidente Donald Trump voltou a questionar a lisura do processo eleitoral americano e não reconheceu a vitória do opositor, enquanto parte dos republicanos o pressiona para admitir a derrota.
A campanha de Joe Biden informou através do novo site as quatro prioridades imediatas de seu governo: o combate à pandemia de coronavírus, a recuperação econômica, igualdade racial e mudanças climáticas.
Entre as medidas já informadas do projeto de controle do vírus estão: dobrar o número de locais de teste de covid em sistema drive-thru e "imediatamente restabelecer" a relação dos EUA com a Organização Mundial da Saúde, "que - embora não seja perfeita - é essencial para coordenar uma resposta global durante uma pandemia", diz o plano.
Sobre mudanças climáticas, o time de transição informa que "Biden sabe como se posicionar ao lado dos aliados dos EUA, enfrentar adversários e se nivelar com qualquer líder mundial sobre o que deve ser feito. Ele não apenas voltará a comprometer os EUA com o Acordo de Paris - ele irá muito além disso".
Durante a campanha, Biden afirmou que vai recolocar os EUA no Acordo climático de Paris no primeiro dia de seu governo. "Ele está trabalhando para liderar um esforço para fazer com que todos os principais países aumentem a ambição de suas metas climáticas domésticas", diz o site. Em debate com o presidente Donald Trump, Biden falou que pretende reunir países para oferecer um fundo ao Brasil para comprometimento com a preservação da Floresta Amazônica.
O presidente eleito não teve compromissos públicos ontem. Ele foi à igreja católica que frequenta em Wilmington, cidade onde vive. De lá, atravessou a rua para uma visita ao cemitério onde estão enterrados seu filho Beau, sua primeira mulher, Neilia, e a terceira filha, Naomi.
Já Trump passou 4 horas e meia no seu clube de golfe, enquanto publicava mensagens no Twitter. Ele voltou à Casa Branca no meio da tarde. As únicas manifestações do republicano nos últimos três dias foram pelas redes sociais.
Em uma postagem no Twitter, Trump publicou na manhã deste domingo, 8, uma fala do criminalista Jonathan Turley sobre a suposta "história de problemas eleitorais" no país. O presidente argumenta que houve fraude na eleição, mas segue sem apresentar provas. "Devemos olhar para os votos. Estamos apenas começando o estágio de tabulação. Devemos examinar essas alegações. Estamos vendo uma série de declarações de que houve fraude eleitoral", teria dito Turley, segundo a publicação de Trump.
Também na rede social, Trump questionou o fato de a imprensa ter informado o resultado da eleição. Sem um órgão eleitoral centralizado como o Tribunal Superior Eleitoral brasileiro, o anúncio de vitória do presidente dos EUA é tradicionalmente feita pela mídia a partir dos dados de votos contabilizados fornecidos por cada Estado.
A agência de notícias Associated Press é reconhecida por projetar o presidente vencedor desde 1848 nos EUA. Em 2016, a agência declarou Donald Trump como vitorioso às 2h29 da madrugada posterior ao dia da eleição. Trump não questionou o fato de a imprensa anunciar o resultado na ocasião.
Cresce a pressão nos bastidores do Partido Republicano para que Trump reconheça a vitória de Joe Biden, embora publicamente o partido permaneça dividido. A principal manifestação do domingo partiu do ex-presidente George W. Bush. Ele é o único ex-presidente republicano vivo e, ao felicitar Biden e Kamala pela vitória, disse que "o povo americano pode confiar que essas eleições foram fundamentalmente justas, sua integridade será mantida e seu resultado é claro".
O republicano e ex-governador de New Jersey Chris Christie disse em uma entrevista ao canal ABC que a resistência em parte do partido em reconhecer a vitória de Biden se deve ao fato de Trump insistir na ideia de contestar a eleição. "Se sua base para não admitir (a derrota) é que houve fraude eleitoral, mostre-nos. Porque se você não pode nos mostrar, nós não podemos fazer isso. Não podemos apoiá-lo cegamente sem evidências", afirmou Christie, um aliado do presidente.
O senador pelo Estado de Utah e candidato à presidência em 2012 pelo Partido Republicano, Mitt Romney, disse que Biden é um "homem de caráter" e que pretende estabelecer um bom relacionamento com ele. Mas disse esperar que Trump "aceitasse o inevitável". "Ele é quem ele é e tem uma relação relativamente relaxada com a verdade, então vai lutar até o fim", disse.
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