No dia das eleições dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o pleito americano desperta "interesses globais" que geram suspeitas de "ingerência de outras potências" no resultado das urnas e alegou que o Brasil também pode ser alvo de uma "interferência externa" com objetivos eleitorais.
"É inegável que as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial, por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais. Até por isso, no campo das informações, há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas", escreveu Bolsonaro em uma rede social.
"No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022. Não se trata apenas do Brasil. Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda. Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia", concluiu.
Após índices recordes de votação antecipada, milhões de americanos vão às urnas nesta terça-feira (3) para concluir seu processo eleitoral e determinar se o republicano Donald Trump permanece por mais quatro anos na Casa Branca. Seu adversário é o democrata Joe Biden, ex-vice-presidente do país.
Bolsonaro não especificou a quem se referia na mensagem sobre "ingerência de outras potências" no pleito dos EUA, mas as eleições de 2016 foram marcadas por acusações de que o governo da Rússia atuou para interferir no resultado. Os russos teriam agido para beneficiar Trump.
O receio com as atuais eleições se mantém e os americanos vêm manifestaram preocupação com possíveis ciberataques realizados por agentes da Rússia, China e Irã.
O presidente brasileiro é admirador declarado de Trump e disse em diversas ocasiões torcer pelo republicano. A proximidade dele com o atual mandatário americano -que está atrás nas pesquisas de opinião-- gera preocupação entre aliados, que temem que uma eventual vitória de Biden coloque o Brasil em situação difícil com o novo líder da principal potência mundial.
No texto veiculado em suas redes, Bolsonaro disse que o Brasil também pode ser alvo de intromissão de países estrangeiros com fins eleitorais.
No entanto, ele não apresentou mais detalhes para essa alegação.
Disse apenas que a ingerência teria a ver com a busca de "uma política interna simpática a essas potências" e sugeriu que existe cobiça internacional pela Amazônia por conta da "segurança alimentar".
Setores do governo brasileiro advogam por uma política externa menos ideologizada e mais pragmática, que evite, por exemplo, os recentes choques protagonizados por Bolsonaro com a China.
O governo Trump tem pressionado o Brasil a depender menos de seu maior parceiro comercial e a bloquear a participação da empresa chinesa Huawei no futuro mercado de 5G.
Embora ainda não tenha tomado uma decisão, Bolsonaro já deu sinais de simpatia pelo pleito americano.
A referência à Amazônia, por sua vez, é um tema constante da retórica de Bolsonaro.
Ele já sugeriu que países estrangeiros teriam interesses não declarados na região. Também argumentou no passado que críticas disparadas do exterior contra o aumento do desmatamento no Brasil teriam como verdadeira motivação minar a capacidade agrícola do país, por conta de seu potencial de ser o garantidor da segurança alimentar de diversos países do mundo no futuro.
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