O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (4) que nem o presidente francês, Emmanuel Macron, nem a chanceler alemã, Angela Merkel, têm autoridade para discutir políticas de meio ambiente para o Brasil.
Em café da manhã com a bancada ruralista, disse que os presidentes brasileiros anteriores a ele criaram uma imagem negativa do país no exterior e que tem tentado alterar a maneira como o Brasil se posiciona diante do mundo.
"Eles não têm autoridade para vir discutir essa questão conosco. Mudou a maneira do Brasil se portar perante o mundo", disse. "Com a conivência de chefes de Estado, foi feito com que o Brasil tivesse um péssimo conceito de meio ambiente lá fora."
O desmatamento na Amazônia no mês de junho foi cerca de 57% maior do que no mesmo mês do ano passado, segundo dados do Deter, sistema de alertas de desmatamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os dados do mês passado, por enquanto, só vão até o dia 28 -o que ainda pode causar alterações no crescimento da taxa de desmate. No mês de junho, foram desmatados cerca de 769 km², segundo o Deter. Em 2018, o valor era de aproximadamente 488 km².
Bolsonaro disse ainda que, ao procurá-lo durante o encontro do G20, Macron e Merkel acreditavam estar tratando com governos anteriores e que políticas de demarcação de terras indígenas e ampliação de áreas ambientais dificultavam o progresso da economia brasileira.
"Esses dois em especial [Macron e Merkel] achavam que estavam tratando com governos anteriores, que, após reuniões como essa, vinham para cá, demarcavam dezenas de áreas indígenas e quilombolas, ampliavam área de proteção. Ou seja, dificultavam cada vez mais nosso progresso aqui no Brasil", disse.
O presidente também afirmou que deu um "rotundo não" ao presidente francês, que o teria procurado, junto ao líder indígena brasileiro Raoni Metuktire, para que o Brasil anunciasse medidas ambientais durante a reunião no Japão.
"Não reconheço o Raoni como autoridade, uma autoridade aqui no Brasil. Ele é um cidadão, como outro qualquer que nós devemos respeito e consideração. Mas ele não é autoridade", disse.
Antes do início da cúpula do G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, Bolsonaro foi criticado por Macron e Merkel, que expressaram preocupação sobre o desmatamento na Amazônia e o risco de o Brasil deixar o Acordo de Paris.
O presidente francês chegou a dizer que não assinaria nenhum pacto com o Brasil caso o país deixasse o acordo que trata do combate a mudanças climáticas.
Depois de vaivéns na agenda dos mandatários, Bolsonaro se encontrou tanto com o líder francês quanto com a chanceler alemã, a quem o presidente brasileiro teria falado sobre a existência de uma "psicose ambientalista" contra o país.
O presidente se queixou de que os europeus sempre trataram o Brasil de "forma colonialista" em gestões anteriores, querendo ditar regras.
No encontro no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou ainda que o governo brasileiro é da bancada ruralista. Ele ressaltou que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi escolhida pela frente parlamentar e que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é "casado" com ela.
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