O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda (30) que o presidente dos EUA, Joe Biden, tem "quase uma obsessão pela questão ambiental" e que isso "atrapalha um pouquinho" o governo brasileiro.
As declarações fora dadas durante entrevista a uma rádio de Goiás.
"Da minha parte, o Brasil está de portas abertas e pronto para continuar a conversa com o governo americano. Obviamente, o governo Biden é um governo mais de esquerda. Um governo que tem quase uma obsessão pela questão ambiental, então isso atrapalha um pouquinho a gente", disse o presidente.
"O Brasil é o país que mais preserva o seu meio ambiente. A gente sofre ataques o tempo todo de países europeus. Lá eles não sabem o que é mata ciliar porque não têm. Aqui tem. Nós temos das mais rígidas legislações que tratam dessa questão".
Bolsonaro sofre forte pressão internacional devido à sua retórica por uma política de desregulamentação de normas de preservação e, principalmente, pelo avanço do desmatamento na Amazônia.
Depois de dois anos em que as críticas vinham basicamente da Europa, a situação mudou com a chegada de Biden à Casa Branca. Assim, os EUA se juntaram aos países europeus e também passaram a exigir compromissos e resultados do Brasil nessa área.
O governo Bolsonaro chegou a fazer um gesto em abril, durante a cúpula do clima liderada pelo presidente americano. Na ocasião, o presidente brasileiro se comprometeu com o fim do desmatamento ilegal até 2030 e a atingir a neutralidade climática até 2050.
Mas as dificuldades em apresentar resultados no combate a crimes ambientais permanecem como o principal obstáculo no relacionamento entre os dois países em temas de ambiente.
Na entrevista desta segunda, Bolsonaro se declarou um "admirador do povo americano".
Sem citar o ex-presidente Donald Trump nominalmente, disse ter torcido pela reeleição do republicano.
"Sou admirador do povo americano. Torci por um presidente [Trump] como cidadão, logicamente não posso me intrometer em eleições de outro país. Temos recebido autoridades do governo americano no Brasil, eles têm demonstrado preocupação com o crescimento da esquerda no Brasil e no mundo", disse.
"O Brasil está sempre pronto a conversar com outros países. Os EUA são um país importantíssimo. Antes de eu assumir aqui, governos anteriores, tirando o [do ex-presidente Michel Temer], não tinham qualquer simpatia com o governo americano. Então esse diálogo não era bom. Comigo está bom. Sabemos e mantemos contato com o governo americano dos problemas que existem na América Latina; que há interesse, por parte dos EUA, em buscar cada vez mais preservar ou manter a democracia nesses países."
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