O presidente Joe Biden decidiu restabelecer as restrições de viagem a passageiros não americanos que chegam aos EUA vindos do Brasil e da Europa. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25), a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, confirmou que o democrata vai reimpor a medida que havia sido derrubada por Donald Trump na semana passada, e adicionou a África do Sul à lista de limitações.
A Casa Branca, porém, ainda não divulgou a ordem executiva, que será assinada por Biden nesta segunda, com as datas de início e detalhes sobre os procedimentos.
Dessa forma, a maioria dos cidadãos não americanos que estiveram nos últimos 14 dias no Brasil, na África do Sul, no Reino Unido, na Irlanda, e em 26 países europeus não poderá entrar nos EUA -há exceções para vistos diplomáticos ou para quem viaja por razões humanitárias, de saúde pública e de segurança nacional, por exemplo.
A decisão de Biden já era esperada em meio ao surgimento de novas variantes do coronavírus, mas frustrou o governo brasileiro, que tinha esperanças de que o democrata não voltasse a proibir a entrada de viajantes do Brasil nos EUA.
Desde a campanha eleitoral, Biden tem dito que sua prioridade é o combate à pandemia que já matou mais de 410 mil americanos, e assinou diversas ordens executivas sobre o tema em seus primeiros dias de governo -os decretos não precisam do aval do Congresso para entrarem em vigor.
Na semana passada, o novo presidente americano assinou uma medida exigindo teste com resultado negativo para Covid-19 e quarentena de sete dias aos estrangeiros que chegam aos EUA, e muitos diplomatas brasileiros acreditaram que esse já era um endurecimento da política do novo governo contra a pandemia -o democrata, porém, afunilou ainda mais o caminho para os países onde a situação está longe de se normalizar.
"Estamos adicionando a África do Sul à lista de restrições por causa da preocupante variante [do coronavírus] que já se espalhou para além da África do Sul", disse Anne Schuchat, vice-diretora do CDC (Centro de Controle e Proteção de Doenças dos EUA).
Segundo a agência de notícias Reuters, a especialista acrescentou em entrevista no domingo (24) que o conjunto de medidas está sendo tomado para "proteger os americanos e também reduzir o risco de essas variantes se espalharem e agravarem a pandemia atual."
Algumas autoridades de saúde estão preocupadas com o fato de que as vacinas atuais podem não ser eficazes contra novas variantes do coronavírus, e têm orientado redobrar a cautela.
Os EUA lideram o número de casos e mortes por Covid-19 no mundo e a expectativa é que o país chegue à marca sombria de meio milhão de mortos no mês que vem.
Em 18 de janeiro, às vésperas de deixar o cargo, Trump suspendeu as restrições de viagem a não americanos que chegam aos EUA do Brasil e da Europa.
De acordo com a decisão do republicano, os passageiros poderiam entrar nos EUA a partir de 26 de janeiro, contanto que apresentassem um teste com resultado negativo para Covid-19 feito com até 72 horas de antecedência à viagem.
Minutos depois do anúncio de Trump, a porta-voz de Biden afirmou que o novo governo não pretendia suspender as restrições -o democrata tomaria posse em menos de 48 horas. "Seguindo o conselho de nossa equipe médica, o governo não pretende suspender essas restrições em 26/1. Na verdade, planejamos fortalecer as medidas de saúde pública em torno das viagens internacionais, a fim de mitigar ainda mais a disseminação da Covid-19", escreveu a assessora de Biden no Twitter.
Para isso, o novo governo precisaria impor novamente um bloqueio na entrada dos viajantes -como aconteceu nesta segunda.
Assim como os EUA, Europa e Brasil têm assistido a novos picos no número de casos por Covid-19 nas últimas semanas, e diversos países europeus, estados americanos e brasileiros, como São Paulo, voltaram a adotar restrições para tentar conter uma nova onda da doença.
Trump determinou a proibição de entrada de estrangeiros vindos da China em 31 de janeiro de 2020, ainda no início da pandemia, quando o país asiático era o epicentro da crise. No mês seguinte, adicionou à lista o Irã e, em março, estendeu as restrições a pessoas vindas da zona Schengen, Reino Unido e Irlanda.
A restrição à entrada de viajantes do Brasil foi imposta no final de maio. Enquanto o bloco europeu ainda restringe a entrada de americanos, o Reino Unido e a Irlanda solicitam duas semanas de isolamento. O Brasil não tem restrições para quem chega dos EUA.
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