Horas após a posse de Joe Biden, o Salão Oval já estava bem diferente. O novo presidente dos EUA determinou mudanças no escritório na Casa Branca, para sinalizar questões que defende, como o respeito à ciência e a luta pela igualdade racial -e para remover símbolos da gestão de Donald Trump.
A mudança mais visível, no entanto, é cosmética: o tapete. Trump usava um de cor creme, e Biden optou por outro em tom azul escuro, que não era usado desde o governo de Bill Clinton (1993-2001).
Ainda na seara estética, o jornal The Washington Post havia dito inicialmente que a cortina havia sido trocada por outra de tom mais escuro, mas depois afirmou que a usada por Trump foi mantida.
Os itens de decoração podem ser escolhidos no acervo da Casa Branca ou emprestados de museus. É comum que presidentes solicitem mudanças ao assumir o cargo.
Biden trocou diversos quadros e bustos. Tirou o retrato de Andrew Jackson (1767-1845), um presidente populista que estimulou o massacre de índios, e colocou no lugar um de Benjamin Franklin (1706-1790), um dos pais fundadores dos EUA e autor de várias experiências com a eletricidade.
A homenagem a Franklin foi apontada como um sinal de respeito à ciência. Perto do quadro, segundo o Washington Post, há um conjunto de pedras lunares, outra referência a conquistas científicas.
O novo presidente também terá no escritório bustos de César Chávez (1927-1993), sindicalista de origem latina, e de Robert Kennedy (1925-1968), ex-procurador-geral que defendeu o avanço dos direitos civis e combateu a máfia. Um busto de Martin Luther King (1929-1968), líder na luta dos negros por direitos civis, segue no salão desde a gestão de Barack Obama (2009-16).
Chávez teve destaque nos anos 1960 e 1970, ao lutar por melhores condições aos trabalhadores agrícolas na região da Calífórnia. Ele organizou greves e ações que ajudaram a aumentar os salários e a garantir acesso dos empregados a água e a banheiros durante o expediente. Seu lema na época era "sí, se puede".
Na campanha eleitoral de 2008, Obama usou uma versão parecida, com "yes, we can" (sim, nós podemos).
Donald Trump recebeu o premiê Binyamin Netanyahu no Salão Oval, em fevereiro de 2017 - Saul Loeb/AFP
No lado oposto à sua mesa, foram colocados cinco quadros. O maior deles é o do ex-presidente Franklin Roosevelt (1882-1945), que liderou o país na Segunda Guerra e que herdou o país, em 1933, devastado pela Grande Recessão. O democrata também implementou o New Deal, uma série de programas sociais, de infraestrutura, reformas financeiras e regulações que mais impacto tiveram no século 20.
Ao lado dele, ficam imagens de George Washington (1732-1799) e de Abraham Lincoln (1809-1865).
Biden também mandou fixar, lado a lado, retratos de Alexander Hamilton (1755-1804) e Thomas Jefferson (1743-1826), dois fundadores do país que tinham visões políticas opostas. A escolha sugere uma recordação de que oponentes podem conviver pacificamente e ecoa o discurso por união.
O democrata retirou, ainda, várias bandeiras militares que o antecessor havia disposto, deixando apenas duas, a dos EUA e a que traz o selo presidencial. E trouxe de volta o quadro impressionista "Avenue in the Rain", pintado por Childe Hassam, em 1917, que retrata uma série de bandeiras americanas.
Já a mesa de trabalho será a mesma de antes. Batizada de Resolute Desk, ela ficou famosa devido às fotos que mostram o ex-presidente John F. Kennedy (1917-1963) trabalhando enquanto seu filho John Jr. brincava embaixo dela. Após o assassinato do democrata, a mesa foi trocada por outra até ser trazida de volta ao Salão Oval em 1977, pelo presidente Jimmy Carter.
Feita da madeira de um navio britânico do século 19, o HMS Resolute, e dada pela rainha Vitória ao ex-presidente Rutherford B. Hayes em 1880, a Resolute Desk é usada por todos os presidentes desde então.
O Salão Oval atual foi construído em 1934, após um incêndio na Casa Branca, e fica em um dos cantos da Ala Oeste da sede presidencial, no primeiro andar. Suas janelas dão para um enorme jardim, o Rose Garden. De um lado do salão, há a mesa de trabalho. Do outro, uma lareira, com duas cadeiras próximas, onde o presidente costuma posar para fotos com visitantes. O ambiente tem cerca de 75 m².
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