O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, escolheu nesta quinta-feira (17) a deputada Deb Haaland para ser secretária do Interior do novo governo. Ela vai chefiar terras públicas e reservas naturais, além de desempenhar um papel central na implementação da agenda ambiental e climática defendida na campanha pelo democrata.
Haaland tem olhos atentos para o Brasil: é uma congressista ativa em propostas legislativas contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e, por diversas vezes, foi contra acordos entre Brasil e Estados Unidos.
Se confirmada, ela será a primeira indígena a liderar a pasta na história do país -o departamento também cuida de questões relacionadas aos povos nativos americanos que somam cerca de 1,9 milhão de pessoas. Haaland já fez história antes ao se tornar a primeira indígena americana a se eleger para a Câmara de Deputados.
Em outubro deste ano, Haaland e outros três deputados democratas -entre eles, Bernie Sanders- divulgaram uma carta contra um Acordo de Proteção de Tecnologia, assinado por Bolsonaro e Trump em 2019, que prevê o uso da base de Alcântara, no Maranhão, pelos Estados Unidos.
O texto pedia que o governo americano não participasse de projetos que colocassem comunidades quilombolas brasileiras sob risco de "ataques racistas e desapropriações".
O pano de fundo era a discussão do orçamento anual destinado pelos EUA à Defesa e os planos de Trump para investir parte desse dinheiro em pesquisas e lançamentos de satélites do Centro de Lançamento de Alcântara.
Haaland também tentou buscar apoio na Câmara para esvaziar a designação dada pelo governo Trump ao Brasil de aliado preferencial fora da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A congressista conseguiu aprovar uma emenda ao orçamento de defesa americano para obrigar o governo Trump a fazer um relatório sobre os direitos humanos no Brasil - a medida foi sancionada pelo republicano.
Deputados americanos democratas já vinham criticando diversos aspectos do governo Bolsonaro, principalmente relacionados a questões de direitos humanos e política ambiental. "Queremos que os EUA aumentem o escrutínio em relação ao desrespeito aos direitos humanos no Brasil, especialmente nas violações contra indígenas e afro-brasileiros", disse a deputada ao jornal Folha de S.Paulo em maio do ano passado.
Naquele momento, Haaland e outros congressistas haviam enviado uma carta para o secretário de Estado, Mike Pompeo, alertando para "violações dos direitos humanos de comunidades indígenas e quilombolas no Brasil".
Segundo ela, há muitos paralelos sobre as violações contra territórios indígenas nos governos Bolsonaro e Trump. "O secretário de Estado precisa fazer alguma coisa, a população indígena brasileira está sob ataque neste momento crucial, em que o aquecimento global representa um enorme desafio, e há uma grande destruição da floresta amazônica. A população indígena brasileira precisa saber que estamos aqui para apoiá-la."
No começo deste mês, um grupo de 22 deputados do Partido Democrata divulgaram outra carta, mas desta vez de solidariedade a Talíria Petrone, deputada federal (PSOL-RJ), com críticas às políticas "antidemocráticas e xenófobas" de Bolsonaro. Haaland era uma das signatárias.
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